Intervenção de Pedro Fonseca, Membro da Direcção da Organização Regional de Bragança do PCP, XIX Congresso do PCP

Organização Regional de Bragança

Organização Regional de Bragança

Camaradas,

As consequências da política de direita levada a cabo pela Troika nacional durante mais de 36 anos, agravada agora com o Pacto de Agressão imposto pela Troika estrangeira, são dramáticas para a vida dos trabalhadores e do povo e comprometem o futuro do país. Tais consequências são ainda mais devastadoras para o interior e particularmente para o distrito de Bragança.

O resultado destas políticas, consertadas pelo PS, PSD e CDS, altera profundamente se não forem derrotadas, a “paisagem social” do distrito. Esta imagem real traduz-se, entre outros, no encerramento de mais de 400 escolas no distrito de Bragança; no encerramento parcial dos centros de saúde dos 12 concelhos do distrito; no esvaziamento de valências e diminuição de competências do centro hospitalar do Nordeste obrigando os doentes a deslocarem-se para Vila Real ou para o Porto impondo elevados custos de transporte ao mesmo tempo que, com dinheiros públicos, floresce a iniciativa privada neste sector.

O mapa judiciário prevê o encerramento de 5 dos 11 tribunais do distrito limitando assim o direito de acesso à justiça e eliminando mais de 50 postos de trabalho, estando já na calha o encerramento de várias repartições de finanças.

Entre muitos outros serviços públicos que foram desvalorizados ou encerrados importa referir: os CTT, a EDP, PT, a RTP, a Inspecção-Geral das Actividades Económicas, a Administração Regional de Saúde. Esta semana confirmou-se o fim da ligação aérea Bragança-Lisboa.

O distrito de Bragança tem 136 252 residentes, repartidos por 12 concelhos, 720 aldeias e 279 freguesias das quais muitas pretendem extinguir, sendo o 5º distrito em área geográfica e um dos de mais baixa densidade populacional, situação, esta, agravada pelo presente surto de migração.

Apesar dos elevados níveis de desemprego, Bragança é uma região com enormes potencialidades agrícolas, recursos e riquezas minerais, florestais, turísticas e ambientais que não se coaduna com a falta de investimento público bem patente no OE para 2013; com o contínuo e acentuado aumento das assimetrias regionais; com as consequências desastrosas da PAC ilustradas tragicamente na transformação do Complexo Agro-Industrial do Cachão em armazém de lixo acarretando graves consequências para as populações e o ambiente; mas sim com uma política patriótica e de esquerda ao serviço do povo e do desenvolvimento regional.

Camaradas,

No quadro do movimento sindical registamos avanços positivos no reforço da participação militante dos nossos camaradas, embora estejamos longe da necessária dinâmica dos diversos sindicatos no distrito para a luta reivindicativa que se impõe.

É no sector camponês que encontramos maiores dificuldades de intervenção que resultam da falta de quadros organizados na região e da pouca influência que temos no movimento camponês e respectivas associações. Tal situação merece redobrada atenção procurando potenciar o trabalho unitário em torno de problemas concretos que atingem a agricultura e os agricultores.

As políticas seguidas anos a fio de destruição de serviços públicos e do tecido produtivo, não permitindo nomeadamente a fixação de jovens trabalhadores, provocam grandes dificuldades de recrutamento e de influência do Partido na Região. Porém a discussão no seio da Organização Regional, tendo também em consideração a insuficiência de quadros funcionários no distrito. Não basta aprofundar e desenvolver o trabalho colectivo envolvendo a participação de cada militante. Os funcionários em número suficiente são fundamentais! O recrutamento para o partido na região é neste momento não só uma necessidade como uma prioridade inserida numa perspectiva mais alargada de intensificação da luta de massas e da batalha eleitoral do próximo ano.

Reconhecemos e identificamos as dificuldades mas registamos também que a luta se desenvolve à medida que a ofensiva avança. Saudamos a luta dos trabalhadores e particularmente a coragem dos jovens da Faurécia que aderiram à Greve Geral e participaram nos piquetes de Greve. Saudamos a luta dos Moncorvenses que lutam contra o encerramento do centro de saúde assim como a luta das populações contra o encerramento de serviços públicos, tribunais e extinção de freguesias.

Sempre que há uma luta, há camaradas envolvidos nela!

Viva o XIX Congresso
Viva o PCP

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