Partido Comunista Portugu�s
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Soberania e independência nacional - Intervenção de Albano Nunes
Sábado, 16 Dezembro 2006
Camaradas
Com a revolução de Abril abriu-se uma possibilidade real de Portugal quebrar as amarras de submissão ao imperialismo que constituíam uma das características do fascismo.
Não foi porém o que aconteceu.
Aos gravíssimos constrangimentos da NATO veio juntar-se a adesão à CEE inserida na estratégia de recuperação capitalista da nossa revolução.
As negativas consequências da integração numa dinâmica de bloco imperialista tornaram-se ainda mais graves pelas políticas de vergonhosa abdicação nacional tanto do PS como do PSD e CDS. A soberania do nosso país tem sido duramente golpeada e diminuída e a independência nacional está a ser seriamente comprometida.
A vida deu uma vez mais razão ao nosso Partido quanto às graves consequências da integração na CEE. Devemos valorizar muito o precioso capital político que resulta do acerto da análise e previsão do PCP. Mas temos também de ter bem presente que esta realidade está obscurecida aos olhos das massas por uma sistemática campanha de desinformação e por teorizações que justificam os atentados à soberania nacional por um inultrapassável fatalismo a que os portugueses teriam necessáriamente de resignar-se. As políticas de seguidismo e submissão aos interesses das grandes potencias capitalistas que dominam o processo de integração – como a Alemanha, a França, a Grã-Bretanha, e cada vez mais a própria Espanha – não teriam afinal alternativa.
Entre essas teorizações destacam-se essencialmente duas. As que procuram convencer-nos que a melhor forma de defender os interesses de Portugal é ceder em toda a linha às exigências externas e entregar os instrumentos de soberania em troca de uma ilusória posição no “pelotão da frente”. E as dos autodesignados “europeistas de esquerda” que consideram caduco o conceito de estado nação e com ele o sem sentido da luta em defesa da soberania nacional. São concepções que, com mais ou menos “consciência social” e “anti-neoliberalismo” convergem na mesma posição federalista, na mesma aceitação de uma “Constituição” acima das Constituições nacionais, na mesma idéia de uma “Europa” supranacional com as suas “políticas comuns” e transformada em superpotência, mais ou menos articulada com os EUA, com uma “estratégia” no plano mundial.
Ou seja, camaradas, como sempre acontece nas questões nodais da luta de classes, o PCP rema contra a corrente. Mas isolado no plano das principais forças políticas o PCP está certo de interpretar os interesses profundos dos trabalhadores, do povo e do país ao persistir:
- na defesa intransigente da soberania e independência nacional;
- no combate às vergonhosas políticas de submissão ao imperialismo que estão a arrasar a economia do país e a tornar o Palácio das Necessidades e as Forças Armadas portuguesas em instrumento da estratégia exploradora e agressiva dos EUA, da NATO, da União Européia;
- em mostrar que, proclamada como uma necessidade para a chamada “consolidação da democracia portuguesa”, a adesão à CEE se confirmou como um autêntico buldozer contra o regime democrático consagrado na Constituição de Abril e que, em nome de inaceitáveis políticas securitárias avançam a partir da U.E. inquietantes ataques a direitos e liberdades fundamentais;
- na demonstração pelos factos de como o espaço nacional continua a ser o terreno decisivo da luta de classes, de resistência à recolonização imperialista e à ditadura das transnacionais, de transformação progressista e revolucionária da sociedade. As próprias organizações internacionais só desempenharão as necessárias funções de cooperação, desenvolvimento e paz, se assentarem em governos democráticos identificados com as aspirações dos seus povos a uma vida melhor;
- numa política de diversificação das relações internacionais em lugar do inaceitável afunilamento que hoje se verifica em direcção aos mais poderosos e dominadores países capitalistas;
- numa política de paz e amizade com todos os povos, activamente solidária com todos os que lutam pela sua libertação, o que passa por um ponto final, tanto na utilização do território nacional e das FF.AA. portuguesas em operações de agressão, como nas posições saudosistas e neocolonialistas que estão a levantar cabeça em Portugal, nomeadamente em relação á África, a troco de algumas migalhas do bolo que o imperialismo se propõe abocanhar no continente negro.

Camaradas
O Governo do PS, de concerto com Cavaco Silva e os partidos da direita, pratica uma política de vergonhosa submissão de Portugal ao imperialismo.
Escancara o país às multinacionais, está sempre pronto a participar em operações militares imperialistas, bate-se pelo reforço da U.E. como bloco estreitamente articulado com os EUA, oferece-se como ponta de lança de projectos de recolonização em África, nega ao povo português os indispensáveis esclarecimentos sobre a utilização de aeroportos nacionais para sinistras operações da CIA. Como se viu na cimeira da NATO em Riga, Sócrates não desdenha os elogios de Bush, precisamente no momento em que este, atolado no Iraque e Afeganistão, se encontra profundamente desmascarado e descredebilizado junto do próprio povo norte-americano.
É difícil conceber uma política externa mais submissa. É difícil ver qualquer diferença entre a política externa do Governo PS e a praticada por Durão Barroso, o mordomo da “cimeira da guerra” dos Açores e actual Presidente da Comissão Européia.
Não admira por isso que, tal como já havia sucedido em 2000 com a “estratégia de Lisboa” que, com o “Pacto de Estabilidade” está a servir de carro de assalto a direitos fundamentais dos trabalhadores e ao Estado democrático, tudo se encaminhe para que a  Presidência portuguesa da U.E. que terá lugar no segundo semestre do próximo ano, seja  barriga de aluguer das políticas que indicarem o grande capital, a Alemanha e outros países poderosos, nomeadamente em relação à chamada “constituição européia”.

Camaradas
Tudo isto tem contado e continuará a contar com a firme oposição e o combate sem tréguas dos comunistas. Como dizemos no nosso Programa para uma democracia avançada no limiar do século XXI, “ a independência, a soberania e a integridade territorial de Portugal constituem valores fundamentais e inalienáveis do Povo, da Nação e do Estado”. Na nossa luta do dia a dia temos de ter sempre bem viva esta tese programática do nosso Partido.