Para além dos gravíssimos prejuízos causados a uma solução pacífica da crise do Iraque e das igualmente profundas contradições introduzidas na Comunidade Europeia, a «carta dos 8» coloca um problema ético de fundo. Um documento com aquelas características não se redige, obtém acordos e é subscrito em quarenta e oito horas. Tendo sido divulgado na quinta-feira, isso significa simplesmente que, na segunda, quando os ministros dos Estrangeiros comunitários aprovavam consensualmente uma orientação substantivamente diversa, aqueles governos cozinhavam nas suas costas - e nas costas de todos os seus aliados - o manifesto de subserviência a George W. Bush. Não admira assim que um dos subscritores, o primeiro-ministro português, se comporte internamente de acordo com tais critérios. A verdade é que, contrariando o que se sabe ser a opinião da maioria dos portugueses, o que se sabe ser a posição do Presidente da República, ignorando todas as instâncias do regime, da Assembleia da República ao Conselho de Estado, ignorando os interesses do País e da paz, ao ter já cedido aos EUA a base das Lajes, Durão Barroso envolveu desde já Portugal na guerra.
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