Na sua essência, o problema é em betão. Tem cerca de nove metros de altura e o topo coberto de arame farpado electrificado. No chão, igualmente se estende uma densa rede de arame farpado e distinguem-se numerosas guaritas. Está previsto ter uns mil quilómetros, sensivelmente a distância entre Lisboa e Barcelona.

O problema tem outro problema, pelo menos em inglês: o nome.

Em rigor, trata-se evidentemente de uma wall, isto é, segundo os dicionários, uma «parede, muro, muralha»; mas a imprensa americana prefere chamar-lhe uma fence, ou seja, uma «vedação, valado, sebe» está a ser construída por Israel ao ritmo de 24 horas por dia, ao longo de fronteira com a Cisjordânia.

Isto é: se fosse ao longo da linha internacionalmente reconhecida em 1967, teria 360 quilómetros.

Mas os israelitas constroem-na sinuosamente, de forma a incluir no seu lado os poços de água e os colonatos ilegalmente construídos, assim reduzindo o território palestiniano em mais de dez por cento em área, mas muito mais economicamente: culturas destruídas, penúria de água, etc.

«O tão celebrado George Orwell explica: é a chamada newspeak. Em Berlim chama-se "muro", na Palestina "vedação".»