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Comunicado final aos órgãos de comunicação social 12/11/2006
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PCP - 85 anos de solidariedade com os povos em luta

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"Outro mundo é possível!"Ilda Figueiredo no "Semanário"
Sexta, 28 Janeiro 2005

Está a decorrer, em Porto Alegre, no Brasil o 5º Fórum Social Mundial, que pretende debater alternativas possíveis de justiça social, de desenvolvimento, de paz e contra a guerra, designadamente no Iraque, partindo do lema de que um outro mundo é possível. A sua abertura foi a 26 de Janeiro e terminará no próximo dia 31 enquanto, em simultâneo, decorre em Davos, na Suíça o Fórum dos países industrializados mais poderosos, que, através de algumas lágrimas de crocodilo, procuram dar uma imagem de quem está preocupado com a fome e a miséria mundial de que as suas políticas são as primeiras responsáveis.

Recorde-se que o primeiro Fórum Social Mundial nasceu em 2000, em Porto Alegre, onde decorreram os dois seguintes, sempre no final de Janeiro. Só no ano passado o Fórum Social Mundial foi até Bombaim, na Índia, para este ano regressar ao local inicial. Pelo meio, decorreram Fóruns diversos, designadamente europeus (Florença, Paris e Londres) e nacionais, como em Portugal. Tive oportunidade de participar nestes diversos acontecimentos que sempre foram locais e momentos de grande esperança e reafirmação da vontade de organizações sociais, as mais diversas, de intelectuais e políticos progressistas que condenam as gritantes desigualdades mundiais e acreditam que um outro mundo é possível.

No primeiro FSM, em 2000, Lula da Silva participou na manifestação e nos debates na defesa de um outro Brasil num mundo mais justo. Nessa época, poucos acreditavam ser possível que três anos depois estaria na abertura do Fórum como Presidente. E aí, em 2003, foi a explosão de alegria daquele mar imenso de pessoas no campo do pôr-do-sol. Este ano, a campanha eleitoral, em Portugal, não me permite participar neste regresso a Porto Alegre. Mas de espírito estou lá. Mesmo que haja algumas desilusões. Mesmo que se descubra diariamente que construir um mundo novo não é tarefa fácil. Mesmo que se saiba que as injustiças estão a aumentar neste mundo onde o neoliberalismo cava cada vez mais fundo e os povos sofrem as consequências das lutas imperialistas e neocolonialistas.

Até por tudo isso, a luta por um mundo diferente torna-se ainda mais urgente. A tragédia causada pelo tsunami na Ásia, com os seus quase 300 mil mortos, veio tornar ainda mais visíveis as contradições e a hipocrisia deste mundo em que vivemos. Quando comparamos os milhares de milhões de dólares e euros gastos na guerra do Iraque com os menos de dez por cento de fundos prometidos para apoio às vítimas desta tragédia e à reconstrução das suas zonas, só podemos sentir indignação. Quando sabemos que mais de 2,7 mil milhões de pessoas vivem com cerca de dois dólares por dia e que mais de mil milhões nem sequer têm um dólar diário, só podemos sentir revolta por um mundo tão injusto.

Quando sabemos que os países ricos, com cerca de 15% da população mundial, controlam quase 80% do total dos rendimentos ao nível mundial, enquanto cerca de 60% da população mundial (mais de 3,5 mil milhões de pessoas) apenas tem acesso a 6,5% do rendimento mundial total, ou seja, menos que o PIB da França e seus territórios ultramarinos, situação cada vez mais grave desde o desencadear da crise da dívida dos países de baixo rendimento, só podemos indignarmo-nos com as lágrimas de crocodilo dos senhores de Davos.

Em Porto Alegre estarão em cima da mesa as questões da dívida e a falta de resposta dos senhores de Davos que se limitaram a adiar o seu pagamento, mas não a abolir a dívida dos países atingidos pela tragédia e nem sequer o pagamento e a contagem dos juros. Estarão também em cima da mesa a fome e a pobreza, a guerra e as suas tragédias e as causas de toda esta situação que pode conduzir o mundo à barbárie.

Mas também aqui, na Europa e, sobretudo, em Portugal, se registam agravamentos das desigualdades, do desemprego, da pobreza, da fome e da exclusão social.

Daí que a luta que estamos a fazer para conseguir urna política diferente e uma mudança a sério, seja um contributo fundamental para conseguir os objectivos do 5º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.