Partido Comunista Português
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PCP no Campo Pequeno

Artigos do jornal Avante! sobre Congresso do PCP
Sobre desporto - Intervenção de Miguel Tiago
Domingo, 30 Novembro 2008
miguel_tiago.jpgCom mais de setenta por cento de cento da população com estilos de vida sedentários e com apenas 22% praticando regularmente o desporto, podemos afirmar que o Direito à prática desportiva em Portugal, embora assegurado na Constituição da República, está longe de ser garantido. 
 
 
Intervenção de Miguel Tiago  
Membro da Comissão Política da DN da JCP
 
Camaradas,

Com mais de setenta por cento de cento da população com estilos de vida sedentários e com apenas 22% praticando regularmente o desporto, podemos afirmar que o Direito à prática desportiva em Portugal, embora assegurado na Constituição da República, está longe de ser garantido. No entanto, os sucessivos governos continuam a centra a política desportiva na conversão do Estado em mero organizador de eventos desportivos de grande dimensão. 

Ao invés de se investir na estrutura e infra-estrutura desportiva, o actual Governo, como os anteriores, vira toda a sua intervenção para os fenómenos desportivos de entretenimento, afastando-se cada vez mais do cumprimento do papel do Estado na promoção da formação da cultura integral do indivíduo. O desporto, particularmente a prática desportiva e actividade física são, além de um direito, um importante factor de promoção do bem-estar e da saúde das populações. 

A Lei de Bases do Desporto do Partido Socialista vem aprofundar este rumo de minimização do papel do desporto na sociedade e de redução desse direito à sua vertente comercial e mercantil, acantonando o fenómeno desportivo a uma perspectiva meramente supra-estrutural sem reflexos na vida das populações e, contraditoriamente, muitas vezes estimulando os estilos de vida sedentários. É diferente exercer o direito à prática desportiva do que assistir a um jogo da liga na televisão. Mesmo o desporto como espectáculo está cada vez mais distante da sua expressão associativa e em muitas das suas modalidades está hoje completamente empresarializado. 

O Governo promove esta visão do desporto, contra o desenvolvimento desportivo propriamente dito. A preparação de atletas de alta-competição fica assim desligada do desporto de massas, porque esse não tem os necessários apoios. A lei visa regular um mercado desportivo e não impulsionar a democratização do desporto. A intervenção do Estado limita-se cada vez mais a destacar eventos desportivo-comerciais que redundam em gigantescas operações de publicidade, sem nenhuma mais-valia para o desporto nacional. 

O investimento numa rede de infra-estruturas desportivas é feito ao sabor de clientelismos locais, clubísticos e económicos. 

O desporto no trabalho não merece qualquer apoio e é cada vez mais um direito do passado na política destes Governos.

A prática desportiva é confundida com o mercado dos ginásios privados, que vendem a peso de ouro um serviço que deveria estar assegurado no quadro público. O movimento associativo popular e o poder local democrático – que são efectivamente os responsáveis pelos únicos passos que se deram para a democratização do desporto – vêem-se confrontados com a limitação da sua capacidade de intervir no terreno, mercê da falta de apoios e da forma cada vez mais centralizada como o Governo entende a política desportiva. 

O desporto escolar abrange uma fatia menor da comunidade estudantil e a actividade física é retirada dos currículos escolares e privatizada por via das chamadas Actividades de Enriquecimento Curricular. 

A prática desportiva e o envolvimento associativo e federativo de mulheres é incomparavelmente inferior ao dos homens, sendo que, como noutras esferas da actividade e intervenção sociais, as mulheres são duplamente penalizadas pela sua condição de trabalhadoras e mulheres simultaneamente. 

O desporto é pois, além de um factor de bem-estar, um factor de emancipação humana, que cultiva o Homem e mobiliza as populações, que estimula o relacionamento colectivo e associativo. Por isso mesmo é que o PCP tem proposto um conjunto de iniciativas com o objectivo de promover um efectivo Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo, que junte escolas, sindicatos, autarquias, governo e movimento associativo na construção de uma estrutura que não se limite ao espéctaculo e que não remeta a prática desportiva à sua condição de negócio chorudo. Que possibilite a todos o acesso gratuito e democrático às infra-estruturas e à prática desportiva, que envolva as populações e assegure o papel do Estado como elemento central no apoio ao movimento associativo popular com vista à generalização da prática desportiva.

Viva o XVIII Congresso!
Viva a JCP!
Viva o PCP!