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Como foi anunciado, a reunião do Comité Central foi
fundamentalmente dedicada ao exame de importantes questões
relativas à fase final da preparação do XV Congresso do PCP
que se inicia no próximo dia 6 de Dezembro no Porto.
Neste sentido, o Comité Central, na sequência do amplo debate realizado em
todas as organizações do Partido e da consideração das opiniões e propostas
de alteração e emenda aos documentos apresentadas pelos militantes, aprovou
a Proposta de Alterações aos Estatutos e a Proposta de Resolução Política -
Teses - a submeter à apreciação e aprovação finais dos delegados ao Congresso.
Neste âmbito, cabe informar que a proposta de
Resolução Política incorpora muitas alterações resultado do
debate no colectivo partidário. De acordo com as orientações
definidas pelo Comité Central do passado dia 3 de Novembro, as
propostas de alteração aos Estatutos limitam-se no essencial
às adaptações decorrentes da proposta de extinção do
Conselho Nacional e em terminar com a distinção entre membros
efectivos e suplentes.
Exercendo a competência e a responsabilidade que lhe é atribuída pelos Estatutos,
e na sequência de um amplo processo de recolha de propostas e de auscultação
e consultas a organismos do Partido, o Comité Central apreciou e aprovou
a composição da lista doComité Central a propor para a eleição no XV Congresso.
Entre outros aspectos, a proposta de lista em
apreciação, que foi elaborada de acordo com critérios
definidos na última reunião do Comité Central, a ser aprovada,
corresponderá à renovação de 20 por cento dos membros do
Comité Central, e tem na sua composição um reforço de jovens
e de mulheres e uma maioria de operários e empregados, com uma
forte componente operária.
Ao concluir-se a fase preparatória do XV Congresso, o Comité Central saúda
as organizações do Partido pelo grande empenho político e intensos esforços
que têm dedicado à sua organização e dinamização, com o justo objectivo de,
superando ou atenuando dificuldades objectivas existentes, assegurar a maior
participação dos membros do Partido e o fortalecimento da sua vida democrática
interna, quer na realização, ao longo dos últimos meses das reuniões e Assembleias
para a discussão dos documentos (cujas orientações fundamentais mereceram um
apoio ou concordância generalizados), quer para a eleição dos delegados ao Congresso.
Das Assembleias programadas e das já realizadas calcula-se em 1700 o
número de delegados representando as organizações do Partido. Estão também,
até este momento, já confirmadas cinquenta e cinco delegações estrangeiras de
todos os Continentes.
O Comité Central saúda igualmente todos os
membros do Partido que com a sua participação, opinião e
reflexão enriquecerem o processo de debate, de intercâmbio de
pontos de vista, de esforço colectivo de aprofundamento de
análises e definição de orientações.
O Congresso que tem sido preparado a par de uma intensa intervenção do Partido
junto dos trabalhadores, das populações e das suas lutas e com uma significativa
e qualificada intervenção institucional decorre num quadro em que cresce
o desencanto, a frustração e o protestodos trabalhadores e de amplos sectores
da sociedade pelas consequências de uma política que nos seus principais eixos
não se afasta daqueles que constituíram a matriz da política que os portugueses
quiseram ver derrotada.
A política de contracção da economia e de
penalização dos trabalhadores na distribuição do Rendimento
Nacional, bem assim como de desresponsabilização em relação
às funções do Estado, tal como está expresso no Orçamento de
Estado para 1997, é uma política que vai aumentar o desemprego,
agravar as dificuldades do povo português, acentuar as
desigualdades e as injustiças sociais e debilitar o já frágil
tecido produtivo nacional.
Por outro lado, exige-se que o Governo dê
públicas e claras explicações sobre os anunciados escândalos
da venda da Siderurgia com a lesão do Estado em dezenas de
milhões de contos e dos financiamentos públicos à CAP e
igualmente quanto ao caso do acordo secreto do Estado com
Champalimaud e sobre a renovação da frota da TAP.
No que respeita à Revisão Constitucional, o
PCP pronuncia-se firmemente contra a perspectiva de negociação
entre o PS e o PSD à margem da respectiva Comissão Parlamentar,
e que só pode ter por objectivo o acordo sobre alterações
prejudiciais à democraticidade do sistema político, em
particular no que respeita ao sistema eleitoral da Assembleia da
República e das Câmaras Municipais e à confirmação de outras
alterações, bem como, a recusa do referendo sobre a moeda
única.
O PCP pronuncia-se contra mais esta operação
conducente a acordos entre o PS e PSD, que vem na esteira do que
aconteceu nas revisões constitucionais anteriores e de outros
entendimentos, designadamente no que respeita ao Orçamento de
Estado de 1997, às políticas de Maastricht e à moeda única.
As tomadas de posição e as movimentações
dos estudantes do ensino superior, críticas da falta de resposta
do Governo e do Ministério da Educação aos sérios problemas
que atingem este importante sector educativo, constituem um dos
aspectos marcantes da actualidade nacional. Salientando o sentido
de unidade e as provas de maturidade política que o movimento
estudantil vem evidenciando, o PCP saúda os estudantes do ensino
superior, e reafirma-lhes o seu apoio na luta por um ensino de
maior qualidade e para todos.
A Convenção do PS/Porto, ao recolocar na
ordem do dia a temática da Regionalização, bem como as
declarações do Presidente da República sobre este tema, tornam
obrigatório sublinhar que nada pode pôr em segundo plano as
responsabilidades do Partido Socialista na travagem do processo,
na criação de dificuldades por via do acordo com o PSD e PP
para a revisão constitucional e no facto de contrariar os seus
compromissos políticos e eleitorais. De resto, as declarações
do membro do Governo presente apontam claramente para outras
prioridades (como a moeda única) e para manter uma situação
que se caracteriza pela perspectiva de consumação do acordo
nesta matéria entre o PS, PSD e PP na revisão constitucional e
por não indicar um calendário concreto para a Regionalização.
Ao contrário do que afirmou o líder do PSD, a
regionalização não depende de um acordo do PS e PSD e da
revisão constitucional. Esse foi um quadro criado na sequência
do acordo do PS com os que combatem a regionalização e não a
querem efectivar.
O PCP desafia o PS a assumir o cumprimento dos
seus compromissos em matéria de regionalização, rompendo com
os acordos com a direita para a dificultar e propondo um
calendário concreto ao país, com vista à sua efectivação,
tal como aponta a Constituição e a consulta aos municípios que
está a decorrer.
A onze dias da abertura dos trabalhos do XV
Congresso, o Comité Central exprime a sua profunda convicção
de que o Congresso constituirá um importante impulso para o
reforço do PCP e uma forte afirmação do seu destacado papel na
vida nacional e na democracia portuguesa e dará renovado
testemunho da força e do valor da sua identidade, dos seus
ideais e do seu projecto político de partido comunista que se
orgulha de ser e de querer continuar a ser, da sua
insubstituível ligação aos interesses e aspirações dos
trabalhadores e do povo português, da serenidade e firmeza e da
confiança e audácia com que se dispõe a enfrentar os desafios
do presente e a avançar na luta para um novo rumo para Portugal
e para o seu futuro democrático e socialista.
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