Partido Comunista Portugu�s
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"Muitíssimo mais fácil!"
Ruben de Carvalho no "Diário de Notícias"
Domingo, 06 Junho 2004

Duas ou três décadas atrás, o «discurso empresarial» (que, aliás, tendia a chamar-se «discurso patronal»...) desmultiplicava-se em eufemísticas garantias sobre as bondades que animavam os seus autores. Do desenvolvimento do País às garantias dadas à «mão-de- obra» (ainda não se chamava «recursos humanos»), a intricada rede de sofismas e puras falsidades obrigava o primeiro passo do discurso crítico a começar por uma revelação de contradições entre factos e palavras, a expor a mistificação e a realidade. Sendo polémico avaliar o que isto efectivamente significa, a verdade é que tal esforço, sendo necessário, é cada vez menos premente: o capital perdeu a vergonha e mostra-se tal qual é.

Um senhor com o teutónico nome de Henning Kagermann diz com toda a tranquilidade ao último Expresso: «Os custos da mão-de-obra nos novos Estados membros da UE são equivalentes aos da Índia, portanto faz sentido fazer o nearshore.» E conclui o semanário: «Para que mais postos de trabalho fiquem na Europa, (...) diz ser necessário mais flexibilidade. "Há um elevado nível de regulação do Governo e peso dos sindicatos", critica Kagermann. "É muito mais fácil trabalhar num local em que seja mais rápido recrutar ou despedir ou trabalhar no fim-de-semana ou noite."» Que seja mais fácil trabalhar, parece duvidoso. Mas lá que serão mais fáceis maiores lucros, isso é capaz de ser verdade.