Intervenção de Mafalda Guerreiro, Membro do Executivo e do Secretariado da Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP, XIX Congresso do PCP

Organização Regional de Aveiro

Organização Regional de Aveiro

Em nome da Organização Regional de Aveiro, saúdo todos os delegados, convidados, camaradas e amigos aqui presentes e que tornam possível a realização deste grande Congresso. Permitam-me uma saudação em especial para os camaradas da OR Aveiro que, de uma forma ou outra, participaram e deram o seu contributo na discussão e preparação deste Congresso.

Estes três dias são, de facto, o culminar de um longo processo de debate e trabalho colectivo, o que diferencia este Partido de todos os outros. Um processo que, no distrito de Aveiro, envolveu mais de 500 camaradas que, apesar todas as dificuldades e constrangimentos, apesar da intensa actividade partidária e unitária, na intervenção e luta de massas – porque o Partido não “fecha para Congresso” – fizeram questão de dar o seu contributo e reafirmar o seu empenho na defesa e reforço do PCP.

O distrito de Aveiro não tem ficado imune às políticas de desastre nacional conduzidas pelos sucessivos governos. Sendo um dos distritos mais importantes do país, em termos económicos e sociais, a natureza dos problemas que enfrenta, está também na razão directa desse facto.

Só entre os nossos XVIII e XIX Congresso, para não ir mais longe, há, no distrito, mais 10 mil desempregados registados! Mas os números reais são bem mais assustadores: partindo dos dados do INE, estimamos que o número de desempregados efectivos no distrito já ultrapasse os 89 mil trabalhadores! “Desapareceram do mapa”, como se costuma dizer, algumas das empresas mais emblemáticas do distrito, como a Oliva, a Rhode, a Califa, a Aerosoles… Só no ano passado encerraram cerca de 2500 empresas.

Mas não ficamos por aqui. A precariedade e a exploração aumentam.

- O ganho médio mensal dos trabalhadores do Distrito, na sua maioria, não chega aos 70% da média nacional.

- A discriminação salarial em função do género continua! Os salários das mulheres estão abaixo das médias salariais dos homens. E em alguns sectores, como na cortiça, para o mesmo trabalho, as mulheres continuam a receber menos que os homens.

- Milhares de trabalhadores recebem salários líquidos abaixo do valor considerado como limiar de pobreza.

- Menos de metade dos desempregados registados recebe algum tipo de apoio.

- Mais de 100.000 trabalhadores, em especial os jovens, têm vínculo precário. Significa isto que cerca de metade da população activa do distrito está desempregada e/ou com trabalho precário.

- Cerca de 200.000 reformados têm pensões médias que não chegam aos 400€ (homens) e apenas 300€ (mulheres).

Ou seja, são centenas de milhares de pessoas que o PS, PSD, CDS lançam na pobreza, sendo que a tendência não é para melhorar, se esta política não for invertida.

É também por isso que têm lutado os trabalhadores e a população do distrito: na defesa dos postos de trabalho, das funções sociais do Estado – do SNS e da Escola pública –, em defesa do tecido produtivo, da agricultura familiar, em defesa das freguesias e em defesa dos seus direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa.

Destacamos a participação nas grandes lutas de massas, nomeadamente na manifestação de 29 de Setembro e na greve geral de 14 de Novembro, mas igualmente as lutas nas empresas e locais de trabalho.

A política de desastre, de generalização da pobreza, de tentativa de destruição dos valores mais progressistas e das conquistas de Abril tem que acabar! Cabe aos trabalhadores e ao povo essa tarefa, mas também nos cabe, enquanto comunistas, a de ajudar a criar e a desenvolver as condições para que tal aconteça. Uma condição essencial para esses avanços é o reforço e afirmação do Partido.

No distrito, desde o início deste ano, temos 55 novos militantes e o objectivo que nos propomos atingir em 2013 é manter o mesmo nível de recrutamentos. O vasto e intensivo trabalho realizado com 10 Assembleias de Organização Concelhia – a par da preparação do Congresso e de toda a actividade – comprovam que podemos fazer muito mais. Uma das áreas de trabalho a desenvolver é, sem dúvida, a organização nas Empresas e Locais de Trabalho, que se mantém aquém das necessidades.

Os efeitos da precariedade e a facilitação dos despedimentos fazem-se sentir na organização, mas também potenciam novas formas de intervenção. É fundamental intensificar a discussão dos problemas, envolver e responsabilizar mais camaradas nestas tarefas e na luta de massas.

Vamos continuar a reforçar o Partido!

Viva o PCP!

  • XIX Congresso do PCP