Aqui estamos neste acto de abertura da Festa do «Avante!» celebrando os
30 anos desta grande realização política, cultural, humana, solidária e
internacionalista!
Aqui estamos num acto que sendo de abertura não é ponto de partida mas
antes um momento alto que só foi possível concretizar devido à
generosidade e empenhamento dos militantes comunistas e amigos do
Partido e da JCP, da disponibilidade democrática de muitas
instituições, erguendo esta cidade de três dias que contou com mais de
7700 participações nas jornadas de trabalho, sem incluir as milhares
dos que nos vão receber de hoje até Domingo.
Num tempo onde predominam os valores do individualismo e do egoísmo,
sentir e ver esta obra colectiva, onde se enlaça a inteligência, a
criatividade, a tarefa manual da mais simples à mais complexa, que
transforma projecto em obra, sentir e ver o orgulho e o esforço
incansável de tantos homens e mulheres conduz-nos a uma ideia que temos
ancorada na nossa mente e nos nossos corações:
Esta Festa é assim por causa do Partido que temos e do Partido que
somos, espelho de mil faces e espaço que resultam dos seus ideais, das
suas causas, da sua ética, do valor da participação militante e forma
de estar na política, do seu projecto avançado e transformador que
persegue e tenta concretizar o sonho milenário de libertação da
exploração do homem por outro homem. Espelho e realização que
revela os fundamentos e razões porque este Partido comemora 85 anos e
comemora os 75 anos do nosso jornal «Avante!», com uma história e uma
luta ímpares e incontornáveis na sociedade contemporânea, seja em
tempos de resistência seja em tempos de construção.
Ao darmos destaque, nesta Festa, ao centésimo aniversário do nascimento
de Lopes Graça e ao 45º aniversário do assassinato de José Dias Coelho
pelos esbirros do fascismo – vultos da cultura e da arte, mas exemplos
de resistência antifascista e de militância comunista – quisemos
significar que, honrando a memória dos nossos combatentes, valorizando
os intelectuais que abraçam a causa e o Partido da classe operária e de
todos os trabalhadores, dois exemplos, a que poderíamos juntar muitos
mil que lutaram com heroísmo não fizeram a luta pela luta ou para serem
ou quererem ser heróis mas antes porque a essa luta aliaram a sua
condição de comunistas, não morreram pensando que deviam levar o
Partido com eles mas antes para que o Partido continuasse a sua luta e
o seu projecto e tivesse o seu exemplo como referência.
Comunistas do nosso tempo, saberemos assumir essa responsabilidade!
A Festa não faz intervalo nem passa ao lado da vida e dos problemas com
que os trabalhadores e o povo português são confrontados. Muitas das
medidas, propostas de contra-reforma do Governo vão conhecer
desenvolvimentos e tentativas de concretização particularmente no plano
das funções sociais do Estado e da Administração Pública. Funções
sociais que comportam direitos constitutivos dos avanços
civilizacionais e de Abril — direito à saúde, ao ensino, à segurança
social, tal como ao emprego com direitos.
Sabemos que este Governo PS, identificando-se com as políticas
neo-liberais, executando uma política que a direita, junta ou separada,
não teria força e muito menos apoio social para realizar, tem hoje o
apoio e o aplauso do grande capital financeiros e dos grandes grupos
económicos.
Sabemos que perante a dimensão, profundidade e articulação da ofensiva
a situação não se inverte e os problemas não se resolvem sem a ruptura
com esta política e a construção de uma alternativa de esquerda. Mas,
como a vida nos ensinou, é a partir das questões concretas que nós
reforçamos a mobilização para a luta com objectivos mais amplos.
Não deixaremos de estar em nenhuma acção, protesto ou lutas justas, mas
transformaremos a questão da defesa da segurança social pública, do
combate ao aumento da idade da reforma e o combate à redução do valor
das pensões numa grande causa nacional, numa luta onde tratamos do
futuro.
A decisão da CGTP-IN de convocar e organizar um Protesto Nacional para
12 de Outubro, que envolva trabalhadores, jovens, reformados, comissões
e utentes dos serviços públicos, classes e camadas sociais atingidas
por esta política, cidadãos que se inquietam com o futuro do país, tem
da parte do PCP o compromisso de fazer todos os esforços para mobilizar
os militantes, amigos do Partido, trabalhadores e as populações para
esta jornada com a certeza de que se o Governo PS puder passa por cima
e pisa direitos se não encontrar resistência. O protesto popular e a
luta de massas é a barreira mais sólida e segura para os defender.
Esta Festa é alegria, convívio, camaradagem fraterna, debate político,
cultura e desporto. Que seja também impulso para lutar com força
e confiança com aquela esperança que se alimenta não do abstracto ou
dos gritos de alma, mas da acção, intervenção e luta dos trabalhadores
e das populações, eles sim insubstituíveis na defesa dos seus
interesses e direitos!
Temos connosco delegações dos cinco continentes, representantes de
milhões de comunistas e outros progressistas que em difíceis ou
complexas condições, também como nós, lá nos seus países não se
resignam, persistem na luta pelo bem estar dos seus povos, num mundo de
paz, mais justo, mais democrático, fraterno e solidário. A vós –
protagonistas da luta emancipadora e libertadora dos trabalhadores e
dos povos, num mundo carregado de perigos e ameaças mas simultaneamente
cheio de possibilidades para avançar e concretizar processos de justiça
social, democratização e soberania – a nossa saudação solidária.
Decidiram estar presentes, para alegria nossa, neste acto de abertura,
tendo muitos dado também a sua própria contribuição para criar o bonito
espaço de solidariedade internacionalista.
Sem formalismos, vejam, ouçam, desfrutem não só das manifestações
fraternas dos comunistas portugueses mas do povo que somos e do país
que temos!
Camaradas e amigos, está aberta a 30ª Festa do «Avante!»
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