Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Nova administração da CGD insere-se na privatização e desmantelamento do banco público

Nova administração da CGD insere-se na privatização e desmantelamento do banco público

Face à designação pelo Governo PSD/CDS de uma nova administração do Grupo Caixa Geral de Depósitos, decidida nesta semana, o PCP considera o seguinte:

1. A nomeação de uma nova administração do Grupo Caixa Geral de Depósitos, quer pela sua composição, quer pela estrutura agora definida, corresponde aos objectivos impostos pela troika e assumidos por PSD, CDS e PS: de privatização das empresas seguradoras do Grupo – Fidelidade, Bonança e outras –, responsáveis por 44% da actividade seguradora em Portugal; de redução da actividade da CGD no plano internacional; de venda de importantes participações da Caixa num conjunto de empresas estratégicas nacionais – PT, EDP, REN, Cimpor, Águas de Portugal, GALP, Taguspark, BCP e BPN, entre outras - que colocam em risco a existência e o papel do banco público e põem em causa instrumentos de intervenção do Estado na economia nacional.

2. Ao contrário do que a demagógica propaganda do Governo tem vindo a afirmar quanto à redução de cargos nas empresas públicas, esta nomeação, para lá de aumentar significativamente o número de administradores - correspondendo à distribuição de alguns cargos por «boys» do PSD e do CDS/PP – visa, pelos nomes que foram indicados, colocar à frente do banco público representantes directos dos interesses de alguns dos principais grupos económicos e financeiros do país. Vindos directamente de grupos financeiros, de influentes escritórios de advogados, de consórcios privados no sector da saúde, os nomes escolhidos confirmam um percurso que une PS, PSD e CDS na crescente promiscuidade e subordinação do poder político ao poder económico.

3. Com esta nomeação está escolhida a equipa que na administração da CGD dará continuidade e aprofundará uma gestão do banco público que em vez da promoção e do apoio à actividade económica, da garantia do acesso ao crédito por parte da população, de apoio ao investimento público e à actividade produtiva, se fixará como pedra angular do criminoso processo de privatizações e saque dos recursos públicos e dos escandalosos apoios à banca privada que têm vindo a ser concretizados.

4. Num momento em que o Governo exige e impõe inaceitáveis sacrifícios à população para satisfazer os interesses do capital, designadamente do sector financeiro, o PCP reafirma a necessidade de um outro rumo, de uma política patriótica e de esquerda que, no plano imediato, garanta: o reforço do sector público financeiro – banca e seguros – designadamente da CGD; o apuramento da acção fraudulenta levada a cabo no BPN, das suas consequências para o erário público e a sua não privatização; a imposição de uma taxa efectiva de IRC de 25% sobre a banca; uma política de acesso ao crédito, designadamente por parte das PME's, que estimule a actividade económica e apoie milhões de portugueses perante o sufoco a que estão sujeitos pelos juros dos empréstimos à habitação.

5. Uma política que considere o acesso ao crédito como um serviço público, para além de defender o papel e o carácter público de todo o grupo CGD cuja única forma de estar ao serviço do país é por via da recuperação para as mãos do Estado do sector financeiro em Portugal.

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