Intervenção de Paula Sobral, Conselho Nacional da CGTP-IN e da Comissão Sindical da Visteon, Seminário «Direitos dos trabalhadores e contratação colectiva»

A situação laboral na Visteon

Em nome da comissão sindical da Visteon, o nosso agradecimento para estarmos presentes

Na Visteon o ataque à contratação colectiva tem vindo a aumentar de ano para ano, mas os trabalhadores não baixam os braços, sabem que é a mais valia de serem sindicalizados que lhes dá mais força a quem os protege e quem os defende é a sua comissão sindical, o seu sindicato. A comissão faz questão de informar, esclarecer, quando há alterações nas leis como aconteceu o ano passado. A empresa tentou assustar os trabalhadores afirmando que ia implementar um novo contrato na Visteon mas mais uma vez os trabalhadores deram a cara e mostraram que estavam lá com a sua comissão sindical. Quiseram saber o que se passava. Posso dizer-vos que no 1º trimestre tivemos mais 150 sindicalizações.

Posso informar que mais de 50% dos trabalhadores da produção estão sindicalizados, tem sido com a luta dos trabalhadores que conseguimos passar cerca de 100 trabalhadores temporários para os quadros da empresa. Foi com a luta dos trabalhadores que mantivemos dois dias de férias que nos tentaram retirar é com a luta dos trabalhadores que o feriado de Carnaval não foi retirado na empresa, porque há 3 anos a esta parte a empresa tenta tirar o Carnaval. Este ano só para dar o exemplo disseram que iríamos trabalhar 4 horas e a seguir faríamos uma festa de máscaras. Os trabalhadores responderam: palhaços há muitos mas nós trabalhadores não somos.

Dizer também que este ano, mais uma vez, para aumento do salário a empresa começou a andar de lado e a não querer negociar connosco. Fizemos uma moção que foi a plenário e foi votada a favor e em pleno plenário decidimos que a comissão sindical iria sair naquele momento e iria entregar à direcção o abaixo assinado e a moção de censura de o facto da empresa não querer negociar connosco. Para nosso espanto alguns trabalhadores levantaram-se e perguntaram: e nós não podemos ir convosco entregar? Respondemos: sim podem! levantaram-se em massa perto de 400 trabalhadores entraram de rompante pela direcção a dentro. A directora dos recursos humanos não sabia onde se havia de meter, os telefones tocavam e ela nem sequer conseguia atender se pudesse tinha-se escondido. O que é certo é que passado uma semana tínhamos um aumento de 2%.

Por isso mais uma vez digo, é com a luta dos trabalhadores, e quando são bem informados, que vale a pena lutar por esta contratação colectiva e não pela contratação dos patrões. Para nós é inaceitável que uma entidade que se diz defensora dos trabalhadores que não tem qualquer tipo de peso em número de associados dos trabalhadores, vir assinar por nós só para nos tirar direitos . Mas mais uma vez os trabalhadores da Visteon ontem, tendo o seu contrato colectivo, mais uma vez deram cartão vermelho a este governo e a esta politica e aderiram em massa à greve promovida pela CGTP.