Partido Comunista Portugu�s
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«Marinheiros e dignidade» - Ruben de Carvalho no «Diário de Notícias»
Sábado, 04 Setembro 2004

Por motivos que a nossa cultura facilmente explica, a Marinha e a profissão de marinheiro sempre tiveram em Portugal um compreensível e afectuoso prestígio. Momentos determinantes da História, bons e maus, estiveram ligados ao mar. Aos seus profissionais se reconhecem qualidades de coragem, um misto fascinante de conhecimentos técnicos com uma empírica intuição sobre Natureza, nuvens, ventos, vagas, horizontes.

A eles se ligam episódios marcantes da vida social e política contemporânea: republicanismo dos batalhões da Marinha, pioneiros arsenalistas do movimento operário, sacrifício de Carvalho Araújo, distanciamento face ao salazarismo, Salazar impondo aos marujos do Dão e do Afonso de Albuquerque a construção do Tarrafal e deles fazendo os seus últimos prisioneiros.

A saga das campanhas bacalhoeiras, o fascínio dos estaleiros, Álvaro de Campos lembrando que sempre a saudade é um cais de pedra. Além da posição política e da postura contra a monstruosa criminalização do aborto herdada de um país bisonho e inquiridor, o que se passa com o barco da Women on Waves desperta indignação e revolta.

É indigno e revoltante que a minúscula e reaccionária personagem do ministro da Defesa mobilize navios de guerra e oficiais de Marinha para a palhaçada de bloquear a canhão uma chalupa com pílulas. E é inconcebível que o PR, a que a democracia deu o comando das Forças Armadas, pactue com o indigno disparate.