Intervenção de Carlos Carvalhas, Secretário-Geral, Acto Público de apresentação da lista da CDU ao Parlamento Europeu

Apresentação da lista da CDU ao Parlamento Europeu (2004)

Permitam-me que vos saúde, que saúde os membros da lista, o nosso mandatário, os apoiantes e, fraternalmente, todas as componentes da CDU.

Sobre a lista que acaba de ser apresentada, queremos, em primeiro lugar, agradecer a disponibilidade manifestada por todos os que a integram, certos de que a CDU poderá contar com o seu empenho, dedicação e esforço numa batalha eleitoral, em que contarão com o apoio activo de milhares de membros do PCP, dos Verdes, da ID e de democratas independentes.

Importa também destacar que, tal como no essencial aconteceu há cinco anos, metade da lista da CDU é integrada por mulheres, facto que comprova que na CDU continuamos sincera e fortemente empenhados em estimular e garantir uma mais ampla participação das mulheres na vida política, não por qualquer concessão conjuntural, mas com base no justo e elementar reconhecimento dos seus méritos e iguais capacidades, da sua dignidade e dos seus direitos.

Destacamos ainda que a lista da CDU integra candidatos ligados a múltiplos sectores da vida nacional, com uma importante actividade em organizações e movimentos sociais, cidadãos prestigiados e respeitados em numerosas regiões do país.

Temos plena confiança de que a lista da CDU tem todas as condições e características para favorecer a atracção para o voto na CDU de muitos mais portugueses, assegurando-lhe um êxito que terá um grande e positivo significado e importantes repercussões na evolução do processo político nacional.

Mas esta nossa apresentação dos candidatos decorre no dia em que o Governo comemora dois anos de política de direita e de retrocesso e que em anúncios pagos na imprensa com o dinheiro dos contribuintes se gaba dos seus contributos e magníficos feitos, quer no país, quer na União Europeia.

Perante tanto descaramento é caso para sugerir ao Primeiro-Ministro que ouça os trabalhadores da Bombardier, das empresas deslocalizadas, da administração pública, dos têxteis e do calçado e de tantos outros sectores, que ouça os reformados, que ouça os comerciantes e os pequenos e médios empresários, que ouça os quinhentos mil desempregados e as dezenas de milhar de licenciados sem ocupação, que ouça todos aqueles e aquelas que já viram os aumentos dos seus vencimentos absorvidos pelo aumento do pão, dos bens de primeira necessidade, dos transportes, das creches, das propinas, das taxas moderadoras, dos combustíveis e que depois publique nos jornais o que estes dizem dos dois anos do seu Governo.

Mas com o dinheiro do PSD e do PP, nunca com o dinheiro dos contribuintes!

Com a desgraçada política deste Governo, o país continua atolado na recessão, no desemprego e na precariedade.

A confiança dos consumidores voltou a cair em Março tal como o indicador que junta as informações da indústria, comércio e construção.

O fim dos contratos a prazo levou só no mês de Fevereiro a mais de 32% das inscrições registadas nos centros de emprego. Num relatório de avaliação da política de emprego dos Estados membros a publicar amanhã, a Comissão Europeia sublinha a excessiva precariedade do emprego em Portugal e a necessidade do estímulo à criação de contratos laborais com vínculo permanente.

Na oposição, Durão Barroso perguntava ao Governo o que é que este fazia com os dois milhões de contos que Portugal recebia por dia da União Europeia.

Hoje a pergunta pode-lhe ser devolvida.

É que esses dois milhões de contos são em boa parte consumidos pela crescente substituição da produção nacional pela estrangeira, pela crescente dependência e subcontratação do nosso aparelho produtivo em resultado também da entrega de empresas básicas e estratégicas ao estrangeiro e das políticas de subserviência em relação à União Europeia. E isto tanto na indústria, como nas pescas e na agricultura.

As pescas foram vendidas por um prato de lentilhas e a agricultura por alguns fundos que já se esvaíram.

É por isso da máxima importância eleger para o Parlamento Europeu representantes de Portugal que dêem efectivas garantias de defenderem o interesse nacional e uma Europa mais social, mais democrática, de efectiva coesão económica e social e de paz. E quanto a esta questão queremos sublinhar que é inaceitável a posição que o Governo teve na União Europeia em relação ao Iraque. Atrelou Portugal à ocupação do Iraque e até hoje ainda não pediu desculpas pelas “mentirolas” que com tom grave disse aos portugueses sobre as armas de destruição maciça. Ao contrário de outros, nós consideramos um imperativo de justiça e de paz a retirada das Forças da GNR do Iraque.

Portugal precisa de deputados que trabalhem e intervenham com empenho e firmeza e que não se acomodem às alcatifas e mordomias nem se deslumbrem com as cabeças coroadas que se passeiam pelos corredores do Parlamento Europeu em Estrasburgo e Bruxelas.

Os dados divulgados recentemente pelo Parlamento Europeu mostra, com clareza, o intenso e qualificado trabalho realizado pelos deputados da CDU e do PCP no Parlamento Europeu, muito acima dos outros representantes, dando voz a justas reivindicações dos mais diversos sectores nacionais, na defesa e aprofundamento dos direitos das mulheres, lutando pela dimensão social e ecológica das políticas aí debatidas, pelo aprofundamento da democracia e o respeito e a igualdade de todos os Estados membros, na defesa da paz e da cooperação mutuamente vantajosa com os mais diversos povos e Estados do mundo.

É por tudo isto que afirmamos que os portugueses têm no dia 13 de Junho uma oportunidade soberana de com o seu voto atingirem dois grandes objectivos: elegerem deputados que dêem garantias de trabalho, honestidade e empenho na defesa do interesse nacional e das causas mais generosas para a Europa e simultaneamente com o seu voto sancionarem a política deste Governo dizendo-lhes claramente que está a mais no Portugal de Abril. O cartão vermelho da expulsão o mais depressa possível e não o cartão amarelo de uma remodelação como se a substituição de dois ou três ministros levasse à alteração de uma política que exige alterações radicais. E desde logo o combate ao desemprego, o aumento do investimento público e privado e o fim das privatizações.

Por isso vamos procurar nesta campanha chamar a atenção da opinião pública para a importância destas eleições e dos seus resultados, reafirmando a nossa firme oposição a uma Europa do federalismo comandada por um directório de grandes potências submetendo a Constituição Portuguesa a uma dita Constituição Europeia.

E reafirmamos que estamos inabalavelmente empenhados em sacudir generalizações abusivas sobre “os partidos” que, sob aparência radical, são hoje uma das mais perversas contribuições para que nada mude e para que tanto os que mais culpas têm como quem mais méritos merecia ver reconhecidos acabem por ser condenados por igual. Sim, sem jactância ou prosápias de perfeição ou de santidade, continuamos inabalavelmente empenhados em apelar aos cidadãos, não apenas para que exprimam a sua indignação e protesto mas para que sobretudo o façam da forma que mais os dignifica como sujeitos activos da nossa sociedade e dos necessários processos da sua transformação, isto é com recurso à informação, ao espírito crítico, à capacidade de ajuizar e comparar, ao gosto de reflectir sobre problemas e soluções, à decisão de rejeitar etiquetas, ideias feitas e caricaturas, à vontade firme e invencível de intervir e pesar sobre a vida nacional e sobre os rumos de Portugal.

Estamos inabalavelmente empenhados em mobilizar todos os portugueses e portuguesas que sofrem por demais as ofensas e agressões da política e do governo da direita e em mobilizá-los para um voto informado, responsável e consciente, para o voto na CDU, para o voto que, sendo na CDU, falará claríssimamente sobre o protesto que veicula e falará claríssimamente sobre o projecto de mudança que representa e que ajuda a fortalecer e aproximar.

Estamos inabalavelmente empenhados em que todos e cada um dos eleitores e eleitoras da CDU – os anteriores e os potenciais – sintam o generoso impulso de consciência democrática mas também de afectividade política que os leve a comparecer sem falta nas urnas no dia 13 de Junho para aí, com o voto na CDU, exprimirem a escolha clara e forte que está de acordo com a sua luta, com as suas aspirações, com os ideais e valores que iluminam e honram os seus compromissos de vida e de luta.

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