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A esquerda tem de ser firme - Gudrun Schyman (PES / Suécia)
Sábado, 24 Maio 1997

A esquerda tem de ser firme
Speech - Gudrun Schyman - Presidente do Partido da Esquerda da Suécia

Agradeço-vos profundamente o convite que me foi dirigido para participar neste Comício e presenciar esta importante acção contra o desemprego crescente. Este é um Comício de grande importância, e não apenas porque aqui se reúne a Esquerda Europeia. Trata-se de um Comício importante porque demonstra publicamente que existe uma luta colectiva contra o desemprego em toda a Europa. Podemos evidenciar que os cidadãos Suecos e os cidadãos Portugueses enfrentam um problema comum – e podemos também evidenciar publicamente que existe uma vontade colectiva de mudança. Este movimento de Esquerda reúne-se aqui, não apenas para demonstrar que há problemas comuns, mas também para demonstrar que os Partidos de esquerda têm soluções comuns.

A ideologia hoje dominante afirma que há que manter os salários baixos, que há que reduzir os direitos sociais. Afirma que as empresas devem reforçar a sua influência e que os sindicatos têm de ser enfraquecidos. Essa ideologia chama-se neoliberalismo. Isto significa que cada pessoa tem que estar entregue apenas a si mesma, e a mais ninguém, e que o Estado não deve interferir nas suas vidas, nem na tomada de decisões de natureza económica. Os custos sociais desta política estão à vista no desemprego em massa, na miséria, na toxicodependência e na criminalidade. Devemos prosseguir no combate a esta ideologia. A esquerda tem de ser firme e determinada na sua crítica, mas também criativa na apresentação de alternativas.

Uma das questões mais importantes hoje é a UEM – a União Económica e Monetária. Devemos deixar claro que a UEM não é uma mera questão económica. É uma questão política. É uma questão de democracia : quem vai decidir e sobre quê vai decidir! Queremos ter o poder de mudar algumas das políticas económicas através de eleições e da acção política, ou pelo contrário queremos entregar todo o poder de decisão a um Banco Central em Frankfort? Banco Central que será uma instituição completamente fechada aos cidadãos, sem qualquer controlo democrático e em cujos Estatutos figurarão as mais brutais políticas capitalistas. Políticas geradoras de desemprego. Camaradas, o desemprego em massa é o melhor amigo do patronato!

O meu Partido diz NÃO à UEM! Queremos que sejam os povos a decidir do seu futuro e a escolher os seus dirigentes políticos. E defendemos que os povos devem decidir em referendo se querem ou não aderir a esta União Económica e Monetária. Mas o referendo tem de ser antecedido por uma campanha justa. E digo justa, porque na Suécia perdemos um referendo por ligeira margem, só 52% disseram sim à União Europeia . Mas agora as sondagens revelam que 60% dos suecos se opõem à União Europeia. Na Suécia, a campanha não foi séria, o movimento pró-Europeu tinha muito mais recursos à sua disposição, teve o apoio de toda a comunicação social e também usou de falsos argumentos.

Hoje, a Suécia é o país da Europa mais crítico em relação da União Europeia. E as mulheres são as mais críticas! Muitas pessoas foram prejudicadas nas suas vidas pela adesão à União Europeia e pelo desemprego criado pelas suas políticas e os critérios de convergência da UEM. As mais prejudicadas foram as mulheres. Os ataques e cortes no sector público e no sistema de segurança social representaram duros golpes, e para as mulheres esses golpes foram duplamente sentidos.

Na Suécia, o sector público é o maior empregador de mulheres. Cortes no sector público significam não só que as mulheres perdem o seu emprego, mas também que perdem a possibilidade de conjugar um emprego com a vida familiar, pois é no sector público que existem creches e centros de apoio onde deixar as crianças e as pessoas idosas. Isto não quer dizer que na Suécia as mulheres não tenham de trabalhar a dobrar. Essa é a realidade, na Suécia como em todo o mundo. Às mulheres do Mundo cabem 75% das horas de trabalho, mas apenas 10% dos rendimentos e 1% da propriedade. Todos nós, homens e mulheres, devemos lutar, dentro e fora dos nossos Partidos, mudar isto.

Disse que os Partidos de esquerda têm de apresentar alternativas às actuais políticas. Uma alternativa é a redução do horário de trabalho. Na Suécia lutamos para reduzir o horário de trabalho normal para seis horas diárias. Temos de acabar com as horas extraordinárias – hoje as pessoas trabalham muito mais do que 8 horas diárias, e muitas dessas horas não são pagas, porque as pessoas têm medo de perder os seus empregos. Temos de encontrar novas formas de criar o pleno emprego. São precisos empregos no sector público e empregos para a defesa do ambiente. A procura de soluções ecologicamente sustentáveis para a produção e o consumo também cria empregos. Há que exigir das grandes empresas, em particular das multinacionais, que assumam as suas responsabilidade financeiras e sociais para com os seus trabalhadores. Criar um imposto mundial sobre a especulação.

Camaradas, temos de lutar contra o brutal sistema capitalista que é dominado pela procura míope do poder e do lucro! O nosso objectivo é o de alcançar o pleno emprego e uma sociedade sustentável que garanta a todos uma vida digna.

Camaradas, temos de lutar em conjunto!