Partido Comunista Portugu�s
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"Do túnel ao buraco"
Ruben de Carvalho no "Diário de Notícias"
Sábado, 23 Outubro 2004

Existe na Câmara de Lisboa uma interessante maqueta orográfica da cidade, isto é, uma reprodução tridimensional do relevo das decantadas sete colinas e respectivos vales.

A sedução da peça reside no ser difícil visualizar a configuração de um terreno a partir apenas do levantamento cartográfico: muitas pessoas não realizam que as curvas de nível correspondentes à Calçada do Combro se aproximam muito mais que as relativas à Av. da Liberdade, assim demonstrando que o declive da primeira é bem mais acentuado que o da segunda.

O lisboeta não tem, em geral, uma noção exacta do que se passa no traçado viário, no subsolo, nas alturas relativas da cidade. O túnel do Marquês é, aparentemente, bem longínquo do túnel do Rossio, entre ambos medeia o quilómetro e meio da Av. da Liberdade. Ideia falsa. O túnel do Rossio liga a estação (em rigor, quase um apeadeiro) do Largo D. João da Câmara à estação estruturante da linha de cintura em Campolide. Faz assim um ângulo agudo com a avenida. Tendo em conta os relevos e o traçado do túnel, a distância que num relevante ponto o separa do buraco do dr. Santana Lopes pouco excede cem metros, o equivalente mais ou menos aos dois quarteirões do Rossio entre as ruas Augusta e do Ouro. O risco de derrocada é, assim, real.

O que vale é que o dr. Santana nem a sesta dorme. Senão ainda acordava espavorido com o estrondo.