Partido Comunista Portugu�s
  • Narrow screen resolution
  • Wide screen resolution
  • Auto width resolution
  • Increase font size
  • Decrease font size
  • Default font size
  • default color
  • red color
  • green color
�
�

"«Are you entertained?!»"
Ruben de Carvalho no "Diário de Notícias"
Domingo, 05 Dezembro 2004

Segundo parece, o filme de Oliver Stone sobre Alexandre o Grande promete transformar-se num fiasco. Possivelmente, assim se fecha um ciclo. Há escassos anos, a crítica dava conta do retorno da temática com O Gladiador. Recordaram-se então as glórias de Cecil B. De Mille, os argumentos bíblicos e da Roma imperial na década de 50, as grandes produções, as massas de figurantes. Coisas ultrapassadas: admita-se, o êxito de O Gladiador surpreendeu muita gente que considerara esgotadas as imagens de centuriões blindados e figuras femininas alternando entre a seda e o burel.

Mas a verdade é que um primitivo universo guerreiro (porque é em torno de guerras que todos estes argumentos gravitam) situado entre uma Antiguidade Clássica e uma Idade Média mais ou menos ficcionadas ocupou os ecrãs nos últimos cinco anos. De Tróia ao Senhor dos Anéis, dos vikings a Joana d'Arc, de William Wallace a Jesus Cristo, o cinema partiu à reconquista de imagens de aventura e violência francamente mais apresentáveis do que as quotidianamente trazidas pela televisão.

Alexandre da Macedónia parece não ter construído Abu Ghraib, e Menelau, contrariamente a Bush em Bagdad, parece não ter tido acesso a mísseis inteligentes em Tróia. Apetece perguntar, como, numa feroz e soberba sequência, Russel Crowe em O Gladiador: «Are you entertained?!»

Isto é: «Estão a divertir-se?!»