Não ao PEC - Basta de injustiças
Sábado, 20 Março 2010
20100320-sjoaomadeira.jpgJerónimo de Sousa, na sua intervenção, no comício em São João da Madeira,  salientou que o PEC apresentado pelo Governo PS é uma ofensiva em várias frentes: o ataque aos salários e às principais prestações sociais, o aumento dos impostos de quem vive do trabalho, o ataque aos serviçoes públicos com dezenas de privatizações.


Jerónimo de Sousa, Secretário geral do PCP

 Os trabalhadores, o povo em geral têm razão para estarem preocupados e expressarem um misto de profunda inquietação e grande indignação com as notícias que vão chegando em relação aos planos do governo para o presente e os próximos anos e que estão contidos no Programa dito de Estabilidade e Crescimento – o famigerado PEC que esta semana foi apresentado na Assembleia da República.

Trata-se, de facto de uma nova e preocupante ofensiva em várias frentes dirigida no ataque aos salários, a todas as principais prestações sociais, ao aumento dos impostos de quem vive do trabalho, de ataque aos serviços públicos, com dezenas de privatizações.  Programa que congela o desenvolvimento e do emprego.

Estamos perante um governo cuja vocação é descarregar problemas em cima de problemas nas costas dos trabalhadores e do povo. É o acrescentar injustiça às injustiças destes anos de governo do PS e dos partidos da direita que têm vindo a agravar todos os problemas do país e do povo.

Vivemos hoje, vive esta terra e esta região um tempo de grandes dificuldades e de agravados problemas sociais que atingem de forma dramática milhares de pessoas.

Aumento avassalador do desemprego que tem neste distrito uma dimensão que está entre as maiores do país; crescimento generalizado da precariedade do trabalho que coloca Portugal nos lugares cimeiros europeus das relações laborais precárias; quebra de rendimentos de amplas massas trabalhadoras e degradação das condições de milhares que nem sequer tem acesso ao subsídio de desemprego; abusivos lay-off; salários em atraso; milhares de horas de trabalho extraordinário não pago; ataque aos mais elementares direitos dos trabalhadores, eminência de novos encerramentos de empresas e mais despedimentos; degradação do sistema de protecção social e das reformas, expansão das situações de pobreza.

E o que vemos da parte do governo? Vemos um governo a não responder a estes problemas, mas agir e a planear agravá-los, particularmente o grave problema do desemprego pelos dramas pessoais que arrasta, pelas consequências e implicações que tem na vida do país, pelas dimensões inaceitáveis que atingiu.

Dramas pessoais que vivem milhares de trabalhadores que sentem as consequências deste flagelo social na instabilidade das suas vidas, mas também dos jovens que não encontram uma saída para um projecto com futuro. Drama para o país que não pode contar com o saber, as competências, o trabalho de centenas de milhar de portugueses, um enorme desperdício de recursos, de perda de produção com forte impacto negativo na economia nacional e local, no sistema de protecção social, um autentico travão ao desenvolvimento do país e de cada região.

Um dos problemas mais graves que enfrentamos é o da sistemática destruição da nossa capacidade de produzir e criar riqueza, sem que se veja da parte de quem tem assumido a governação do país, uma atitude firme e decidida para contrariar esta tendência.

Temos empresas, como é o caso da Oliva na iminência de encerrar, uma empresa metalúrgica de importância estratégica para o país e de uma enorme importância para esta terra que, em vez de vermos o governo empenhado na sua viabilização, vemo-lo indiferente de termos novos desempregados e ao desaparecimento de mais uma unidade de produção.

Empresas como a Oliva exigiam um outro empenhamento, uma outra intervenção na procura de soluções para a salvar e viabilizar. É isso que se espera de um governo interessado em combater a desindustrialização do país e apostado na defesa da produção nacional.

Aos trabalhadores da Oliva, mas também da Califa, onde está em curso mais um processo de despedimento colectivo, queremos aqui reafirmar a nossa solidariedade e saudar a luta que têm vindo a travar em defesa dos interesses colectivos dos trabalhadores.

Saudações também aos muitos trabalhadores de várias empresas que neste distrito lutam contra o encerramento das empresas, como são o caso da Rodhe e da Aerosoles ou contra os abusos do lay-off e por melhores condições salariais e direitos, como na Reunalt e na Vulcano, entre outras.

A pretexto da crise, temos vindo assistir a uma ofensiva ideológica sem precedentes, mas também com medidas no concreto que se articula, quer no plano nacional e europeu, quer pelo capitalismo global visando pressionar o rebaixamento e a degradação das condições e remunerações do trabalho.

Em Portugal assistimos também com o activo incentivo do governo do PS e do seu exemplo, a um feroz ataque aos salários e aos rendimentos do trabalho.

Vemos isso na justificação e nos apelos à contenção salarial pelos mais responsáveis ministros destes governos, sempre feitos em nome da defesa do emprego.

Vemos isso no alargamento do contrato intermitente a novos sectores, como é o caso do têxtil, calçado, turismo, entre outros e que vem aprofundar o ataque já delineado no Código de Trabalho, colocando os trabalhadores reféns da entidade patronal.

Bastará o argumento de que não há trabalho, para mandar para casa os trabalhadores com um salário reduzido a 60% da sua remuneração líquida, beneficiando ainda o patronato do apoio da segurança social.

Vemos isso na nova solução que se esboça com o anunciado “Pacto pelo Emprego”. Essa ardilosa solução que o governo prepara e já anunciou também com a qual pretende retomar da ofensiva desregulamentadora do mercado de trabalho nos domínios dos horários, na redução da remuneração do trabalho e no aumento da precariedade e que consta no seu programa de governo.

Vemos isso nas propostas do governo no Orçamento de Estado acabado de aprovar. Um orçamento que impõe uma diminuição real dos salários, prossegue o caminho da degradação das reformas, que secundariza o apoio aos desempregados.

Um orçamento que em matéria de salários, pretende ser a bitola para impor a redução e congelamento dos rendimentos do trabalho a todos os sectores do privado e do público.

Vemos isso nos cortes da despesa social que é outra forma indirecta de reduzir o poder de compra dos salários e das reformas, particularmente na área da saúde.

Ainda ontem ouvíamos e líamos que um terço dos doentes crónicos em Portugal não comprava os medicamentos de que necessita e de acordo com um estudo publicado pela DECO no inicio do ano, seis em cada dez famílias portuguesas sentiram dificuldades em pagar a despesa em saúde.
 
Ao contrário, os grupos privados da saúde vêem florescer o negócio arrecadando hoje cerca de 60% dos gastos do Estado com a saúde, fruto de uma política de privatizações que se tem intensificado nos últimos cinco anos, caminho que o Orçamento para 2010 e o PEC vão consolidar, no quadro da ofensiva em curso contra o SNS.

Veja-se a situação que por aí continua, mesmo neste distrito, ao nível dos cuidados de saúde primários e dos cuidados hospitalares, nomeadamente com a falta de médicos de família, com o encerramento de serviços, SAP, extensões de saúde etc.

Dizem os ideólogos da nova ofensiva que aí está que a superação dos problemas que enfrenta a economia portuguesa e o do desemprego exigem o congelamento e o corte dos salários.

Atacam de forma particularmente visível os trabalhadores da Administração Pública, mas o seu objectivo é alargar a todos os sectores de actividade a receita imposta à função pública, como vai acontecendo.

Ao arsenal ideológico, porque é disso que se trata, dos que a todo o custo querem pôr exclusivamente os salários a pagar a crise, juntou-se a falsa oposição que reduz as soluções possíveis para a grave situação que o país enfrenta, entre o escolher-se ter um emprego mal remunerado ou não ter emprego nenhum.

Trata-se, de uns e de outros, de pura chantagem com o objectivo de desviar as atenções de qualquer solução que mexa na actual distribuição da riqueza. Uma distribuição injusta que faz do país um dos mais desiguais dos 27 países da União Europeia.

O que pretendem e forçam é um novo modelo de exploração do trabalho, aprofundando o velho modelo económico e de emprego assente em baixos salários.

Fazem tais afirmações como se o aumento dos salários tivesse sido alguma vez justificação para o brutal crescimento do desemprego verificado desde que o PS tem sido governo e como se a distribuição do Rendimento Nacional dos últimos anos não mostrasse uma contínua degradação da participação do trabalho na riqueza nacional.

Não são os modestos salários dos trabalhadores portugueses que põem em causa a competitividade e o emprego, mas as políticas de abandono e fragilização do sistema produtivo nacional que dão prioridade à valorização das actividades especulativas para promoverem a concentração e centralização da riqueza.

É por isso que a luta contra as desigualdades, contra o desemprego, contra a precariedade, os baixos salários é uma luta justa e uma exigência central na nossa intervenção em defesa de melhores condições de vida para os trabalhadores e o nosso povo.

O rumo que o país leva é cada vez mais preocupante. Quem olhar para trás, nomeadamente para estes últimos dez anos, para falar só destes anos que estão mais próximos, não pode deixar de verificar como se avolumaram os problemas sociais, mas também os problemas do país e quanta falsidade estava patente no discurso dos sacrifícios, sistematicamente renovado, dos partidos que têm estado no governo.

Esse discurso que pedia sacrifícios sempre a quem menos podia, com a promessa da terra do leite e do mel, do amanhã que nunca chega!

Ao contrário o que chegou nestes últimos dez anos com dois governo do PSD/CDS e dois governos do PS, não contando com o actual, foi a perda de cerca de 22 mil postos de trabalho na industria em cada ano que passava, a mesma destruição nas pescas e na agricultura.

O que chegou debaixo do discurso dos sacrifícios a troco da prometida terra da abundância foi a duplicação da dívida externa e de todos os défices das contas externas, porque se deixou destruir as actividades produtivas.

Dívida externa que serve agora também de pretexto adicional para pedir novos sacrifícios e dar de barato ao grande capital o que resta do património público nos sectores estratégicos como o governo do PS agora anuncia com as novas privatizações.

O que chegou foi o alastramento da crise, da estagnação económica e o empobrecimento da maioria dos portugueses na razão inversa com que despudoradamente se promovia a acumulação e a centralização da riqueza nacional nas mãos de uma centena de famílias e do séquito que as rodeia e serve, nas suas empresas e na administração pública.

Esses que todos os dias dão ares de independência e de grande autoridade científica e técnica, a defenderem uma coisa e seu contrário, em função dos interesses que servem. A desvalorizar o défice das contas públicas se é preciso pôr os contribuintes a pagar os desmandos do sector financeiro e dos seus negócios especulativos. A empolar o défice e dramatiza-lo até à exaustão quando se trata de por o povo a pagar a factura dos desmandos de uma política de desastre nacional.

A silenciar e assobiar para o lado e fazer que não percebem, quando se tratam de decisões de descarado frete aos grandes interesses, mas sempre a fazer coro com o poder político de turno, seja do PS, seja o do PSD – o bloco central político e dos interesses – cuja política está cada vez mais ao serviço do grande capital económico e financeiro.

Estão sempre a justificar as medidas de austeridade para o povo e nunca têm uma palavra sobre os lucros ou sobre as suas negociatas, como aquela que está em curso com o perdão fiscal que pela segunda vez José Sócrates decide para os dinheiros das empresas que têm dinheiro nos “offshores”, nesses paraísos fiscais que servem para as grandes fortunas e o grande capital financeiro fugirem ao fisco.

Depois da farsa montada pelo PS, aqui há uns tempos atrás, de combate ao neoliberalismo no auge dos escândalos do sistema financeiro, para dar um ar de esquerda e se demarcar da sua própria política, vimos como pela porta das traseiras, já na recta final da discussão do Orçamento de Estado, esse mesmo PS com o apoio dos partidos da direita, fizeram passar a medida que serve às mil maravilhas ao grande capital.

Mais uma vez é o premiar dos infractores! Mais uma vez o crime co0mpensa!

Não têm vergonha nenhuma!

Mas olhando para trás para a política e os resultados dos governos do PSD/CDS e do PS nós dizemos aos trabalhadores, aos portugueses que não estão enfeudados, nem dependem do grande capital monopolista, que são atingidos pela sua desenfreada usura e especulação e exploração que não há solução para os problemas do país sem uma ruptura com as políticas que conduziram à crise e alimentam as desigualdades e as injustiças.

O problema central do crescimento da economia e da criação de emprego, está outra vez deliberadamente relegado para um secundaríssimo plano nas políticas que estão a ser avançadas no Plano de Estabilidade e Crescimento e no Orçamento de Estado.

O Orçamento que tinha previamente sido anunciado como um Orçamento de relançamento económico, transformou-se por exigência do grande capital financeiro num Orçamento da ditadura do défice, do congelamento do crescimento e do desenvolvimento.

De um momento para outro tudo o que o PS havia prometido na campanha eleitoral de mais crescimento, mais emprego, mais apoio social e até, todos se lembram mais cultura, se esvaiu.  

Desapareceu e esfumou-se de momento para o outro o discurso do notável ciclo de recuperação económica que estava em marcha e no pelotão da frente da Europa!

O mesmo fizeram os partidos da direita. Lá se foram as juras da defesa intransigente dos trabalhadores, dos reformados, dos agricultores, dos micro, pequenos e médios empresários e até do emblemático Pagamento Especial por Conta que tanto falso empertigamento e tanta zanga causou, caiu, como caíram todas as suas promessas.

Dizem que foi em nome do interesse nacional. Desse interesse que tem as costas largas e que em geral confundem com os interesses dos poderosos. Dizem sempre o mesmo para iludir os seus compromissos e justificar a sua subordinação a tais interesses. Irritam-se que o PCP ponha o dedo na ferida! Silenciam-nos na denúncia e escondem o valor das nossas propostas.

Tínhamos dito no início da nossa intervenção que os trabalhadores e povo têm razão para estarem preocupados com o que o governo prepara com o PEC o mal chamado Programa de Estabilidade e Crescimento.

Trata-se, de facto de um problema muito sério e com consequências muito sérias, quer para o desenvolvimento do país, quer para vida dos trabalhadores e da grande maioria dos portugueses.

Um Programa que é o anuncio antecipado do desastre económico e social do país e de novos e mais duros sacrifícios para a grande maioria dos portugueses, particularmente para quem vive dos rendimentos do trabalho.

Um Programa talhado à medida do fundamentalismo neoliberal e monetarista com o objectivo de impor uma redução do défice de 9,3% de em 2009 para 2,8% em 2013.

Um programa que na sua primeira versão o governo tentou suavizar, ocultando a gravidade e extensão, particularmente das suas medidas anti-sociais com impacto negativo na vida das pessoas.

Um Programa que prevê a manutenção de altas taxas de desemprego até ao fim do seu período de vigência, 9,3% e a perspectiva mais optimista que apresenta para o crescimento económico é de 1,7% daqui a três anos, em 2013.

Trata-se do reconhecimento que a única solução que este governo tem para o país é a do declínio nacional, da contínua divergência do desenvolvimento em relação aos restantes países da União Europeia, do agravamento da dependência do país.

Um Programa que é simultaneamente a rendição sem condições aos ditames dos mercados financeiros, ao grande capital europeu e de uma subserviência vergonhosa a Bruxelas e ao Directório das grandes potências europeias.

É extraordinário verificar também que quem envolveu o País numa densa teia de dependências e estrangulamentos com a integração capitalista europeia e particularmente com a moeda única, agora faça de conta que não tem nada a ver com o assunto, para fazer recair toda a carga de custos da difícil situação actual sobre os portugueses, à margem da União Europeia!
O Euro não era como diziam para defender o país?  
Não foi a União Económica e Monetária, com sua a moeda – o euro – anunciada como o “guarda-chuva” da economia portuguesa e do Estado português, resguardando-os, através de uma moeda forte e a solidariedade da zona Euro, da especulação dos mercados financeiros?
A União Europeia só serve para impor condições e constrangimentos, cumprindo apenas a função de âncora que arrasta a nossa economia para o naufrágio?
Não há um rasgo de coragem política deste governo, nem assomo de brio patriótico, apenas cumplicidade, passividade, impotência face às orientações da União Europeia! Eram tão europeus, tão europeus, que se esqueceram de Portugal e dos portugueses.

O país precisa de outro acção também no plano europeu. Não é claudicando que se afirmam os interesses nacionais.

É precisa uma forte iniciativa do Estado Português junto da União Europeia, para a concretização de uma Estratégia para a Solidariedade e o Desenvolvimento, que se traduza num verdadeiro Pacto para o Progresso Social e o Emprego.

Uma iniciativa que neste quadro que assuma a defesa um calendário para a consolidação das contas públicas, ajustado às necessidades específicas de cada País e uma reconsideração inclusive dos seus objectivos.

Mas também uma consideração adequada dos actuais fluxos financeiros entre a união europeia e cada estado membro e da sua participação no Orçamento Comunitário e a defesa do mercado interno, com medidas extraordinárias e específicas para as trocas comerciais externas, que permitam a Países como Portugal, penalizar as suas importações e apoiar as exportações.

Este Pacto que o governo do PS com o apoio dos partidos da direita quer impor ao país é um desastre.  

É a instabilidade social e a insustentabilidade económica e financeira que o Governo anuncia! Este não é um programa de estabilidade, nem de crescimento, é um programa de instabilidade, de retrocesso e declínio nacional.

O PEC constitui uma repetição de agravadas receitas, medidas e orientações que tantos sacrifícios, desigualdades, injustiças, têm imposto à maioria do povo português.

Vieram dizer que este era um Programa pensado para distribuir de forma equilibrada o esforço pelos portugueses, mas trata-se de uma verdadeira trapaça, aonde nem sequer são poupados os portugueses de mais baixos rendimentos e aqueles que sendo pobres, correm o risco de cair na exclusão social.

Desde logo, porque corta nos apoios sociais dos que menos têm, os desempregados e na maioria dos apoios sociais, nomeadamente o Rendimento Social de Inserção e o Complemento Social para Idosos e as pensões sociais do regime não contributivo da segurança social.

Em relação ao subsídio de desemprego são novas limitações ao seu acesso e a obrigatoriedade dos desempregados a aceitar um emprego por um salário ainda mais baixo do que hoje vigora, fazendo também cair o valor do subsídio.
 
Num momento em que continua a crescer o desemprego e cerca de metade dos que estão hoje desempregados não têm acesso ao subsídio, o que este governo dito socialista e com preocupações sociais deliberada promove é o abandono de quem mais precisa.

Mais grave ainda! Impondo a aceitação de um emprego, por um salário degradado, é a degradação geral dos salários que se promove. É a imposição coerciva de uma nova desvalorização dos salários. Desvalorização que está em curso pela pressão do desemprego e do trabalho precário e que o Governo do PS incentiva ainda mais.

Dizem com enorme desplante que se trata de obrigar a um regresso mais rápido dos desempregados ao mercado de trabalho. Eles que prevêem uma taxa de desemprego a rondar os 10% durante os próximos três anos no seu próprio programa.

Onde é que está esse mercado de trabalho? É uma completa falácia! Ou julgam que um desempregado prefere o subsídio ao emprego com direitos?

Mas esta proposta tem um objectivo – responsabilizar os próprios desempregados pelo crescente desemprego e branquear a política que está na origem deste grave flagelo social.
 
Mas a trapaça está também nesse anúncio de justiça social nos impostos. Afinal o aumento é para todos os escalões do IRS com o congelamento da dedução específica, em cima de novas  limitação das deduções à colecta com despesas de saúde e educação e que vai traduzir-se numa nova penalização de milhares de portugueses de baixos rendimentos e novas reduções do poder dos salários. Na prática, milhares de famílias vão ser esbulhadas de um mês de salário ou de subsídio de férias ou de Natal.
 
Entretanto, camaradas, nem uma linha sobre o IRC, sobre a taxação dos lucros, dos lucros dos grandes grupos económicos e financeiros.

Falam na “tributação das mais-valias mobiliárias”, nessa proposta que temos feito e que agora tornámos a apresentar no Orçamento de Estado deste ano, mas que foi recusada. Ou seja, tributar o capital é lá para o dia de são nunca à tarde!

Dizem que não é ainda oportuno! É sempre o mesmo. Só é oportuno machadar nos rendimentos de trabalho.

Nesses é sempre oportuno, mesmo quando a maioria vive na instabilidade permanente de não ter dinheiro que chegue ao fim do mês!

É a medida de enfeite do pacote de austeridade para o povo e de quem não quer tocar de facto e em profundidade nos rendimentos e lucros do grande capital!
 
Não há justiça neste PEC, mas injustiças agravadas.

Agravadas também pelo congelamento dos salários reais dos trabalhadores da administração pública que certamente se transformará em cortes salariais com a manipulação da taxa da inflação.

Pela continuação da destruição do emprego no sector público, que inevitavelmente se traduzirá em mais acentuada degradação e encarecimento dos serviços públicos, favorecendo a sua apropriação pelo capital privado.

Pela imposição do aumento da idade da reforma na administração pública, dos 62,5 para os 65 anos, empurrando desta forma milhares de trabalhadores para fora do Estado.

Pelo aumento dos preços, com o anúncio já realizado de introdução de novas portagens em outras rodovias, para lá das que já estavam indiciadas.

Por novos cortes no investimento público que vão ter enormes e negativos reflexos na actividade e económica e no emprego. Cortes que remetem o investimento em 2013 para o nível do investimento público dos finais da década de setenta. É inimaginável e um absurdo!

Não é apenas o adiamento do comboio de Alta Velocidade, são os cortes que vão atingir em particular os investimentos públicos de pequena e média dimensão.

É o dito por não dito. É o rasgar da bandeira do investimento da campanha eleitoral de José Sócrates e com a qual fez o jogo do faz de conta das suas divergências com os partidos da direita.

Um Programa que apresenta um perverso programa de privatizações atingindo sectores estratégicos e monopólios naturais onde intervém o Estado. Privatizações que vão para lá de tudo o que algum dia tinham admitido na REN, EDP, GALP, TAP e ANA, CTT , seguradoras da  Caixa Geral de Depósitos, eliminando a presença do Estado em empresas estratégicas.

É o acentuar do caminho da liquidação de sectores produtivos, da dependência do país, da perda de soberania, da degradação de serviços, estrangulamento das pequenas empresas em detrimento dos lucros dos grandes grupos económicos que se formaram à sua custa.

No momento em que se impunha dar prioridade às políticas de promoção do crescimento económico e do emprego o que se vê é a completa claudicação e de um governo face às exigências do grande capital nacional e internacional.

Este é um Programa que hipoteca o futuro do país!

Nada justifica, nenhuma lei da economia, nada absolutamente nada a urgência de impor uma abrupta e drástica redução do défice das contas públicas em três anos! Há muitos portugueses que nos dizem: “pois, são sacrifícios injustos, mas são precisos para sair da crise. O problema é que não há nenhuma visão estruturante para sair dela. É o navegar à vista, é manter o rumo, é manter velhas receitas.


Ao contrário do que dizem PS, PSD e CDS-PP, este caminho não é inevitável. Este caminho, este chamado Programa de Estabilidade é sobretudo uma opção pelos mais ricos e poderosos, contra o Povo e o país. Eles querem-nos fazer crer que isto é obra do “Espírito Santo”. Também é, mas não é do de lá de cima, é do cá de baixo e dos que lhe fazem o frete com a política de direita.

O PCP ao mesmo tempo que rejeita veementemente esta proposta de Plano de Estabilidade e Crescimento, não prescinde de avançar com medidas que, inseridas num projecto de ruptura com a política de direita e mudança na vida nacional, contribuam para a defesa do emprego, o desenvolvimento da produção nacional, o combate às injustiças sociais, a afirmação da nossa soberania.


Medidas para inverter a espiral de desigualdades e injustiças através de uma mais justa repartição da riqueza, assente na valorização dos salários e das pensões.
Medidas de defesa da produção nacional dando grande centralidade às políticas de apoio às PME’s, privilegiando o mercado interno, o investimento público, impondo a obrigatoriedade de incorporação da produção nacional nos grandes projectos.
Outra política fiscal, alargando a base tributária, combatendo a economia paralela, a fraude e a evasão fiscal, com uma taxa suplementar (+ 10% no IRC durante os próximos 3 anos) sobre lucros dos Grandes Grupos Económicos e Financeiros; imposição fiscal sobre os dividendos, mais-valias e património mobiliário.


Medidas de combate ao desemprego e o apoio aos desempregados tendo como objectivo uma política de pleno emprego, combatendo os despedimentos com legislação dissuasora, combatendo a precariedade, alargando o emprego público e a prestação de serviços às populações.
A defesa de um forte e dinâmico sector empresarial do Estado, pondo fim imediato ao processo de privatizações em curso e afirmando o interesse nacional em sectores estratégicos por via do controlo público de sectores como a banca.
Medidas de congelamento dos preços de bens e serviços essenciais – banca, seguros; energia,  portagens, energia, os transportes e as telecomunicações.  
Estas são, entre outras, propostas de Partido que não alinha no pântano do consenso que afunda o país.
É preciso dar uma forte resposta à ofensiva que aí está! Apoiando e dando força às lutas que estão em desenvolvimento. Preparando e dinamizando uma ampla resposta de mobilização que faça do próximo 1º Maio uma grande jornada de luta dos trabalhadores portugueses!


É perante a perspectiva de agravamento de todos os problemas, de todas as injustiças que nós dizemos que não há solução que não passe pelo reforço deste Partido e pelo reforço e ampliação da luta de massas, da luta dos trabalhadores e do nosso povo.
Pelo reforço e pelo apoio a este Partido Comunista Português e ao projecto patriótico e de esquerda de que é portador.
É aqui que reside, é neste Partido e com este Partido que os trabalhadores, os portugueses, podem encontrar o caminho da esperança de uma solução para os problemas do país e de uma vida digna e com justiça para todos.
A luta de massas é a única saída que pode travar a ofensiva e conter todas e cada uma das medidas que o PS e a direita preparam para os próximos tempos.


Só a luta, a ampliação em todas as frentes da resistência à política de direita pode derrotar o modelo económico e social fundado nas desigualdades e na injustiça e projectar uma nova vida para os portugueses.
Só a continuação da luta é solução para impor a viragem necessária, que de espaço ao surgimento de uma verdadeira alternativa que coloque o país no caminho do desenvolvimento e do progresso.
Nós não desarmaremos e muito claudicaremos. Porque este é o caminho que é necessário percorrer, porque é a única solução para dar volta à situação a que o país chegou!
Lutar e vencer com o PCP! Lutar e vencer com a luta dos trabalhadores e do nosso povo! 

 
Com o PCP,  Lutar e Vencer
Com o PCP,  Lutar e Vencer
Com o PCP,  Lutar e Vencer
Com o PCP,  Lutar e Vencer
Com o PCP,  Lutar e Vencer
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