A Comissão Política do PCP, assinalando os 62 anos do Holocausto nuclear em Hiroshima e Nagasaki, alerta para os perigos que pendem sobre os trabalhadores e povos de todo o mundo e «saúda simultaneamente os processos de afirmação de soberania, as resistências várias às ingerências e agressões imperialistas que, desenvolvendo-se um pouco por todo o mundo, abrem portas de esperança para o futuro da Humanidade e sobretudo inspiram aqueles que, como os comunistas portugueses, prosseguem a luta pela paz, justa e duradoura, pelo desenvolvimento, a cooperação e o progresso social, pelo socialismo».
Não esquecer os crimes de Hiroshima e Nagasaki
Prosseguir a luta pela paz, a cooperação e o desenvolvimento
Nota da Comissão Política do PCP
Há 62 anos, a 6 de Agosto tudo mudou, para Hiroshima e para o mundo: Os
EUA lançavam pela primeira vez na História uma bomba atómica sobre uma
população civil. Uma centena de milhar de mortos, a destruição total de
uma cidade e três dias de horror e choque não foram contudo suficientes
para travar a decisão duplamente criminosa de reincidir, condenar à
morte e executar a população de Nagasaki a 9 de Agosto de 1945.
Nesses dias, os EUA, pela mão da administração Truman, tornaram-se
responsáveis por dois dos mais hediondos crimes jamais cometidos.
Levados a cabo numa situação em que o processo de rendição do Japão já
estava em curso, tiveram como objectivo afirmar a supremacia militar
dos EUA no pós-guerra. Crimes contra a Humanidade, inseridos na lógica
criminosa do militarismo imperialista, pelos quais os seus autores
nunca foram julgados.
Da forma mais dolorosa possível o povo japonês conheceu – e é ainda
hoje obrigado a conviver – com o terror nuclear e as suas
consequências. A somar às vítimas directas das duas explosões atómicas,
milhões de vidas foram exterminadas em resultado directo e indirecto
das radiações então libertadas. É à memória desses que o PCP presta
hoje homenagem.
Ao evocar e prestar tributo a esses homens, mulheres e crianças vítimas
do holocausto nuclear o PCP alerta simultaneamente para os perigos que
na actualidade continuam a ameaçar a Humanidade.
Passadas mais de seis décadas, o mundo permanece sobre a ameaça da
utilização da arma nuclear. Apenas nove países – entre os quais os EUA,
as principais potências da NATO e Israel – detêm hoje mais de vinte mil
ogivas nucleares com uma capacidade total centenas de milhar de vezes
superior à da bomba de Hiroshima. Armas nucleares que segundo várias
declarações de responsáveis políticos e revisões de conceitos
estratégicos, são passíveis de ser utilizadas, inclusive em ataque
militar.
Nos orçamentos militares das principais potências da NATO – com
destaque para a despesa militar dos EUA que atingirá no ano de 2008 um
recorde absoluto de 650 mil milhões de dólares – as rubricas para a
modernização e o desenvolvimento de novas armas ocupam lugar de
destaque e denunciam por si a opção deliberada de continuar a apostar
na arma nuclear e em outras armas de destruição massiva, no contexto de
uma nova corrida aos armamentos que alimenta ainda mais os já
incomensuráveis lucros das multinacionais ligadas aos complexos
industriais militares das principais potências imperialistas.
São números e políticas que por si só denunciam a hipócrita propaganda
imperialista que tenta vender o militarismo e a guerra como algo de
natural e benéfico para o mundo. Tal como o tentou fazer de modo
fraudulento com Hiroshima e Nagasaki.
Passadas mais de seis décadas é impossível esconder que o sistema que
decidiu friamente a exterminação das populações de Hiroshima e Nagasaki
é o mesmo que hoje empurra para a indigência, para a fome, para o
desemprego, para condições de vida indignas e para a morte centenas de
milhões de seres humanos. É o mesmo cujos principais executores
confrontados com o atoleiro militar e político no Iraque e Afeganistão
e a crescente instabilidade no Médio Oriente por si fomentada, decidem,
em nome do combate ao “perigo nuclear” proveniente do Irão, injectar
dezenas de milhares de milhões de dólares de armamento na região,
ocultando hipocritamente o facto de a única potência nuclear no Médio
Oriente ser Israel, que todos os dias continua espezinhar o direito
internacional negando ao povo palestiniano os seus mais elementares
direitos nacionais, levando a cabo autênticas acções de terrorismo de
Estado.
É ainda em nome do “perigo nuclear” que os EUA, contando com o apoio
das potências europeias, da NATO e da burocracia de Bruxelas, pretendem
avançar com o projecto de “escudo de defesa anti-míssil”. Relembrando
que os EUA têm estacionados na Europa centenas de mísseis com ogivas
nucleares, o PCP denuncia tal projecto e solidariza-se com todos
aqueles que na Polónia e na República Checa prosseguem a luta contra
esta reedição da “guerra das estrelas”.
Os EUA e aliados, dentro e fora da NATO, não escondem os seus
objectivos de domínio e recolonização do planeta, nem já ocultam os
meios que pretendem continuar a usar para o lograr. Assim o é no Médio
Oriente; em África, com a criação do comando militar norte-americano e
as novas intervenções militares em curso; na América Latina com a
escalada de ameaças e manobras destabilizadoras contra países e povos
soberanos que ousam definir com independência o seu caminho de
desenvolvimento; na Ásia com a intensificação da guerra no Afeganistão,
as ameaças à RPD da Coreia, a inquietante deriva militarista do governo
japonês ou as ingerências externas em Timor-Leste consumadas agora com
o golpe que afastou a FRETILIN do governo timorense. Assim o é na
Europa com a operação que visa impor a todo o custo um “tratado
reformador” que, entre outros objectivos, pretende avançar na
institucionalização do militarismo e no reforço da União Europeia como
um bloco político militar de carácter agressivo, o pilar europeu da
NATO.
Exigindo do governo português uma inversão da sua política externa de
clara submissão ao imperialismo – como o está a demonstrar o exercício
da presidência portuguesa do conselho da União Europeia – o PCP afirma
que Portugal pode e deve ter um papel autónomo positivo na defesa de
uma política de relações internacionais centrada na cooperação para o
desenvolvimento, no desarmamento, no respeito pela Carta da ONU e do
direito internacional.
O PCP apela simultaneamente aos trabalhadores e ao povo português que
prossiga e intensifique a sua luta contra o militarismo e a guerra,
afirmando a sua solidariedade para com os povos que resistem e lutam
pela soberania e o progresso social.
Assinalando os 62 anos do Holocausto nuclear e alertando para os
perigos que pendem sobre os trabalhadores e povos de todo o mundo, o
PCP saúda simultaneamente os processos de afirmação de soberania, as
resistências várias às ingerências e agressões imperialistas que,
desenvolvendo-se um pouco por todo o mundo, abrem portas de esperança
para o futuro da Humanidade e sobretudo inspiram aqueles que, como os
comunistas portugueses, prosseguem a luta pela paz, justa e duradoura,
pelo desenvolvimento, a cooperação e o progresso social, pelo
socialismo.
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