Inicio
Intervenções e Artigos
Posições Políticas sobre IVG
PCP na AR sobre IVG
Tempos de Antena do PCP
Fotos da Campanha
Apelo do Comité Central do PCP
Questões Legais sobre Referendo
 Folheto IVG -2ª Fase
Folheto em PDF
Depoimentos em video



Início arrow PCP na AR sobre IVG
Abertura do Ano Escolar
Intervenção de Luísa Mesquita
Quinta, 02 Setembro 2004

Senhora Ministra,

Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Podemos afirmar com segurança que nenhum início de um ano lectivo esteve tão comprometido como aquele que aí vem de 2004-2005, num dia de Setembro na perspectiva do governo mas que aqueles que conhecem o sistema dizem impossível e irrealista.

Como se já não bastasse tudo aquilo que este governo fez desde Abril de 2002 para estrangular os estabelecimentos de ensino, promover a desigualdade de oportunidades, incentivar irregularidades nas escolas como aconteceu com a revisão curricular do Ensino Secundário que funcionou, ilegal e clandestinamente durante o anterior ano lectivo, hoje é o descalabro, a incompetência e a trapalhada nas colocações dos professores e educadores de infância.

Não há memória de uma situação similar relativamente à colocação de educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário.

A incompetência técnica e a irresponsabilidade estão a gerar o caos nas escolas e no seio dos milhares de professores. De lista provisória em lista provisória os erros mantêm-se e o governo parece brincar com a angústia e a preocupação dos professores e das famílias que não sabem qual a sua vida familiar e profissional nos próximos meses.

A incompetência manifestada e os custos inerentes a este processo não podem ser ignorados, nem silenciados.

Mas, entretanto o governo já veio dizer que a auditoria só para Novembro estará concluída, apesar de ter sido decidida em Maio.

E que independentemente das suas responsabilidades neste processo o governo não tenciona processar a empresa.

Porquê?

Já conhece o resultado provisório da auditoria?

Já sabe que a empresa não é a responsável?

Então quem é?

O Governo?

Então quais são as consequências políticas?

Dividem as responsabilidades com o ex-ministro David Justino?

Estamos em Setembro e desde o início de 2004 que esta telenovela de má qualidade – os concursos dos professore é imposta quase diariamente ao país.

Em Fevereiro publicava-se o aviso de abertura com um mês de atraso.

Encomendava-se à empresa Compta – a tal que entre vários administradores conta com um ex-ministro da educação da era cavaquista por 600.000 euros, a informatização deste modelo e assim estavam lançados os 1º s dados para a consagração da incompetência e da leviandade políticas.

Em Maio são divulgadas as primeiras listas provisórias.

A desgraça é total:

  • Candidatos excluídos por ausência de habilitação apesar de a possuírem e trabalharem há muitos anos.
  • Exclusão de todos os professores e educadores que concorreram a partir das Regiões Autónomas.
  • Professores e educadores com muitos anos de serviço, considerados com tempo zero.

E hoje?

Durante a manhã estivemos em contacto com muitos professores e educadores e com estruturas sindicais.

A informação que possuímos evidencia uma total irresponsabilidades do governo, que não aprendeu nada ao longo destes nove meses de gestação deste modelo de concurso.

Não sendo possível ainda apurar a totalidade dos dados, já se sabe que houve 36.000 reclamações apresentadas por 31.000 professores e educadores.

O Ministério aceitou 2/3.

Há cerca de 13.000 não aceites.

A grande maioria destes 13.000 deveria ter sido aceite e não o foi.

Já foram aceites 10 Providências cautelares nos tribunais cíveis e administrativos de Braga e Porto.

Foi dado ao Governo o prazo de 5 dias para INCLUIR ESTES DOCENTES. Não incluíu nenhum.

Nas reclamações aceites, o Ministério introduziu ainda mais erros e excluíu os docentes em vez de os incluir.

  • O Governo anunciou vários pontos de acesso ao atendimento informático aos docentes em concurso.
  • Sabe-se hoje que, na sua maioria, não existem em condições de funcionamento.
  • Os que existem não foram devidamente divulgados.
  • No Alentejo e no Norte não há postos de atendimento a funcionarem.
  • Na zona centro o Ministério decretou os espaços mas não informou os responsáveis que desconhecem que os espaços que gerem foram disponibilizados pelo governo.
  • Há indicação de espaços que nem sequer possuem computadores.
  • Ontem, durante a tarde, o Ministério cometeu mais uma ilegalidade, alterando códigos de escola que estavam a funcionar até ontem de manhã.

Agora os professores não sabem como codificar as escolas e os que concorreram ontem de manhã não sabem o que lhes vai acontecer.

Por exemplo, no Concelho de Monção, dos 20 códigos de escolas existentes o Ministério alterou 14.

Neste momento é impossível ainda quantificar os prejuízos que tamanha trapalhada do Governo irá ocasionar ao sistema educativo, às pessoas e ao orçamento do Estado.

No entanto há dados já inquestionáveis:

  • O ano lectivo de 2004/2005 está irremediavelmente prejudicado do ponto de vista organizacional, relativamente

    - à distribuição de serviço docente

- aos horários

- aos projectos educativos

  • A instabilidade e a preocupação estão instaladas nas escolas e nos docentes e naturalmente nas famílias que sabem que o ano lectivo não estão assegurado em condições de qualidade do processo de ensino‑aprendizagem.

Nestas circunstâncias o PCP entrega hoje um projecto de resolução que recomenda ao Governo um conjunto de medidas que possam não só minimizar o descalabro do início do ano lectivo mas também evitar que esta desgraça se registe para o próximo ano, o que acontecerá se não forem, concretizadas algumas acções.

Entre as medidas que propomos é indispensável alterar a data de início do ano lectivo, porque a data prevista é uma ficção.

É imprescindível aumentar o número de dias para entregar as reclamações porque dos 5 dias propostas pelo Governo, 2 são sábado e domingo.

É necessário garantir que as reclamações sejam aceites em suporte de papel, quando o sistema informático não funcionar, o que está a acontecer a todo o momento.

É uma exigência de bom senso que este modelo que foi experienciado à custa da angústia de muitos e do caos do sistema, seja reavaliado com rigor e competência, desde já, para garantir que, no próximo ano lectivo, o país não assista a tão tristes episódios de incompetência e leviandade.

Disse.

 

Jornal «Avante!»
«O Militante»
Edições «Avante!»
Comunic, a rádio do PCP na Internet