Inicio
Intervenções e Artigos
Posições Políticas sobre IVG
PCP na AR sobre IVG
Tempos de Antena do PCP
Fotos da Campanha
Apelo do Comité Central do PCP
Questões Legais sobre Referendo
 Folheto IVG -2ª Fase
Folheto em PDF
Depoimentos em video



Início arrow PCP na AR sobre IVG
Debate do Programa do XV Governo Constitucional
Intervenção do Deputado Bernardino Soares
Quarta, 17 Abril 2002

Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro,

Este Programa do Governo tem entre as suas características a de ser um claro Programa de ataque aos direitos dos trabalhadores.

É um Programa que começa, desde logo, por indicar e indiciar a política de contracção dos salários e que faz até a crítica aos aumentos dados pelo Governo anterior, por excessivos, quando sabemos que nos últimos anos os trabalhadores têm perdido poder de compra e que esses aumentos não têm sequer sido ao nível da inflação.

É um Programa que prevê a redução de postos de trabalho. Veja-se o exemplo que é dado a nível da Administração Pública - e previno, desde já, que não estou a falar da extinção ou fusão de institutos ou serviços que são dispensáveis e que duplicam as funções do Estado. Não se trata disto; trata-se da redução de postos de trabalho na Administração Pública, das privatizações e de tudo o que isto implicará na redução de postos de trabalho dos trabalhadores portugueses.

É um Programa que assenta numa lógica de aumento da precariedade laboral, de que, na função pública, o regime passará a ser o do contrato individual de trabalho, abdicando do vínculo de emprego público, para as novas gerações.

É um Programa que assenta numa lógica de aumento da flexibilidade, da mobilidade e da imposição de uma cada vez maior prevalência do trabalho a tempo parcial.

É, no fundo, o Programa e a política que as multinacionais e os grandes grupos económicos desejavam e que agora, parece, vêem consagrada no Programa do Governo.

É um Programa que aposta na negação do emprego com direitos, na negação da segurança no vínculo laboral, condenando ao risco - esses, sim, ao risco - os trabalhadores portugueses e ameaçando, com o ataque ao horário de trabalho e a outros direitos laborais, a estabilidade da vida familiar dos trabalhadores portugueses com esta desregulamentação das leis laborais.

É um Programa que fala em permitir que as empresas se adaptem aos novos desafios da competitividade e da inovação tecnológica, mas faz essa política à custa dos direitos dos trabalhadores, continuando, portanto, a pactuar com uma política patronal assente em baixos salários e em redução de direitos, em vez de obrigar as empresas portuguesas à modernização, e à modernização tecnológica.

É também um Programa de ataque aos direitos dos trabalhadores no que diz respeito à segurança social, em que se verifica a verdadeira consagração do caderno reivindicativo das seguradoras. Fala em preservar a segurança social pública, mas escuda esta afirmação no eufemismo da distribuição, por pilares, da responsabilidade, ou da partilha do risco com as famílias, escondendo atrás disto a entrega ao privado de parte da segurança social. Aquilo de que as famílias e os trabalhadores portugueses precisam, em matéria de segurança social, é de segurança nas prestações que lhes serão devidas, porque elas resultam das suas contribuições ao longo da sua vida de trabalho, e não de uma política que entregue o lucro às seguradoras e que deixe o risco para os trabalhadores.

O Sr. Primeiro-Ministro diz que não quer saber das ideologias, mas não há discurso e Programa tão ideológico como este, que consagra esta política de ataque aos direitos de quem trabalha. A esta agravada política neoliberal, privatizadora e anti-social daremos combate neste Parlamento e na vida política.

 

Jornal «Avante!»
«O Militante»
Edições «Avante!»
Comunic, a rádio do PCP na Internet