As declarações de Leal Martins, presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, são um contundente desmentido do discurso do Governo. Onde este - e especialmente o ministro Figueiredo Lopes - diz que tudo correu bem no combate aos fogos, estava era muito calor, aquele diz preto no branco que houve «muitos erros e descoordenações».

Mas há uma outra afirmação de Leal Martins indispensável de reter. Segundo ele, «há uns anos, a União Europeia concedeu um forte subsídio para aquisição de meios de combate a incêndios, a Espanha comprou 22 Canadair e nós não aproveitámos esse programa». A revelação é publicada um dia depois de se saber que Portugal está em risco de ser forçado a devolver a Bruxelas cerca de 150 milhões de euros de fundos europeus não utilizados! Trata-se de verbas do Programa de Formação para as Autarquias Locais - Foral, válido para o período de 2000 a 2006 e de que foram aplicados apenas cerca de 6% nos três primeiros anos.

A gravidade da situação económica portuguesa é uma evidência, mas, para além da gritaria do défice, há manifestamente mais mundo. Como a necessidade de averiguar responsabilidades na a forma como os recursos existentes têm sido geridos.