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Intervenção de Jerónimo de Sousa na AR
Manuel Alegre
Quinta, 23 Julho 2009
assembleia.jpgUmas breves palavras, que não são de despedida - despedida, possivelmente, do Hemiciclo, de Deputado, mas não da vida nem da luta, acredito eu.  

O cessar de funções de Deputado e Vice-Presidente da Assembleia da República de Manuel Alegre (PS)

Sr. Presidente,
Sr. Deputado Manuel Alegre,

Umas breves palavras, que não são de despedida - despedida, possivelmente, do Hemiciclo, de Deputado, mas não da vida nem da luta, acredito eu.

Quero dizer-lhe que foram muitos os momentos de divergência, de confronto ideológico, com uma grande frontalidade, a roçar a dureza, mas aquela dureza sã. E recordo-me também, quando entrei neste Hemiciclo, como jovem operário, que um contínuo, ainda da outra Assembleia, se é que se podia chamar Assembleia, veio ter comigo e disse-me: «Faça favor de preencher este documento, Sr. Dr.».

Ora, isto em 1975, como o Manuel sabe, era quase uma ofensa para mim.

Respondi-lhe: «Eu não sou doutor.» Ele respondeu: «Ah, desculpe, Sr. Eng.º!»

De facto, nesta Casa só entravam doutores e engenheiros.

Aprendi também a formar a minha própria consciência e a reconhecer os méritos do confronto que, em democracia, tantas vezes se deu aqui, particularmente no Plenário da Assembleia Constituinte.

Mas o que é mais relevante na minha memória é a convergência, consigo e com outros, com outras forças políticas, aqui, na Assembleia Constituinte, que conseguiram que essa convergência edificasse um projecto de sociedade, um projecto de regime democrático, que foi a Constituição da República Portuguesa, como disse, na sua intervenção, um regime democrático que é inseparável nas suas diversas vertentes, política, económica, social, cultural, a que eu acrescento a independência nacional.

Por isso mesmo, aquilo que retenho foi essa obra conjunta que ainda perdura, apesar de, muitas vezes, ameaçada aqui ou acolá, empobrecida.

Mas continua a ser um projecto e nós, comunistas, lutámos muito por isso, reconhecendo que outros democratas o fizeram também.

Talvez seja a melhor forma de lhe dizer que não será uma despedida, cá estaremos, no confronto, na divergência, mas também na convergência, em nome de uma vida melhor para Portugal e para os portugueses.

 

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