Temos força para mudar de rumo
Speech - Tapani Kaakkuriniemi - Aliança da Esquerda
da Finlândia
Um espectro passeia-se pela Europa, o espectro do desemprego maciço.
Em quinze anos, a natureza do trabalho sofreu uma transformação drástica.
Até aos anos 80, um trabalhador ou uma trabalhadora eram apreciados de acordo
com o seu trabalho e a sua existência dependia estreitamente das oportunidades
de trabalho remunerado. Nesses tempos a sociedade e os mecanismos do mercado
eram considerados como responsáveis pelo desemprego. Agora, cada vez mais pessoas
são excluídas do trabalho remunerado e da segurança social. Diz-se-lhes que
não são suficientemente capazes, num mercado de trabalho em mudança, porque
perderam os seus empregos. Camaradas, isto não está certo! A política monetarista
e neo-liberal dos governos da Europa Ocidental não garante a segurança social.
Dividem as pessoas em dois grupos: os que conseguem sobreviver e viver bem e
os que não podem satisfazer as suas necessidades. Esta política gera miséria.
Quem pode mudar isto? Nós, camaradas, nós que militamos nos partidos comunistas
e de esquerda!
Os valores centrais da Esquerda dão relevo à justiça social
e à igualdade, bem como à responsabilidade ecológica e ao
internacionalismo. Assim é também para o nosso Partido, a
Aliança de Esquerda da Finlândia. Há três semanas, o Partido
reafirmou uma resolução em que declara o pleno emprego como o
objectivo central do Partido, tanto internamente como a nível
europeu.
Na Finlândia a taxa do desemprego é de 17% e cerca de 6% da
população são desempregados de longa duração, muitos foram
já completamente marginalizados de qualquer actividade. Dezenas
de milhar de jovens nem sequer encontram primeiro emprego.
Necessidade e miséria, que se julgavam ultrapassadas, são hoje
parte do dia-a-dia do meu País. O desemprego das mulheres,
comparado ao dos homens, é ainda pior.
Investidores de capital e corporações gigantescas podem
agora pressionar com maior sucesso os governos, bancos centrais e
organizações sindicais. A questão política chave, no plano
nacional, no plano europeu e no plano mundial, será, nos anos
mais próximos, a questão de encontrar um antídoto ao domínio
das forças de mercado.
Em consequência, a Esquerda tem de construir uma estratégia
internacional conjunta que combine acções locais com uma
responsabilidade e um pensamento globais.
Até aqui, era corrente acreditar-se que o crescimento
económico criava empregos. Isto já não é assim. Quando a
produtividade do trabalho, devido à introdução de novas
tecnologias, cresce mais do que a produção, então é
imperativo reduzir o tempo médio de trabalho, se não quisermos
conformar-nos com o desemprego maciço permanente. E, camaradas,
nós não nos conformaremos com a miséria!
A alternância do trabalho abre possibilidades que importa
serem compreendidas pelo maior número possível de empresas e
instituições. No nosso País, a Lei das Licenças
Prolongadas, proposta em 1991 pela Aliança de Esquerda, está
nesta altura em elaboração. A experiência do regime de
trabalho em dois turnos diários de seis horas, deu bons
resultados. Outras medidas são necessárias, com planos de
reforma flexíveis e empregos com perfis individuais. Vários
modelos de rendimento dos cidadãos devem ser experimentados.
O sector público é particularmente importante quando se
criam empregos para mulheres. A assistência social não
deve ser desmantelada nem intencionalmente privatizada. Nos
empregos municipais as pessoas são compelidas a gastar-se até
ao esgotamento. A partilha de trabalho pode ajuda-los a criar
novos empregos no sector público.
A Aliança de Esquerda da Finlândia apoia decididamente o
objectivo do pleno emprego na União Europeia. Em vez da
orientação monetarista de hoje, a União Europeia precisa agora
duma política de emprego adaptada à conjuntura. Mas a
responsabilidade última cabe aos estados-membros e seus
governos. Sozinho, nenhum de nós é suficientemente forte para
determinar uma correcção das políticas governamentais. É
preciso o apoio massivo do povo trabalhador.
Assim, temos de cooperar com o movimento sindical para fazer a
exigência políticas que promovam o emprego. Temos de fortalecer
a aliança das forças de Esquerda na Europa, porque o problema
do desemprego é transnacional. E só pode ser resolvido pelo
fortalecimento da frente anti-imperialista! Por isso aqui estamos
com esta grande massa de gente consciente.
O direito ao trabalho é um dos direitos humanos fundamentais.
É preciso que ele se cumpra! Unidos venceremos! Como movimento
de massas e como partidos políticos temos força suficiente para
mudar de rumo! Vamos em frente!
|