Debate sobre os Orçamentos para 
  2003
  Intervenção de Joaquim Miranda
  22 de Outubro de 2002
Sr. Presidente,
Os exercícios de engenharia financeira que o actual processo orçamental exige evidenciam, uma vez mais, a precariedade do quadro financeiro comunitário.
Não nos opomos, obviamente, às prioridades que o relator nos traça; mas consideramos que outros caminhos poderiam ser seguidos para as alcançar, sem prejuízo e com total apelo à legitimidade que nos assiste e às competências que temos e com vantagem para a prossecução dessas mesmas prioridades.
O essencial nesta situação seria a revisão 
  das perspectivas financeiras ou, na ausência dessa revisão, a plena 
  utilização das prerrogativas que os Tratados nos atribuem.
  É inaceitável, com efeito, manter e sustentar um orçamento 
  manifestamente inadequado e insuficiente para o conjunto de objectivos e prioridades 
  com que nos deparamos, para mais quando isso é feito em nome e por força 
  dos critérios do Pacto de Estabilidade que a própria Comissão 
  agora, e bem, questiona.
Objectivamente faltam os meios para as ambições 
  que se proclamam. 
  E o resultado está à vista, especialmente na categoria quatro, 
  na qual se assiste a um manifesto e continuado prejuízo da cooperação 
  com os países de menor desenvolvimento, dada a inscrição 
  na mesma categoria quer das ajudas de pré-adesão aos países 
  candidatos à entrada na UE, quer dos montantes para a reconstrução, 
  primeiro dos Balcãs e agora do Afeganistão.
Dito isto, permita-se-me agora uma nota sobre Timor Leste.
E começarei por dizer que concordo com os montantes 
  adoptados pela Comissão dos Orçamentos para este objectivo.
  Mas não concordo com a supressão da linha específica para 
  este jovem e sacrificado país.
Tal representaria um mau e desestabilizador sinal político para um país e uma população que ainda há algumas semanas acedeu à independência e onde subsistem todas as carências. Sinal político que não se coaduna, de resto, com as resoluções que aprovamos ou sequer com o Prémio Sakharov que atribuímos.
Para além de que a inscrição dos montantes 
  na linha da Ásia, num momento em que não está ainda definida 
  qual a via de cooperação futura entre Timor Leste e a UE, constituiria 
  uma evidente precipitação.
  Julgo por isso acertado que, em plenário, se rectifique a situação 
  criada; e tal propósito, qualquer que seja a via adoptada, terá 
  o meu incondicional apoio.
Também uma palavra sobre a Palestina.
  O processo orçamental não pode ser indiferente à situação 
  dramática que ali se vive e às carências que se fazem sentir, 
  a vários níveis.
  É exactamente com tal propósito que reapresentamos a nossa proposta 
  de alteração, que pensamos poder merecer o vosso devido acolhimento.
Finalmente, quero referir-vos que a Comissão do Desenvolvimento 
  reapresenta uma proposta minha visando a introdução duma referência 
  à desminagem em Angola, no comentário da linha sobre esta matéria. 
  
  Espero que também neste caso, de particular oportunidade e importância, 
  o plenário lhe possa dar acolhimento positivo.