Partido Comunista Português
Abertura da Festa do Avante! 2006 - Intervenção de Jerónimo de Sousa
Sexta, 01 Setembro 2006

O Secretário-Geral do PCP destacou na Festa do «Avante!» «os 30 anos desta grande realização política, cultural, humana, solidária e internacionalista!», salientando que sendo um acto de abertura «não é ponto de partida mas antes um momento alto que só foi possível concretizar devido à generosidade e empenhamento dos militantes comunistas e amigos do Partido e da JCP, da disponibilidade democrática de muitas instituições, erguendo esta cidade de três dias que contou com mais de 7700 participações nas jornadas de trabalho, sem incluir as milhares dos que nos vão receber de hoje até Domingo». Numa breve intervenção, Jerónimo de Sousa sublinhou também o compromisso do PCP de fazer todos os esforços para mobilizar os militantes, amigos do Partido, trabalhadores e as populações para o Protesto Nacional de 12 de Outubro, convocado pela CGTP-IN e terminou convidando os visitantes a que «sem formalismos, vejam, ouçam, desfrutem não só das manifestações fraternas dos comunistas portugueses mas do povo que somos e do país que temos!»

 

abertura da festa do Avante 2006

 

Aqui estamos neste acto de abertura da Festa do «Avante!» celebrando os 30 anos desta grande realização política, cultural, humana, solidária e internacionalista!

Aqui estamos num acto que sendo de abertura não é ponto de partida mas antes um momento alto que só foi possível concretizar devido à generosidade e empenhamento dos militantes comunistas e amigos do Partido e da JCP, da disponibilidade democrática de muitas instituições, erguendo esta cidade de três dias que contou com mais de 7700 participações nas jornadas de trabalho, sem incluir as milhares dos que nos vão receber de hoje até Domingo.
Num tempo onde predominam os valores do individualismo e do egoísmo, sentir e ver esta obra colectiva, onde se enlaça a inteligência, a criatividade, a tarefa manual da mais simples à mais complexa, que transforma projecto em obra, sentir e ver o orgulho e o esforço incansável de tantos homens e mulheres conduz-nos a uma ideia que temos ancorada na nossa mente e nos nossos corações:

Esta Festa é assim por causa do Partido que temos e do Partido que somos, espelho de mil faces e espaço que resultam dos seus ideais, das suas causas, da sua ética, do valor da participação militante e forma de estar na política, do seu projecto avançado e transformador que persegue e tenta concretizar o sonho milenário de libertação da exploração do homem por outro homem.  Espelho e realização que revela os fundamentos e razões porque este Partido comemora 85 anos e comemora os 75 anos do nosso jornal «Avante!», com uma história e uma luta ímpares e incontornáveis na sociedade contemporânea, seja em tempos de resistência seja em tempos de construção.

Ao darmos destaque, nesta Festa, ao centésimo aniversário do nascimento de Lopes Graça e ao 45º aniversário do assassinato de José Dias Coelho pelos esbirros do fascismo – vultos da cultura e da arte, mas exemplos de resistência antifascista e de militância comunista – quisemos significar que, honrando a memória dos nossos combatentes, valorizando os intelectuais que abraçam a causa e o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, dois exemplos, a que poderíamos juntar muitos mil que lutaram com heroísmo não fizeram a luta pela luta ou para serem ou quererem ser heróis mas antes porque a essa luta aliaram a sua condição de comunistas, não morreram pensando que deviam levar o Partido com eles mas antes para que o Partido continuasse a sua luta e o seu projecto e tivesse o seu exemplo como referência.
Comunistas do nosso tempo, saberemos assumir essa responsabilidade!

A Festa não faz intervalo nem passa ao lado da vida e dos problemas com que os trabalhadores e o povo português são confrontados. Muitas das medidas, propostas de contra-reforma do Governo vão conhecer desenvolvimentos e tentativas de concretização particularmente no plano das funções sociais do Estado e da Administração Pública. Funções sociais que comportam direitos constitutivos dos avanços civilizacionais e de Abril — direito à saúde, ao ensino, à segurança social, tal como ao emprego com direitos.

Sabemos que este Governo PS, identificando-se com as políticas neo-liberais, executando uma política que a direita, junta ou separada, não teria força e muito menos apoio social para realizar, tem hoje o apoio e o aplauso do grande capital financeiros e dos grandes grupos económicos.
Sabemos que perante a dimensão, profundidade e articulação da ofensiva a situação não se inverte e os problemas não se resolvem sem a ruptura com esta política e a construção de uma alternativa de esquerda. Mas, como a vida nos ensinou, é a partir das questões concretas que nós reforçamos a mobilização para a luta com objectivos mais amplos.

Não deixaremos de estar em nenhuma acção, protesto ou lutas justas, mas transformaremos a questão da defesa da segurança social pública, do combate ao aumento da idade da reforma e o combate à redução do valor das pensões numa grande causa nacional, numa luta onde tratamos do futuro.
A decisão da CGTP-IN de convocar e organizar um Protesto Nacional para 12 de Outubro, que envolva trabalhadores, jovens, reformados, comissões e utentes dos serviços públicos, classes e camadas sociais atingidas por esta política, cidadãos que se inquietam com o futuro do país, tem da parte do PCP o compromisso de fazer todos os esforços para mobilizar os militantes, amigos do Partido, trabalhadores e as populações para esta jornada com a certeza de que se o Governo PS puder passa por cima e pisa direitos se não encontrar resistência. O protesto popular e a luta de massas é a barreira mais sólida e segura para os defender.

Esta Festa é alegria, convívio, camaradagem fraterna, debate político, cultura e desporto.  Que seja também impulso para lutar com força e confiança com aquela esperança que se alimenta não do abstracto ou dos gritos de alma, mas da acção, intervenção e luta dos trabalhadores e das populações, eles sim insubstituíveis na defesa dos seus interesses e direitos!
Temos connosco delegações dos cinco continentes, representantes de milhões de comunistas e outros progressistas que em difíceis ou complexas condições,  também como nós, lá nos seus países não se resignam, persistem na luta pelo bem estar dos seus povos, num mundo de paz, mais justo, mais democrático, fraterno e solidário. A vós – protagonistas da luta emancipadora e libertadora dos trabalhadores e dos povos, num mundo carregado de perigos e ameaças mas simultaneamente cheio de possibilidades para avançar e concretizar processos de justiça social, democratização e soberania – a nossa saudação solidária.

Decidiram estar presentes, para alegria nossa, neste acto de abertura, tendo muitos dado também a sua própria contribuição para criar o bonito espaço de solidariedade internacionalista.
Sem formalismos, vejam, ouçam, desfrutem não só das manifestações fraternas dos comunistas portugueses mas do povo que somos e do país que temos!

Camaradas e amigos, está aberta a 30ª Festa do «Avante!»