Intervenção de

Medidas a implementar para promover o sucesso na aprendizagem da matemática<br />Intervenção de Luísa Mesquita (sessão de perguntas ao Governo)

Sr. Presidente, Sr. as e Srs. Deputados, Sr. Secretário de Estado, Gostaria de começar por afirmar, discordando do que há pouco V. Ex.ª disse, que os níveis de abandono e de insucesso educativos resultam, em primeiro lugar, das erradas políticas educativas que o PS e o PSD, ao longo de vários anos, têm vindo a tomar. É, portanto, perfeitamente falso dizer que estes níveis resultam, em primeiro lugar, das práticas educativas e da falta de empenho e de trabalho dos alunos. Isto é perfeitamente falso! A leitura de que o insucesso se pauta, hoje, fundamentalmente em duas áreas disciplinares, a matemática e o português, é outra falsa e preocupante avaliação que vai ter implicações muito negativas, Sr. Secretário de Estado. Afirmo-o porque penso que isto vai implicar intervenções avulsas e casuísticas relativamente a estas duas disciplinas, quando, em primeiro lugar, não é esse o cerne da questão, e, em segundo, não se resolverá assim a questão do insucesso e do abandono escolares no nosso país. Hoje há já especialistas que consideram que esta afirmação de que a questão passa apenas pela matemática e pelo português é uma saída fácil para o problema. Porquê? Porque é muito mais fácil concluir — se o aluno não sabe que dois e dois são quatro e se não sabe falar — que o problema reside na matemática e no português. O insucesso é muito mais lato do que isto, Sr. Secretário de Estado, e isto é quase nada. As questões não são, portanto, as da matemática e do português mas, sim, outras, muito mais profundas. Como tal, o que lhe pergunto é se o seu Governo está disponível para alterar as medidas erradas que o Partido Socialista tem vindo a pôr em prática ao longo dos anos em termos de política educativa, alterando, por exemplo, a formação dos professores e adaptando-a às necessidades da sua prestação de serviço. Está ou não o seu Governo disponível para garantir que os alunos terão direito à estabilidade nas aprendizagens? Está ou não disponível para garantir que os alunos terão direito a dispor de um corpo docente estável, que permita, por seu turno, uma aprendizagem estável? Está ou não disponível para garantir que docentes e alunos não vão ser obrigados a servir de cobaias, como tem acontecido, de permanentes e mal feitas reformas e revisões curriculares, antes usufruindo de uma estável formação ao longo do ensino básico e secundário? Estas é que são as questões que importa resolver e nunca através de medidas avulsas sobre a matemática e o português.

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