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Museu Salazar
Sexta, 04 Julho 2008

01.jpgA intervenção de apologia da ditadura e do fascismo, a que acabámos de assistir por parte do Sr. Deputado Nuno Melo, é um sinal muito claro da justeza das preocupações desta petição relativamente à possibilidade da criação do Museu Salazar.

 

 

Petição solicitando a condenação politica do processo que visa a materialização do Museu Salazar e a tomada de medidas para impedir a respectiva concretização

Intervenção de António Filipe na AR

 

Sr. Presidente,

Srs. Deputados:

A intervenção de apologia da ditadura e do fascismo, a que acabámos de assistir por parte do Sr. Deputado Nuno Melo, é um sinal muito claro da justeza das preocupações desta petição relativamente à possibilidade da criação do Museu Salazar.

Consideramos uma intervenção imprópria desta Assembleia, que é muito justamente chamada a Casa da Democracia.

Esta petição (petição n.º 412/X) foi apresentada por iniciativa da União de Resistentes Antifascistas Portugueses, recolheu cerca de 16 000 assinaturas e solicitou a esta Assembleia que

condenasse politicamente o processo que visava a materialização do Museu Salazar e tomasse medidas para impedir a respectiva concretização.

Tive a honra de ser nomeado relator desta petição, no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, e de ter visto o relatório, que, atempadamente, apresentei a esta Comissão, depois de, nos termos da lei, ter procedido a audição dos peticionários, ser aprovado por unanimidade.

Daí que, como se compreende, agora que intervenho em nome do Grupo Parlamentar do PCP, me reveja inteiramente nos termos que foram votados, por unanimidade, nesta Comissão.

De facto, de acordo com os peticionários, o Presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão fez declarações públicas e subscreveu documentos, manifestando a intenção de concretizar a criação do Museu Salazar na casa onde viveu o falecido ditador. Esse objectivo - e importa aqui desfazer, claramente, qualquer equívoco que possa surgir a este respeito - nunca teria qualquer possibilidade de ter no espólio um acervo museológico digno de qualquer relevo para o estudo objectivo da história do Estado Novo. Não é com dois ou três objectos de uso pessoal que pertenceram ao ditador que se constrói um qualquer centro de estudos.

Daí que, como dizem - e muito bem - os signatários da petição, «Este projecto assume o objectivo de materializar um pólo de saudosismo fascista e de revivalismo do regime ilegal e opressor, derrubado pelo 25 de Abril de 1974.»

Esse museu, a ser efectivamente criado, não seria um factor de desenvolvimento do concelho, nem uma instituição de carácter científico, mas, sim, uma organização centrada na propaganda do regime corporativo-fascista do Estado Novo e do ditador Salazar.

Daí que considerassem que esse museu constituiria uma afronta a todos os portugueses que se identificam com a democracia e o seu acto fundador, o 25 de Abril, pelo que foi solicitada à Assembleia da República a condenação desse acto.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: A nossa Constituição, na qual a Assembleia da República busca a sua legitimidade, considera que - e o Estado português é um Estado de direito democrático baseado na soberania popular -, «O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática» e é uma tarefa fundamental do Estado «garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático».

Por isso mesmo, proíbe as «organizações que perfilhem a ideologia fascista», que são definidas na lei, a Lei n.º 64/78, como as organizações que mostrem pretender difundir ou difundam efectivamente os valores, os princípios, os expoentes, as instituições e os métodos característicos dos regimes fascistas ou que exaltem as personalidades mais representativas daqueles regimes.

Era precisamente o caso deste museu, se viesse a ser criado.

Termino, Sr. Presidente, dizendo que, como se assume no relatório, aprovado por unanimidade, «a Assembleia da República não pode ter uma posição neutral entre a ditadura e a democracia. Enquanto órgão democrático, tem obrigação política e constitucional de velar pela preservação e consolidação do regime democrático e de fazer a pedagogia dos seus princípios».

«Deve pois a Assembleia da República condenar politicamente qualquer propósito de criação de um museu Salazar e apelar a todas as entidades, e nomeadamente ao Governo e às autarquias locais, para que recusem qualquer apoio, directo ou indirecto, a semelhante iniciativa».

Sr. Presidente, foi isto que foi aprovado por unanimidade e é nisto que nos revemos.

 

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