Reforçar a luta e solidariedade dos
trabalhadores e dos povos
Speech - Carlos Carvalhas - Portuguese Communist Party
Quero em nome do Partido Comunista Português começar por saudar todos os participantes
e muito especialmente os nossos convidados estrangeiros neste Comício Internacional,
cuja realização é, só por si, uma significativa manifestação de esperança e
confiança no futuro, e um contributo para o reforço da cooperação entre forças
da esquerda e progressistas.
De forças que independentemente das diferenças e dos distintos percursos, aqui
quiseram demonstrar a sua luta comum e oposição à ofensiva do grande capital
contra o emprego com direitos, os salários reais e o desmantelamento dos sistemas
de segurança social.
A sua luta comum pela transformação da vida e por uma outra Europa.
De forças que recusam o credo neoliberal e os dogmas do pensamento das classes
dominantes, o chamado "pensamento único", mostrando que há alternativas,
outras propostas, outras medidas e outros projectos.
Pela nossa parte pensamos que perante a Europa de Maastricht e a ofensiva global
contra as conquistas dos trabalhadores e dos povos e a complexidade das questões
que temos pela frente, mais necessário se torna a nossa reflexão conjunta, a
solidariedade, as intervenções e as lutas comuns, complementares ou convergentes.
Tendo naturalmente em conta as especificidades de cada país há muitos objectivos
que podem congregar os nossos esforços comuns, como sejam: a luta para que sejam
os povos a decidir do futuro da Europa, a luta pela redução do horário de trabalho
sem perda de salários, pelo emprego com direitos, pela taxação dos movimentos
de capitais especulativos e parasitários que alimentam a economia de casino.
Bem assim como, o combate pela harmonização progressiva e por cima das conquistas
sociais, e por uma integração europeia que tenha por objectivos centrais não
a acumulação do capital financeiro e a dominação, mas a convergência real das
economias, o diálogo das culturas, a paz e o desenvolvimento com a sua dimensão
social e ambiental. E manifestando-nos por uma Europa de paz, há também a convergência
da luta contra o reforço e o alargamento geográfico da NATO.
Às forças do grande capital é necessário opor o reforço da luta e da solidariedade
dos trabalhadores e dos povos.
Pela nossa parte rejeitamos e combatemos as "milongas" e os fundamentalismos
dos que pretendem condicionar as consciências procurando fazer crer às populações
de que não há alternativa ao capitalismo e ao desemprego, que os jovens de hoje,
e os trabalhadores do amanhã, têm que se habituar, em nome da modernidade, a
terem por vezes trabalho mas a não terem emprego, como se este fosse um privilégio
e não um direito. A procurarem fazer crer em nome da modernidade, que o pleno
emprego é uma utopia, que a acentuação das desigualdades, a pobreza, a exploração
e a polarização da riqueza pertencem à ordem natural das coisas...
Entendemos que o caminho não é o da "adaptação", não é a abdicação
da luta para se ter a respeitabilidade do grande capital, nem é ter-se uma prática
de direita e um discurso hipócrita com a afirmação da "sensibilidade social",
mas sim, o da coerência entre as palavras e os actos, o do combate firme pelo
emprego, pelos salários e pelos direitos, o da luta pelo aprofundamento da democracia
em todas as suas vertentes.
Os povos resistem e lutam. No nosso País a dimensão das comemorações do 25
de Abril e do 1º de Maio, a luta pelas 40 horas e, entre outras, as lutas dos
ferroviários, dos professores e estudantes, dos trabalhadores do STAL, da Siderurgia,
do Sector Naval e da Grundig — que daqui saudamos — aí estão a comprová-lo.
Nós dizemos não à Europa de Maastricht, aos seus critérios, à sua União Económica
e Monetária e ao seu Banco Central sem qualquer controlo democrático.
O caminho da modernidade e do progresso, não é entrar no século XXI com o cortejo
das chagas sociais e com as conquistas e direitos dos trabalhadores ao nível
do princípio do século, mas sim lutar por avanços de civilização, pela construção
de uma nova sociedade num projecto humanista, enriquecido e renovado que acolha
o melhor do património já conquistado pelo movimento popular e que esteja aberto
para as necessidades que o devir histórico seguramente trará.
Aos nossos amigos, aos nossos convidados, às forças de esquerda queremos aqui
reafirmar que continuaremos a lutar por uma União Europeia de emprego, de "coesão
económica e social", de paz e cooperação. Queremos aqui reafirmar que podem
contar sempre e sempre com a solidariedade activa do Partido Comunista Português.
De um Partido, que não esquece que a grande causa a que consagra a sua luta
é também uma grande causa universal, que não esquece a contribuição e o apoio
que decorre para a sua própria luta, das experiências, das reflexões, dos êxitos
e dos avanços das forças progressistas de outros países. A luta continua!
Viva a cooperação entre as forças da esquerda e progressistas !
Viva a solidariedade e a unidade da classe operária e de todos os trabalhadores
!
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