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Intervenção de Jerónimo
de Sousa, Secretário-geral do PCP As eleições legislativas do próximo dia 20 de Fevereiro realizam-se num quadro económico e social muito preocupante para o país, para os trabalhadores e para as micro, pequenas e médias empresas portuguesas (mais de 99% do tecido empresarial nacional). Após dois anos, em que o discurso dos sacrifícios e da tanga Santana, Portas e Bagão anunciaram um novo tempo: a recuperação económica, a recuperação do emprego e o crescimento. É o que se vê. O INE divulgou esta semana os seus indicadores sobre a confiança dos consumidores e o clima económico. Os valores negativos da confiança, das perspectivas de encomendas, a redução da capacidade produtiva instalada, o aumento da perspectiva de crescimento do desemprego são a confirmação da realidade, do sentimento que vimos sentido nestas semanas nos contactos que temos tido com as populações, com os empresários e diversas associações empresariais. Foram divulgadas as contas nacionais de 2003. Se analisarmos a evolução da produção verificamos que as actividades produtivas, agricultura, pescas e indústria, bem como o comércio reduziram a sua produção. Pelo que podemos observar o ano de 2004 apenas teve um pequeno e breve balão de oxigénio que foi o Europeu de futebol, pois passado o efeito Euro regressaram as dificuldades. Para demonstrar melhor o clima económico e social podemos recorrer ao exemplo do crescimento em 30 % dos pedidos de falência apenas de 2003 para 2004. Os sectores mais atingidos também não são novidade para quem como nós conhece e acompanha o dia-a-dia da vida económica e social: a indústria, a construção e o comércio. Perante este cenário que perspectivas têm os portugueses e em especial os micro, pequenos e médios empresários? O que significam as promessas de choque de gestão e tecnológico do PSD e do PS? O apoio à grande maioria tecido empresarial português e o cumprimento das directivas comunitárias para o apoio à micro, pequena e média empresa? O aumento do poder de compra dos portugueses? O aumento do investimento público? O aumento da justiça fiscal? O combate à especulação financeira e ao custos excessivos cobrados pela banca? O apoio à melhoria da qualificação dos trabalhadores e à formação profissional? Não vale a pena insistir porque todos conhecemos a resposta: NÃO!!! O PS fala num choque tecnológico, em criar uma nova dinâmica de inovação e novas tecnologias. Há muito que a CDU vem a afirmar da necessidade de subir na cadeia de valor. De abandonar a lógica da competitividade dos baixos salários e da precariedade. Até ficamos satisfeitos com algumas das propostas que o PS apresenta. Mas, e o resto da economia? O que fazer com os sectores produtivos tradicionais? Sobre a agricultura, as pescas e a industria? E sobre o comércio tradicional? E sobre a construção civil e as obras públicas? E que diz sobre as micro, pequenas e médias empresas? Nem uma palavra. Mais uma vez o PS identificou o grande capital e as empresas de capital intensivo como o seu parceiro e o grande beneficiário das suas políticas. O PSD fala num choque de gestão que bem espremido significa reduzir ainda mais as funções sociais do Estado. Há muito que a CDU afirma que através da melhoria das competências da gestão e duma melhor organização dos processos empresariais poderemos obter importantes ganhos de produtividade. Mas, nestes 28 anos com governos do PSD e do PS, sós ou coligados com o CDS, o que vimos foi a promoção de clientelas, de escandalosos salários e reformas dos gestores públicos. Vimos o escândalo das privatizações com a destruição do aparelho produtivo nacional e o aumento da dependência da economia portuguesa dos grande grupos multinacionais e transnacionais. Vimos o encerramento de empresas e a destruição de tecnologia e conhecimento nacional de ponta. Vimos a destruição das pescas, da agricultura, da indústria e do comércio tradicional. O PCP e a CDU assumem claramente um projecto alternativo e bem diferenciado. Defendemos a existência de uma economia mista, constituída por um sector público, um sector privado e um sector cooperativo e social. Entendemos que nesta economia mista o sector privado, em especial a micro
pequena e média empresa assume um lugar fundamental. No plano fiscal assumimos a necessidade de diminuir a carga dos sectores produtivos, combatendo as diferenças existentes de facto entre as MPME e os grandes grupos económicos e financeiros em matéria de IRC e de IVA. Defendemos a publicação urgente dos indicadores objectivos de base técnico-cientifica, tantas vezes prometida e tantas vezes adiada. É urgente acabar com a injustiça da taxa de 20% igual para todos, medida particularmente importante para corrigir os efeitos negativos do Pagamento Especial por Conta. Defendemos uma política de concorrência e mercados que impeça que a banca e a grande distribuição obtenha ganhos extraordinários à custa da MPME. O excesso de comissões bancárias e as elevadíssimas
taxas de juro efectivamente pagas pelos MPME exigem uma política
financeira que deve promover a igualdade face às grandes empresas
no acesso ao mercado de capitais. As relações de subcontratação, em especial na área da indústria e dos serviços exige uma regulamentação por forma a assegurar direitos e garantias às MPME e o combate à economia informal. Entendemos que é necessário acreditar as empresas prestadoras de serviços de segurança, higiene e saúde e permitir que as micro empresas possam recorrer ao Serviço Nacional de Saúde. Durante o governo PS e mais tarde com o PSD Portugal assumiu compromissos com a União Europeia de desenvolver uma política de apoio às micro, pequenas e médias empresas. Entre outros apoios, assumiu-se um compromisso de criar um interlocutor institucional exclusivo para estas realidade empresarial. Até hoje... A CDU assume o compromisso de logo após a entrada em funcionamento da Assembleia da República e da constituição do novo governo concretizar esta importante medida e de lutar pelo apoio ao associativismo específico e autónomo para as MPME Caros amigos, Pelo apoio às micro, pequenas e médias empresas passa também a política de criação e valorização do emprego. Promovendo a formação dos empresários, criando programas
de emprego para jovens licenciados e bacharéis, apoiando e pondo
em prática a formação contínua dos trabalhadores
das MPME, desenvolvendo a coordenação e associativismo para
funções empresarias, em especial nas áreas técnicas
específicas, aprovisionamento e comercial, valorizando os apoios
técnicos à actividade empresarial.
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