Partido Comunista Portugu�s
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Intervenção de Jorge Machado na AR (declaração de voto)
Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social
Quinta, 23 Julho 2009
pensionistas.jpgO texto final da Proposta de Lei n.º 270/X que aprova o "Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social" aprovado pela maioria PS que sustenta o Governo, é uma oportunidade perdida.  

Aprova o Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social

O texto final da Proposta de Lei n.º 270/X que aprova o "Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social" aprovado pela maioria PS que sustenta o Governo, é uma oportunidade perdida.

O Governo PS e a sua maioria parlamentar recusaram, neste diploma de extrema importância para a sustentabilidade financeira da segurança social, discutir as propostas alternativas que existem, e que foram apresentadas pelo PCP, para diversificar as receitas da segurança social.

O PCP propôs, de uma forma pioneira, e reafirma a necessidade de mudar, modernizar e inovar o sistema de contribuições para a segurança social. O que propomos é que se discuta, algo que o Governo PS não quer: um novo sistema de contribuições que tenha por base a aplicação de uma taxa sobre os vencimentos dos trabalhadores mas que tenha também em conta a riqueza criada pelas empresas.

Hoje, há empresas que tendo avultados lucros não descontam na mesma proporção que outras empresas que tendo menores lucros dependem da mão-de-obra intensiva e assim, porque empregam mais pessoas, pagam mais para a segurança social.

O actual sistema, que o Governo recusa alterar ignorando as profundas alterações tecnológicas que se registaram no tecido produtivo, o crescimento da especulação e financeirização da economia, conduz a que uma parte muito significativa da riqueza criada não contribui para a Segurança Social, beneficiando bancos e grandes empresas que não estão sujeitas a concorrência nem produzem bens transaccionáveis, como é o caso das gasolineiras.

O Governo PS, quando discutiu a Lei que aprovou as Bases Gerais do Sistema de Segurança Social, usou a questão da sustentabilidade financeira para impor cortes ilegítimos e imorais nos valores da reforma dos trabalhadores Portugueses. Nessa altura em que se discutiam as "despesas" da Segurança Socia,l o Governo PS utilizou um discurso alarmista em que anunciou a pré falência da Segurança Social para justificar essas medidas.

Agora, passados menos de 3 anos dessa discussão e numa altura em que se discutem as "receitas" da Segurança Social, o Governo não fala da sustentabilidade da Segurança Social, recusa diversificar as suas receitas e não altera o sistema das contribuições para a Segurança Social que está claramente ultrapassado.

Além de não se preocupar com as receitas e recusar propostas concretas do PCP como as contribuições terem em conta também o Valor Acrescentado Liquido das empresas, o Governo, sem a devida fundamentação técnica, cria um conjunto de mecanismos de isenções e redução da taxa contributiva para as empresas, que pode comprometer a sustentabilidade financeira da Segurança Social e penaliza sectores produtivos fragilizados como a pesca e a agricultura.

O Governo PS, com esta proposta de Lei agrava, na nossa opinião, de uma forma injustificada e inaceitável, a taxa contributiva das IPSS´s, das colectividades e do sector cooperativo, não tendo assim em conta o papel que desempenham na sociedade.

O Governo PS, nesta proposta de Lei, continua a colocar o orçamento da Segurança Social ao serviço das políticas activas de emprego que deveriam ser pagas pelo Orçamento de Estado.

O Governo PS, com este diploma, altera a taxa contributiva que as empresas têm que pagar em função do vínculo que o trabalhador tem com a empresa. A redução de 1% da taxa contributiva para os trabalhadores que têm um contrato de trabalho sem termo pode representar uma perda de receita muito significativa. A falsa ideia que se combate a precariedade laboral com a redução ou aumento das taxas contributivas é reiteradamente usada num conjunto de artigos deste diploma.

Estas são algumas das objecções de fundo que obrigam o PCP a votar contra este diploma, mas o facto deste diploma não ter sido precedido de profundo debate e estudo, com a devida avaliação das suas consequências e impactos financeiros no sistema público, universal e solidário de Segurança Social é, na nossa opinião, uma irresponsabilidade.

Para além de deixar para o final da legislatura a discussão deste diploma, o Governo, não obstante ter sido interpelado por diversas vezes pelo PCP e a isso estar obrigado pelo regimento da Assembleia da República, não apresentou um estudo dos impactos financeiros que este diploma irá ter sobre a segurança social.

Assim, nenhum grupo parlamentar sabe, por exemplo, quais os reais impactos que medidas como a redução da taxa social única em 1% para os trabalhadores contratados sem termo irá ter, nem tão pouco saberá qual o impacto que representa o aumento da já vasta multiplicidade de taxas contributivas que o Governo propõe.

O PCP, além de diversas iniciativas legislativas que visam garantir a diversificação das receitas e a sustentabilidade da Segurança Social para que se dignifiquem as pensões dos trabalhadores, apresentou em sede de discussão na especialidade mais de 35 propostas de alteração provando assim que existem alternativas.

O PCP reitera que é possível e urgente inverter o rumo, provocar as rupturas com as politicas de direita que estão ao serviço das grandes empresas e grupos financeiros e implementar uma política de esquerda ao serviço dos trabalhadores e do povo.