O ser humano acima de tudo
Speech - Nicos Hountis - Membro do Secretariado Político
do Synaspismos - Coligação da Esquerda e do Progresso / Grécia
Como representante da Coligação da Esquerda e do Progresso, trago-vos
as saudações de camaradagem e militância do Partido da esquerda contemporânea
e radical da Grécia, que, desde as eleições gerais do passado mês de Setembro
e após uma interregno de três anos, tem de novo deputados eleitos no Parlamento.
Manifestamo-nos convosco por uma Europa de pleno emprego com
direitos, uma Europa de coesão social, ecológica, de paz e
cooperação entre os povos e os seus cidadãos.
Exprimimos a nossa grande satisfação pelo prosseguimento
destes comícios que se iníciaram com o Comício de Paris, no
ano passado, iniciativas que apoiamos com entusiasmo e optimismo.
Este Comício coincide com as mobilizações de solidariedade
para com os trabalhadores da Renault; com a mobilização
pan-europeia da Confederação Europeia de Sindicatos de 28 de
Maio; com a iniciativa de membros do Parlamento Europeu pelo
pleno emprego; e com os Euro-desfiles para Amsterdão, no
próximo mês.
Todas estas iniciativas são a prova concreta de que o destino
e futuro da Europa não pode ser definido pelo capital financeiro
e as multinacionais, pelas opções neo-liberais das forças
conservadoras. Em nome da economia de mercado, estas forças
estão a moldar uma Europa de desemprego, de exclusão social, de
pobreza e nova miséria; uma Europa a várias velocidades e com
desigualdades, à custa dos países mais pequenos, dos
trabalhadores, das mulheres, da juventude e dos migrantes.
As políticas de duro rigor orçamental e austeridade são
completadas por um ataque frontal aos rendimentos dos
trabalhadores, pela degradação das relações laborais, pela
desintegração do Estado Social.
Desta forma, não só geram novas desigualdades económicas e
sociais, mas fazem alastrar o desemprego, com a redução do
custo do trabalho e o ainda maior desmembramento do aparelho
produtivo dos países. São assim marginalizados vastos sectores
da população e aduba-se o terreno para o crescimento dos
fenómenos de racismo e xenofobia, em especial nos países que
acolhem trabalhadores imigrantes.
À idolatria pelos números e pelos critérios nominais de
Maastricht, à acumulação extrema de riqueza nas mãos de
poucos, as forças de Esquerda respondem com a preocupação
pelas pessoas comuns, pelos trabalhadores, pelos agricultores,
pelos reformados, pelo ambiente.
No meu país o desemprego está prestes a alcançar – ou
alcançou já – os 11 por cento; mais de um quinto dos lares
vive abaixo do limiar da pobreza; a taxa de lucro do grande
capital é a mais alta da Europa, ao mesmo tempo que as despesas
com cuidados sociais são as mais baixas da Europa. Mas nos
últimos tempos tem havido na Grécia enormes lutas de
agricultores, professores, trabalhadores portuários, reformados
e operários das fábricas.
As opções conservadoras do novo governo são postas em causa
e combatidas, ao mesmo tempo que se revelam socialmente injustas
e ineficazes.
O Synaspismos defende uma redução no horário de trabalho
sem redução de salários; apoio aos desempregados e
legalização dos trabalhadores estrangeiros no nosso país. O
Synaspismos defende a necessidade de uma novo Estatuto das
relações de trabalho que fortaleça o emprego estável e para
todos.
O Synaspismos procura fazer do caminho para a integração
europeia um caminho de convergência real, de rosto democrático,
social, feminista e ecológico, rumo a uma Europa de amizade e
cooperação entre os seus Estados e povos.
Lutamos por instituições e políticas que ponham o ser
humano acima de tudo, como se afirma na plataforma de Acção
Conjunta sobre a Conferência Intergovernamental do Forum da Nova
Esquerda Europeia.
Não queremos uma fortaleza Europa, mas uma Europa que
contribua para atenuar o explosivo abismo Norte-Sul.
O Synaspismos defende a participação dos cidadãos na
criação duma tal Europa. É por esta razão que pedimos que os
resultados da Conferência Intergovernamental sejam submetidos a
um referendo em toda a Europa, o que exige uma grande campanha
pela informação e resistência dos trabalhadores ao desumano
curso neoliberal dos poderosos da Europa.
Hoje, quando o processo da Conferência Intergovernamental
chega à sua fase final, acreditamos ser possível inverter a
situação, pela acção coordenada e a solidariedade dos
trabalhadores da Europa, pelo esforço conjunto das forças de
Esquerda.
As lutas a nível nacional e europeu, a coordenação e
acção conjunta das forças de Esquerda, como o comício de
hoje, podem forjar uma poderosa frente de resistência, podem
alterar a actual correlação de forças.
São mensagens de esperança e optimismo para a nossa luta por
uma Europa dos trabalhadores e das Nações.
É por isso que participamos neste Comício com grande prazer
e satisfação. Estamos certos de que ele exprime a vontade e as
aspirações dos trabalhadores e dos agricultores, não apenas de
Portugal, mas de toda a Europa.
Permitam-me, por isso, que mais uma vez transmita as calorosas
saudações dos militantes e simpatizantes do Synaspismos, e a
nossa mensagem de luta e esperança para os trabalhadores de toda
a Europa; uma mensagem de coordenação e acção conjunta entre
as forças de esquerda e progressistas, por uma proposta
alternativa para a Europa, apelo e desafio dos nossos dias.
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