Partido Comunista Português
  • Narrow screen resolution
  • Wide screen resolution
  • Auto width resolution
  • Increase font size
  • Decrease font size
  • Default font size
  • default color
  • red color
  • green color
 
 

PCP no Campo Pequeno

Artigos do jornal Avante! sobre Congresso do PCP
O Associativismo Popular como factor de transformação social - Intervenção de Augusto Flor
Sábado, 29 Novembro 2008
augusto_flor.jpgNo que respeita ao Movimento Associativo Popular, a caracterização apresentada na proposta de Teses, corresponde, no fundamental, à realidade deste importante e incontornável movimento social. Tal caracterização, só é possível porque o nosso Partido, tem desde sempre e da forma mais natural, uma assinalável ligação a este movimento.

Intervenção de Augusto Flor
Membro do Grupo de Estudos do Movimento Associativo junto do Comité Central do PCP


No que respeita ao Movimento Associativo Popular, a caracterização apresentada na proposta de Teses, corresponde, no fundamental, à realidade deste importante e incontornável movimento social. Tal caracterização, só é possível porque o nosso Partido, tem desde sempre e da forma mais natural, uma assinalável ligação a este movimento.

Nas cerca de 18.000 Colectividades e estruturas existentes, exercem actividades associativas dirigentes, vários milhares de comunistas que, com o seu empenhamento, experiência e dedicação, dão um valioso contributo à cultura, ao recreio e ao desporto no nosso país.

Dos cerca de 267.000 dirigentes associativos voluntários, os comunistas estão entre os mais conhecedores, os mais dedicados e com a perspectiva de que este movimento, tem e pode ainda ter uma maior intervenção nas transformações sociais que a nossa sociedade necessita. O associativismo popular, pelas suas origens e processo de desenvolvimento ao longo de quase 200 anos, pode ser considerado um movimento de classe, atendendo que 83% dos seus associados e dirigentes são trabalhadores por conta de outrem – na sua maioria operários e empregados - e, por outro lado, porque tem uma ideologia própria que se identifica com os valores da democracia, da solidariedade, da ajuda mútua, do voluntariado e do pensamento e acção colectiva.

O associativismo popular, constitui um dos principais elementos de defesa dos valores identitários da nossa cultura, dos nossos costumes e tradições, bem como, um espaço de socialização, de prevenção contra o isolamento dos mais idosos e de integração social dos mais jovens, contribuindo para a prevenção de depressões individuais e colectivas e de comportamentos anti-sociais. 
 
Enquanto espaço de reflexão e construção de opinião, as colectividades são excepcionais meios de divulgação e prática de valores democráticos, de participação e intervenção política e social. Também neste particular, a participação dos comunistas nas colectividades, é um importantíssimo contributo para a qualidade da nossa democracia, sobretudo na cooperação das colectividades com outros movimentos de massas.

Tal como noutras áreas, as políticas governativas para este sector da sociedade, pecam pelo elitismo na área cultural, pela desvalorização na área do recreio, pela governamentalização na área do desporto e pelo assistencialismo na área social. De facto, existem políticas mas estas são de classe e de ostracização das forças democráticas e das instituições que emanam, de facto, do movimento, enquanto vontade e iniciativa popular. São exemplo disso, a falta de definição por parte dos últimos três governos do representante do associativismo popular enquanto Parceiro Social, no Conselho Económico e Social e a não inclusão no Conselho Nacional do Desporto.

A crise da sociedade capitalista, reflecte-se de forma muito clara no associativismo popular. Desde logo porque, sempre que a crise aperta, é a cultura, o recreio e o desporto quem passa para segundo ou terceiro plano, como se a falta destes bens imateriais não fossem também uma forma de exclusão social. Por outro lado, os dirigentes associativos voluntários, enquanto trabalhadores por conta de outrem, têm cada vez mais dificuldades em disponibilizar tempo para as tarefas associativas. A desregulação das relações de trabalho de que é exemplo a última versão do Código Laboral, vem aumentar as dificuldades e pôr em risco milhares de colectividades com sérias consequências para o associativismo e para a nossa vida colectiva.

Os ataques aos serviços públicos com os encerramentos de muitos deles, são uma realidade que os dirigentes associativos bem conhecem, desde logo porque são cidadãos como os demais, mas porque em muitas localidades, são as colectividades as únicas instituições abertas, impedindo assim uma maior degradação social e desertificação humana.

Por tudo isto, é indispensável que, por um lado, os dirigentes associativos lutem nos seus locais de trabalho e nas colectividades contra estas políticas e, por outro lado, se entenda que os dirigentes associativos são uma força que, devidamente informada e organizada, podem constituir uma importante frente de luta pela transformação social.

Permitam-me uma última palavra para as organizações do Partido e para os camaradas que estão envolvidos nesta frente trabalho. Relativamente às organizações, impõem-se o recenseamento, a responsabilização e o acompanhamento dos quadros desta frente, impõem-se que conheçam os problemas deste movimento e intervenham para a sua resolução. O trabalho unitário - que sempre promovemos - abre a possibilidade de relações institucionais entre o nosso Partido e as colectividades, contribuindo por um lado, para um melhor conhecimento da realidade associativa e por outro lado, para darmos a conhecer as nossas propostas e assim contrariar tendências apolíticas e anticomunistas que aqui ou além ainda subsistem.

 
Relativamente aos camaradas que estão empenhados nesta frente, é importante que não se esqueçam da sua condição de comunistas quando têm que decidir as políticas associativas. Para tal, não é preciso estarmos em maioria numérica nas colectividades ou estruturas, mas sim, conscientes da nossa responsabilidade, do nosso papel e sabermos enquadrar a nossa vida associativa nas orientações gerais do Partido.

 
O movimento associativo popular, necessita de homens, mulheres e jovens capazes de o reforçar e lhe incutir dinâmicas de transformação social. Entre estes, estarão certamente muitos milhares de comunistas que assim contribuirão para esse grande objectivo e, simultaneamente, para o prestígio e influência do nosso Partido.

Viva o XVIII Congresso!
Viva o Partido Comunista Português!