Interpelação centrada sobre a questão da paralisia das obras públicas
Intervenção do deputado Joaquim Matias
17 de Junho de 1999

 

Senhor Presidente,
Senhor Ministro,
Senhores Deputados:

Com a legislatura a chegar ao fim e o II Quadro Comunitário de Apoio igualmente a acabar não podemos deixar de lamentar a pobreza do balanço de realização e até de definição e programação de infra-estruturas estruturantes para o desenvolvimento económico e social do País.

O Governo não foi capaz de definir uma política clara com objectivos bem determinados e prioridades de investimento estabelecidas. Política que deixe de fazer cedências a interesses de grupos económicos e a objectivos eleitoralistas e ataque decididamente a resolução dos problemas do País e dos Portugueses.

Este Governo do Partido Socialista deixou mais uma vez adiado o desenvolvimento económico e social do País e das suas regiões. Não conseguiu inverter a tendência actual de crescimento assimétrico e promover a coesão de todo o território nacional. Manteve a desarticulação da actividade económica sem conseguir criar, ou sequer definir, um pólo de desenvolvimento com a dimensão e organização que nos continua a faltar para a necessária e indispensável projecção internacional da nossa economia.

A actividade marítimo-portuária definida pelo próprio Governo como um vector importante para o desenvolvimento ficou-se pela chamada "reestruturação" (entre aspas) ao fim e ao cabo, a continuação da privatização da actividade portuária e até a preparação da abertura à privatização da própria autoridade marítima.

O Governo não consegue convencer ninguém que quer fazer do Porto de Sines um grande porto internacional de águas profundas.

Onde estão as indispensáveis acessibilidades rodo e ferroviárias? A construção das vias rodoviárias de acesso não foram sequer lançadas e a ligação ferroviária à rede nacional e internacional nem sequer está definida. Assim não há, nem nunca haverá porto!

Igualmente para a evidente e necessária complementaridade dos portos de Lisboa e Setúbal. Que infra-estruturas foram feitas para permitir a sua articulação? Nenhuma!

Quanto à rede ferroviária a questão não é diferente!

Conforme oportunamente denunciámos a chamada "reestruturação" da CP, não era mais do que o desmantelamento da empresa para entregar à iniciativa privada algumas actividades rentáveis.

A REFER que se deveria assumir como entidade gestora da rede e definir os grandes objectivos gerais limita-se a andar a reboque das pressões exercidas por grupos geralmente interessados na actividade lucrativa de alguns serviços ou nos efeitos especulativos resultantes da transformação do uso do solo.

Onde estão?

Na verdade, nem sequer as suas definições existem, muito menos a planificação da reconversão e modernização da rede nacional.

Apenas algumas medidas avulso desligadas e por vezes sem sentido vão sendo executadas.

A estação central de Lisboa, afinal é ou não é a Gare do Oriente?

A interface do Barreiro continua por acabar desde 1995?

Senhor Presidente,
Senhores Deputados:

Conforme já referi, o II Quadro Comunitário de Apoio está a acabar sem termos visto construídas as infra-estruturas indispensáveis ao nosso desenvolvimento económico, mas mais grave é que sem planificação, sem estratégia também não as teremos no fim do próximo quadro comunitário.

É efectivamente urgente a adopção de uma nova política que vá de encontro às necessidades do País e do nosso povo.

Disse.