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              RESOLUÇÃO
 do Encontro Nacional do PCP
 sobre a acção e organização do partido
 nas empresas e locais de trabalho
 19 e 20 de Outubro de 2002
 “Sim, é possível! Um 
              PCP mais forte. Sempre com os trabalhadores.”
 Introdução
 A decisão, o debate preparatório e a realização 
              do Encontro Nacional do Partido sobre o reforço da intervenção 
              e organização do Partido junto dos trabalhadores constituem 
              um avanço na concretização de uma linha de 
              orientação estratégica aprovada no XV e XVI 
              Congressos, na Conferência Nacional e reafirmada pelo Comité 
              Central. A necessidade de aprofundar conhecimentos e a importância 
              do reforço da intervenção e organização 
              do PCP decorre do carácter decisivo e papel nuclear de que 
              se reveste para o Partido a sua base militante e orgânica 
              de trabalhadores. Nessa base se alicerça a sua natureza e 
              identidade de classe, a sua estratégia política e 
              política de alianças, a sua influência na sociedade 
              portuguesa e o seu futuro, o seu papel insubstituível no 
              desenvolvimento das organizações dos trabalhadores 
              e na luta de massas. Valorizando o trabalho e a acção 
              do Partido junto de outras classes e camadas sociais e estimulando 
              a sua luta, o Encontro Nacional sublinha que a intervenção 
              e organização partidárias no seio da classe 
              operária e de todos os trabalhadores desempenham um papel 
              nuclear na força política e ideológica do PCP. I
 Recrudescimento da ofensiva capitalista
 A luta dos trabalhadores e das suas organizações 
              de classe enfrentam há vários anos no plano nacional 
              e internacional uma poderosa ofensiva do capitalismo, visando uma 
              reestruturação global das condições 
              de exploração da força de trabalho assente 
              na nova correlação de forças favorável 
              ao capital, resultantes do desaparecimento do campo socialista. A nova organização das relações de 
              trabalho, com traços comuns a todos os países capitalistas, 
              tem como pressuposto a necessidade de cercear e liquidar direitos 
              e conquistas sociais, económicas e políticas dos trabalhadores 
              e desarticular e mesmo liquidar a sua capacidade de resistência 
              organizada. O desenvolvimento do capitalismo contemporâneo acentuando 
              a sua natureza imperialista com o processo de globalização 
              capitalista e a correlativa criação de mecanismos 
              e órgãos internacionais de regulação 
              dos processos económicos e de divisão internacional 
              do trabalho, ao serviço dos grandes grupos económicos 
              e financeiros mundiais, não só confirmam a natureza 
              exploradora do capitalismo, hoje alargada praticamente a todas as 
              esferas da vida e assumindo aspectos refinados, como confirma o 
              agudizar da luta de classes e o papel determinante da classe operária 
              e dos trabalhadores na resistência à ofensiva mundial 
              do grande capital visando criar um mercado do trabalho mundial tendo 
              como características fundamentais a desregulamentação 
              generalizada das relações laborais, a intensificação 
              da exploração, a liquidação de conquistas 
              históricas dos trabalhadores. Entretanto, a luta de classe própria, autónoma, dos 
              trabalhadores, não contraria, antes é condição, 
              para atrair outras camadas sociais a um combate comum e dar solidez 
              e rasgar perspectivas transformadoras às frentes sociais 
              da luta. Do mesmo modo, a experiência histórica demonstra e 
              confirma igualmente a ligação dialéctica entre 
              o nível e a capacidade de luta dos trabalhadores e das frentes 
              sociais e a influência política, ideológica 
              e capacidade organizativa das forças revolucionárias. Num quadro em que se avolumam as ameaças à garantia 
              dos direitos e conquistas democráticas dos trabalhadores, 
              num quadro em que se agudizam as condições de luta 
              e se tenta destruir e descaracterizar a natureza e a autonomia das 
              organizações de classe dos trabalhadores, a realidade 
              torna incontornável como uma imperiosa necessidade a existência 
              e reforço do partido político da classe operária 
              e de todos os trabalhadores, um partido revolucionário, o 
              Partido Comunista Português. II
 Situação actual, luta e proposta do Partido
 Com a formação e entrada em actividade do Governo 
              PSD/CDS-PP acentuou-se uma nova e perigosa escalada da política 
              de direita. A ofensiva contra a legislação laboral inserida e 
              articulada com o anúncio da escalada de privatizações, 
              de empresas de serviços e competências públicos, 
              contra o Serviço Nacional de Saúde e o Sistema Público 
              de Segurança Social, com o ensaio e preparação 
              da ofensiva ao sistema político e às leis eleitorais, 
              a forma como se secundariza o ensino, a educação e 
              a formação, se desvaloriza a cultura, o trabalho intelectual 
              e a investigação científica e se capitula perante 
              os ditames da União Europeia subordinada aos interesses do 
              grande capital e prossegue uma política externa de total 
              subserviência perante o imperialismo norte-americano, levanta 
              fundadas e graves preocupações quanto ao desenvolvimento 
              do País e ao futuro do regime democrático constitucional 
              nas suas vertentes política, económica, social, cultural 
              e de soberania nacional. Exacerbando o estado das contas públicas deixadas pelo governo 
              PS, o executivo PSD/CDS-PP o que propõe agora ao país 
              é fazer pagar, em primeiro lugar aos trabalhadores e a outras 
              camadas sociais a factura de uma política que inevitavelmente 
              haveria de conduzir a estes mesmos resultados, deixando praticamente 
              intocáveis interesses, privilégios e lucros do grande 
              capital financeiro; interesses, privilégios e lucros que 
              poderão vir a ser acrescidos pelas privatizações, 
              pela descaracterização, entrega parcial e privatização 
              do sistema de Segurança Social. Está aberto o caminho 
              para que as dificuldades económicas e a possibilidade de 
              uma recessão económica sejam facturadas à maioria 
              da população que menos tem e menos pode e realizada 
              a favor de uma minoria cada vez mais rica. O Governo do PSD/CDS-PP, após ter dado prioridade ao assalto 
              ao sistema público e universal de Segurança Social 
              e ao Serviço Nacional de Saúde, desencadeou a mais 
              retrógrada e brutal ofensiva contra o edifício jurídico-laboral 
              visando eliminar, restringir ou desregulamentar direitos individuais 
              e colectivos, que tendo como referência histórica a 
              sua conquista e consagração com a vitória da 
              Revolução de Abril e aprovação da Constituição 
              da República de 1976, são também resultado 
              e memória da luta de várias gerações 
              de trabalhadores. Pela via de um denominado “Código do Trabalho”, 
              reconhecido pelo Governo como “preparado por empresários 
              e advogados”, a que acrescentou avulsa e prioritariamente, 
              as reivindicações das multinacionais e confederações 
              patronais relativas à flexibilização, ao alongamento 
              e banalização da jornada de trabalho, o Governo pretende 
              assim entregar o poder discricionário da sua gestão 
              e organização ao patronato. O que está realmente 
              em causa é um pacote laboral mais grave e estruturante que 
              outros anteriores, porque este articula o ataque aos direitos individuais 
              dos trabalhadores com o condicionamento, a ineficácia e a 
              eliminação de direitos colectivos que constituem instrumentos 
              decisivos na defesa e para a conquista de direitos individuais. A doutrina ali exposta procura retomar conceitos dos primórdios 
              do capitalismo. O conteúdo e objectivos repressivos e regressivos 
              do Governo do PSD/CDS-PP vertidos no pacote laboral conflituam com 
              os fundamentos do regime democrático-constitucional no seu 
              pilar social, visam alterar a relação de forças 
              nas empresas e locais de trabalho e aumentar a exploração 
              dos trabalhadores. Ao franquear a porta aos despedimentos sem justa causa e ao impedir 
              a reintegração do trabalhador mesmo contra a decisão 
              favorável dos tribunais; ao alargar e eternizar a precariedade 
              pela via dos contratos a prazo e o período experimental; 
              ao transformar a entidade patronal em juiz em causa própria 
              na gestão e organização do tempo de trabalho; 
              ao promover o tempo parcial e o salário parcial; ao tentar 
              impor a “deslocalização” forçada 
              de trabalhadores tanto no plano funcional como geográfico; 
              ao redefinir, em termos gravosos, o conceito de remuneração 
              e de trabalho nocturno; ao propor a liquidação efectiva 
              do direito de negociação e dos contratos colectivos; 
              ao restringir o direito à greve e o próprio direito 
              à luta reivindicativa aquando da negociação 
              das convenções colectivas; ao mutilar, por um lado, 
              o crédito de horas das Comissões de Trabalhadores 
              e, por outro, ao forçá-las à concorrência 
              com o movimento sindical; ao apagar referências e importantes 
              direitos dos trabalhadores no domínio da protecção 
              da maternidade/paternidade, o Governo PSD/CDS-PP revela estar empenhado 
              num projecto de grande fôlego cuja natureza e objectivos coloca 
              a agudização da luta de classes no primeiro plano 
              da ordem do dia. Como procurador dos interesses do grande capital o Governo não 
              descura os poderes e os meios que lhe são conferidos a nível 
              de Estado para o colocar ao serviço dos poderosos, desresponsabilizá-lo 
              das suas obrigações sociais e transformá-lo 
              num ariete contra os trabalhadores da Administração 
              Pública. Contornando e silenciando as questões centrais que hoje 
              se colocam, designadamente a necessidade de modernização, 
              descentralização e democratização da 
              Administração e da Justiça e de um forte investimento 
              na educação e na formação, o Governo 
              escolhe os salários, a segurança no emprego e os direitos 
              dos trabalhadores da Administração Central e Local 
              como alvos preferenciais da sua ofensiva política.  Porém, o Governo do PSD/CDS-PP apresenta todo este projecto 
              de forma mistificatória. Sob a capa da necessidade do aumento 
              da produtividade e de modernização o Governo esconde 
              e secundariza os factores determinantes que podem ser cruciais para 
              o desenvolvimento económico, persistindo no caminho de classe 
              dos interesses do capitalismo, designadamente: uma política 
              de baixos salários, a baixa qualificação e 
              a fraca formação profissional nas empresas, a precariedade 
              que também é uma causa do elevadíssimo grau 
              de sinistralidade e das doenças profissionais e falta de 
              condições de higiene e segurança nos locais 
              de trabalho, a cumplicidade com a falta de efectivação 
              dos direitos, as deficiências organizacionais e de gestão 
              das empresas, a manutenção de processos produtivos 
              ultrapassados que não favorecem a inovação 
              tecnológica, a orientação especulativa de muitos 
              investimentos em detrimento das actividades produtivas. Num quadro em que a ofensiva é mais forte e os perigos mais 
              visíveis não pode ser subestimado o facto de se estar 
              perante um processo que se prolonga e desenvolve há mais 
              de uma década. Como também não pode ser ignorada 
              nem desvalorizada a luta do Partido, do movimento sindical e dos 
              trabalhadores que, neste período, susteve, desarticulou e, 
              nalguns casos, derrotou alguns dos objectivos das políticas 
              de direita de sucessivos governos. É adquirida e extremamente valiosa a tese que a luta de 
              massas potencia e influencia a acção e a iniciativa 
              institucionais e que estas animam, alertam e potenciam a luta de 
              massas, numa relação dialéctica que é 
              necessário manter, melhorar e desenvolver. Mais uma vez será 
              a luta de massas, onde tem um lugar central a luta dos trabalhadores, 
              o factor determinante para dar resposta a esta ofensiva social e 
              laboral de grande envergadura. Com fundadas expectativas de que os trabalhadores, as comissões 
              de trabalhadores, o movimento sindical unitário saberão 
              estar ao nível da ofensiva com que são confrontados, 
              promovendo o esclarecimento, a mobilização e a unidade 
              na acção e na luta, o PCP, pela sua natureza e projecto, 
              pela força e capacidade de intervenção que 
              recebe da sua ligação à classe operária 
              e a todos os trabalhadores, desempenha um importante e insubstituível 
              papel nesta decisiva batalha. O Encontro Nacional do PCP dirige-se a todo o Partido, aos militantes, 
              às células de empresa, aos sectores profissionais, 
              às comissões concelhias e de freguesia, aos eleitos 
              do PCP nas instituições, para que assumam este combate 
              como uma batalha decisiva que para além de ser uma grande 
              causa social é também uma grande causa democrática. O Encontro Nacional do PCP manifesta ao movimento sindical, ao 
              movimento das Comissões de Trabalhadores e a todos os trabalhadores 
              portugueses a sua determinada convicção e total disponibilidade 
              de acção e intervenção para travar e 
              vencer os perigos que decorrem do projecto e dos objectivos deste 
              Governo, inteiramente identificado com os interesses do grande capital. O Encontro Nacional do PCP alerta, convoca e toma uma opção 
              solidária com todos os jovens trabalhadores e mulheres trabalhadoras 
              que foram escolhidos como alvos preferenciais pelo Governo do PSD/CDS-PP 
              desta ofensiva legislativa, onde se procura extorquir-lhes todo 
              um legado de direitos e conquistas geracionais e instituir as desigualdades 
              na família, no trabalho e na vida social. O Encontro Nacional do PCP apela para a necessidade de desenvolvimento 
              de uma forte acção em defesa do sistema público 
              de segurança social que contrarie os objectivos estratégicos 
              do Governo de proceder à progressiva destruição 
              da universalidade do direito à protecção social 
              de todos os portugueses. O PCP, afirmando o seu projecto próprio, manifesta o seu 
              empenho no desenvolvimento de uma vasta acção, que, 
              detendo e conduzindo à derrota esta ofensiva, impeça 
              este retrocesso histórico do direito do trabalho e alicerce 
              as condições para uma política de esquerda 
              que integre a valorização do trabalho e dos trabalhadores 
              como objectivo central e principal suporte de um projecto de desenvolvimento 
              do País. Neste quadro de resistência e luta reafirma-se, na linha 
              do Programa e projecto do Partido, a necessidade de desenvolver 
              a acção, intervenção, iniciativa e proposta 
              do PCP, em defesa:· do direito ao trabalho, ao salário, à segurança 
              e estabilidade no emprego;
 · da segurança social pública, universal e 
              solidária;
 · da redução do horário de trabalho 
              sem perda de direitos e do salário;
 · da dignificação do trabalho e da profissão;
 · da efectivação dos direitos nas empresas 
              e locais de trabalho, dando combate às discriminações 
              e à repressão;
 · das condições de trabalho, saúde, 
              higiene e segurança nos locais de trabalho, denunciando e 
              combatendo a sinistralidade do trabalho e classificando novas doenças 
              profissionais emergentes;
 · da concretização do direito à igualdade 
              das novas gerações de trabalhadores, designadamente 
              no acesso ao emprego, nos salários e em função 
              da maternidade e paternidade;
 · da solidariedade de classe entre todos os trabalhadores, 
              designadamente a compreensão dos interesses comuns com os 
              imigrantes, a solidariedade geracional e entre os trabalhadores 
              e outras camadas sociais desfavorecidas;
 · da luta contra a concentração da riqueza 
              produzida e a crescente desigualdade na sua distribuição;
 · da promoção do investimento produtivo e inovador 
              e do desenvolvimento das empresas e serviços públicos 
              ao encontro da satisfação das necessidades da população 
              e da valorização social do trabalho.
 III
 Realidade social, consciência e natureza de classe
 A realidade social, cuja análise é fundamental para 
              o conhecimento das condições em que actuamos e para 
              o aumento da eficácia da acção partidária, 
              têm sido objecto das mais diversas manipulações 
              procurando veicular preconceitos e falsas conclusões ao serviço 
              dos objectivos do capital, para desarmar política e ideologicamente 
              a luta dos trabalhadores e a acção dos comunistas. A realidade social portuguesa tem conhecido alterações 
              significativas nas últimas décadas, num processo de 
              modificações que tendo este ou aquele momento mais 
              significativo é um processo permanente. Na repartição dos sectores há uma clara diminuição 
              do sector primário com uma redução muito grande 
              do assalariamento agrícola e do campesinato. O emprego no 
              sector secundário cresce (representava 1,5 milhões 
              de trabalhadores em 1991 e representa 1,7 milhões em 2001) 
              embora com diferenciações internas com a subida do 
              emprego no sector da construção e obras públicas 
              e descida na indústrias extractiva e transformadora. O emprego 
              no sector de serviços que era já maioritário 
              em 1970, aumentou significativamente e em 2001 representava 53% 
              do emprego total, reflectindo realidades muito diferenciadas em 
              que se destacam: a Administração Pública, representando 
              em 1999 mais de 700 000 trabalhadores assalariados (um quinto do 
              total); o comércio, onde o emprego atinge (incluindo actividades 
              de reparação) 720 000 pessoas (face a 600 000 no início 
              da década de 90), com uma tendência para a concentração 
              económica através da constituição de 
              grandes superfícies; as actividades ligadas à restauração 
              e ao turismo que têm crescido, envolvendo 250 000 trabalhadores 
              em 2001 e o sector financeiro com menos de 90 000 trabalhadores 
              e que tem sido sujeito a grandes reestruturações. 
              Na avaliação destes sectores há que ter em 
              consideração a existência de muitas empresas 
              “prestadoras de serviços” cuja mão-de-obra 
              pertence de facto, em vários casos, ao sector secundário 
              (designadamente as alugadoras de mão de obra). Um outro elemento 
              a levar em conta é que os trabalhadores de serviços 
              que não exercem funções de direcção 
              ou enquadramento que se podem integrar na classe operária 
              ou cujo estatuto e condições de trabalho se aproximam 
              dos desta classe, têm um peso determinante no sector terciário. Os assalariados (ou trabalhadores por conta de outrém) constituem 
              a principal categoria na estrutura social portuguesa, sendo mais 
              de 3,6 milhões. Os assalariados representam 73% do total 
              do emprego e viram o seu peso reforçado nos últimos 
              anos (era 71% em 1998). Há no entanto mudanças na 
              composição dos trabalhadores assalariados: maior peso 
              dos trabalhadores de serviços, aumento do número de 
              trabalhadores na indústria (incluindo a construção 
              civil) mas menor que nos serviços, forte redução 
              dos trabalhadores agrícolas; um maior nível de habilitações 
              dos jovens que ingressam no trabalho, mas com desajustamentos crescentes 
              entre as habilitações e o nível de qualificação 
              e a natureza das profissões exercidas; um forte aumento da 
              presença da mulher no trabalho (a taxa de actividade feminina 
              passou de 34% em 1974 para os 45,6% de hoje); a transformação 
              de Portugal em país de imigração (o número 
              de estrangeiros com residência legalizada passou, entre 1970 
              e 2002, de 23 mil para 346 mil), tendência que se acentua 
              nos últimos anos com a vinda de trabalhadores do Leste da 
              Europa. Há ainda a salientar, entre outros aspectos, que no plano 
              da organização da produção e mesmo dos 
              serviços se revela uma tendência para a fragmentação, 
              para a externalização da produção e 
              serviços e para a diferenciação de actividades 
              estratégicas e outras actividades das empresas, o que conduz 
              a alterações importantes, nomeadamente à diminuição 
              do número de trabalhadores por empresa. Mas, não acabaram 
              as grandes concentrações de trabalhadores na indústria 
              e nos serviços que, não sendo predominantes, como 
              aliás nunca o foram, continuam a ter uma enorme importância 
              como pólos principais de organização e irradiação 
              de intervenção e influência. A organização e intervenção política 
              junto dos trabalhadores e nas empresas e locais de trabalho defrontam 
              novas dificuldades. As profundas alterações da economia e o desenvolvimento 
              do capitalismo e dos meios de produção resultantes 
              das novas tecnologias, da mudança dos processos produtivos 
              e deslocalização de empresas a nível nacional, 
              europeu e mundial, a reconversão e reestruturação 
              de sectores e de empresas e as consequentes alterações 
              quantitativas e qualitativas na composição da classe 
              operária e da massa de assalariados, a fragmentação 
              e mobilidade profissionais, os despedimentos em massa e o afastamento 
              compulsivo de milhares de trabalhadores com vínculo contratual 
              efectivo, a precariedade, a mobilidade profissional, o crescente 
              número de trabalhadores imigrantes que são sujeitos 
              a uma feroz exploração, surgem como a primeira causa 
              objectiva. A base social do movimento operário torna-se assim 
              mais frágil, instável e movediça, com reduções 
              drásticas em alguns sectores que têm sido esteios fortemente 
              combativos e de grande consciência de classe. Para além das alterações no aparelho produtivo 
              e nas relações de trabalho, outros factores contribuem 
              também para dificultar a construção de uma 
              consciência de classe autónoma dos trabalhadores e 
              da classe operária: a evolução e as características 
              de que se revestem os processos de concentração urbana, 
              nos quais se diluem a memória, o próprio imaginário 
              colectivo e os modos de viver dos sectores populares e operários; 
              a evolução dos padrões de consumo; o endividamento 
              cujos encargos condicionam a participação e a luta; 
              uma escolarização mais longa dos jovens, e, portanto, 
              a sua entrada mais tardia no mercado de trabalho; uma cultura mediática 
              de massas desprovida de referências à realidade social 
              e de raíz popular; a fortíssima pressão da 
              ideologia dominante visando a desconstrução dos valores 
              do trabalho, da identidade e da solidariedade combativa dos trabalhadores 
              e da classe operária. Uma segunda causa directa das dificuldades com que se defronta 
              a organização e intervenção política 
              do Partido junto dos trabalhadores e nas empresas e locais de trabalho 
              é a repressão directa ou sofisticada do grande patronato, 
              facilitada pelos vínculos precários, que conta sempre 
              com a cobertura dos governos e das instituições com 
              poderes de fiscalização e de intervenção 
              que estão sob o seu domínio. Através da desregulamentação das leis laborais 
              e da contratação colectiva, promovendo a individualização 
              das relações de trabalho, nomeadamente dos salários, 
              flexibilizando, prolongando e banalizando a jornada de trabalho, 
              criando mecanismos de concorrência entre os trabalhadores, 
              intensificando processos do seu envolvimento político e ideológico 
              enquanto se pressiona e ameaça os militantes políticos 
              e sindicais mais conscientes e combativos, o capital, em cada empresa 
              e local de trabalho, procura neutralizar a força política 
              organizada dos trabalhadores. Na aurora do novo milénio, como consequência da revolução 
              tecnológica, dos novos processos produtivos e da reestruturação 
              capitalista, vivemos num tempo de profundas recomposições, 
              com inevitáveis reflexos nos mais diversos estratos sociais 
              e essas alterações objectivas da situação 
              económica e social afectam a consciência de classe 
              e agudizam a luta ideológica. Ao objectivo de abolição de uma sociedade de classes 
              contrapõem alguns, empregando todos os recursos de difusão 
              que possuem (escola, comunicação social, etc.), as 
              teses de colapso da luta de classes face à globalização 
              capitalista, do fim das ideologias e da classe operária e 
              a descrença numa melhor e mais justa organização 
              da sociedade. Mas, se atentarmos nos indicadores socioprofissionais portugueses 
              das estatísticas oficiais de referência, caso INE (valores 
              mais rigorosos serão possíveis a partir do conhecimento 
              dos dados do Censo 2001), a realidade é bem diversa, mesmo 
              tendo em conta a destruição do tecido produtivo nacional, 
              o número de falências e a deslocalização 
              de empresas.  Tomando em consideração a evolução 
              do emprego por profissão entre 1992 e 2001, observamos que 
              é notória a subida quantitativa e percentual na população 
              activa do conjunto das categorias profissionais: operários, 
              artífices e trabalhadores similares, operadores de instalações 
              e máquinas e trabalhadores da montagem e trabalhadores não 
              qualificados. Se agruparmos estas categorias, constatamos uma expressão 
              quantitativa contrária a ideias feitas sobre o seu desaparecimento 
              ou significativa redução. A aferição 
              do seu peso por profissão, enquanto trabalhadores por conta 
              de outrém, leva à conclusão que em percentagem 
              representam 43,8% dos trabalhadores assalariados. Mesmo numa visão 
              restrita, a classe operária, fundamentalmente considerada 
              como o conjunto dos trabalhadores assalariados em que é dominante 
              o trabalho directamente produtivo, exercendo a sua actividade nas 
              esferas económicas de produção material, mantém 
              uma grande importância até no plano quantitativo. Mas 
              as classes sociais não são categorias estatísticas. 
              O peso e o significado daqueles trabalhadores devem ser avaliados 
              pela sua intervenção na luta social e pelo seu decisivo 
              papel na produção de riqueza do País. Não obstante e apesar de todas as dificuldades e alterações 
              objectivas e subjectivas, da sua complexidade e da velocidade a 
              que se desenrolam, as questões centrais, problemas e objectivos 
              do grande capital aí estão na ordem do dia, no plano 
              nacional e mundial, visando sempre o agravamento da exploração. A internacionalização das forças produtivas; 
              a ocorrência de vastos excedentes de mão-de-obra criados 
              pela aplicação capitalista das inovações 
              tecnológicas em alguns sectores e pela especulação 
              bolsista; a nova concentração do poder financeiro, 
              a financeirização da economia; a transferência 
              de capitais para países com mão-de-obra mais barata; 
              os fluxos de capital em busca dos paraísos fiscais; as deslocalizações 
              de empresas; a sistemática destruição de postos 
              de trabalho para pressionar os trabalhadores à cedência 
              e à concessão; a recuperação das formas 
              mais arcaicas de exploração do trabalho humano, apontadas 
              como exemplos de modernidade; a construção meticulosa 
              de uma geração de trabalhadores jovens sem direitos, 
              colocam redobradas exigências no desenvolvimento e ampliação 
              das acções de massas, dão mais valor à 
              luta como elemento fundamental que associado à experiência 
              e ao confronto com a realidade da exploração capitalista 
              pode contribuir para o desenvolvimento da consciência de classe 
              e colocam com nova actualidade e validade o papel e natureza do 
              PCP. O PCP não é apenas mais um Partido. Surgiu como uma 
              necessidade histórica de uma classe, é resistente 
              e construtor, tendo como traço fundamental a sua natureza 
              e identidade, um Partido da classe operária e de todos os 
              trabalhadores. Esta característica distintiva do Partido 
              tem consequências em todos os aspectos da sua intervenção, 
              na sua actividade e organização. O PCP, muitas vezes entendido tão só como tal, não 
              é apenas o Partido que defende os interesses dos trabalhadores, 
              uma entidade ou organização a quem se recorre em situações 
              difíceis, mas o Partido dos trabalhadores que defende os 
              seus interesses em toda a sua actividade, que tem como preocupação 
              e pedra angular da sua razão de ser o seu esclarecimento, 
              unidade, organização e luta, um Partido enraizado 
              no seu seio e assumido como a sua genuína forma de organização 
              política. A classe operária e os trabalhadores na época em 
              que vivemos continuam a precisar de um partido político capaz 
              de assegurar uma intervenção autónoma, não 
              lutando apenas contra a repartição da riqueza no quadro 
              da sociedade capitalista, mas fazendo-o com vista à supressão 
              da própria exploração capitalista. IV
 O Partido, a acção própria e as organizações 
              unitárias
 O reforço da organização e intervenção 
              do Partido é actualmente das tarefas mais difíceis 
              e complexas, mas simultaneamente mais realizadoras. Criar as condições 
              e tomar iniciativa e medidas a nível de empresas e de locais 
              de trabalho para reforçar a influência e a organização 
              do Partido junto da classe operária e dos trabalhadores é 
              um elemento chave para resistir às dificuldades, irradiar 
              influência, promover a renovação de forças. Num quadro em que se agudiza a luta de classes e a ofensiva ideológica, 
              apesar dos tremendos obstáculos que se colocam à acção, 
              intervenção e organização do Partido, 
              a empresa e os locais de trabalho, são o local estratégico 
              para que o Partido seja mais forte e influente. A função ideológica na conversão da 
              consciência social em consciência política tem 
              sempre como ponto de partida, a ligação dos problemas 
              concretos e quotidianos que os trabalhadores sentem e sofrem, face 
              às decisões políticas e à sua identificação 
              com as decisões e interesses do patronato. O conteúdo da acção partidária e a 
              iniciativa própria das células, muitas vezes “delegada” 
              no movimento sindical e nas comissões de trabalhadores, onde 
              são predominantes e determinantes os militantes comunistas, 
              exigem uma concepção de organização 
              que não é “para ter ou para estar”, mas 
              antes para agir e intervir, para dinamizar a luta dos trabalhadores, 
              fazendo política e assim combater a ideia, de que a política 
              só pode ser feita por uma elite de escolhidos e eleitos nas 
              instituições. As células e organismos, agindo e tomando posição 
              em conformidade com a linha geral do Partido, são actualmente 
              confrontadas com dificuldades para integrar no trabalho e estabelecer 
              laços de solidariedade e combate entre os trabalhadores com 
              contratos estáveis, os trabalhadores jovens, os trabalhadores 
              precarizados, os trabalhadores de empresas sub-contratadas que ali 
              prestam serviço. No quadro das linhas de orientação 
              geral do Partido, a organização do Partido nas empresas 
              deve ter uma clara compreensão do critério de classe 
              das intervenções dos comunistas como práticas 
              de integração política e sindical, dando tratamento 
              específico e por vezes direccionado, dando combate ao “dualismo” 
              existente nas empresas e criar condições para a convergência 
              e unidade dos trabalhadores, sejam precários sejam efectivos, 
              sejam imigrantes. A actividade dos comunistas nas empresas e locais de trabalho não 
              se limita à que é desenvolvida pelas células 
              e organismos do Partido. Os comunistas são os grandes dinamizadores 
              das formas unitárias de organização, designadamente 
              dos sindicatos e comissões de trabalhadores. Em resultado 
              de factores objectivos anteriormente referidos a que se seguiu o 
              enfraquecimento e destruição das organizações 
              de base, a acção dos comunistas, dirigentes sindicais 
              de empresa e membros de comissões de trabalhadores é, 
              no momento actual, em muitos casos, a principal ligação 
              directa com os trabalhadores. Por decisão própria e voluntária dos trabalhadores, 
              os comunistas desempenham um insubstituível e importantíssimo 
              papel na força, influência e actividade do movimento, 
              das CTs, na representação dos trabalhadores nas Comissões 
              de Higiene, Segurança e Saúde, dos Sindicatos, Uniões, 
              Federações e da CGTP-IN. Os membros do Partido que participam em organizações 
              e movimentos de massas devem actuar, segundo as orientações 
              do Partido, na defesa dos interesses dos associados e das massas, 
              respeitando, defendendo e observando a autonomia, o carácter 
              unitário e a vida democrática das organizações 
              e movimentos, não podendo no entanto ser confundidos organizações 
              e organismos unitários com organizações e organismos 
              partidários. A actividade dos membros do Partido nas estruturas sindicais e 
              nas comissões de trabalhadores não é substitutiva 
              da organização partidária nas empresas e locais 
              de trabalho, organização cujo reforço necessita 
              da sua contribuição militante. Cabendo à célula ou organismo do Partido a responsabilidade 
              da acção e da intervenção política 
              na empresa ou locais de trabalho, os comunistas que integram as 
              organizações unitárias não podem dissociar 
              do trabalho unitário a sua condição de comunistas, 
              o grau mais elevado da sua consciência política, a 
              sua responsabilidade militante para com o seu Partido e com o projecto 
              mais avançado que aquele que comporta uma organização 
              social. Num quadro de grande pressão ideológica, de acusação 
              de “partidarização dos sindicatos” ou 
              “hegemonização partidária” os defensores 
              do capitalismo o que pretendem é a redução, 
              se não mesmo o afastamento, da influência dos comunistas 
              no movimento sindical. O que pretendem não é o reforço do movimento 
              sindical e da CGTP-IN mas o seu enfraquecimento bem como do PCP 
              e a capacidade de organização e luta dos trabalhadores. As dificuldades, obstáculos, novos problemas, que o movimento 
              sindical defronta não resultam da sua natureza e identidade 
              de classe, da sua corajosa luta em defesa dos direitos e interesses 
              dos trabalhadores, do grau de influência dos comunistas. São 
              resultantes das causas e efeitos da ofensiva capitalista, por políticas 
              de direita dos sucessivos governos. É no quadro de um duro combate ideológico, de resistência 
              às pressões diversificadas sobre os quadros membros 
              de Comissões de Trabalhadores e dirigentes sindicais, que 
              as listas unitárias mantêm fortes posições 
              nas CTs, que o movimento sindical unitário aumenta o número 
              de sindicalizados, de eleitos para delegados sindicais, do grau 
              de intervenção e luta nas empresas e sectores e do 
              reforço do prestígio e influência da CGTP-IN. Tal facto, sem subestimar a inestimável contribuição 
              de trabalhadores e dirigentes sindicais de diversas confissões, 
              diferentes opções político-partidárias 
              ou sem Partido, deve-se em grande medida ao esforço, dedicação 
              e contribuição de milhares de comunistas que concretizando 
              as orientações do projecto sindical do PCP se expressa 
              no grande colectivo do movimento sindical unitário consubstanciado 
              na CGTP-IN. V
 “Sim, é possível! Um PCP mais forte”
 Na Conferência Nacional do Partido, realizada em Novembro 
              de 1994, sob o lema “Renovar e reforçar a organização 
              e intervenção do Partido no seio dos trabalhadores”, 
              nos XV e XVI Congressos, em Encontros nacionais, regionais e sectoriais, 
              em várias Resoluções do Comité Central 
              e, mais recentemente na Conferência Nacional do Partido realizada 
              em 22 de Junho, é feita a análise e a caracterização 
              da situação e da sua evolução, são 
              apontadas orientações e medidas que, sem voluntarismos 
              nem conformismos, se sustentam numa ideia forte: na acção 
              geral do Partido e no trabalho para o seu maior enraizamento na 
              classe operária e nos trabalhadores, dificuldade não 
              significa impossibilidade. O XVI Congresso foi particularmente claro a destacar a importância 
              deste trabalho. Na sua Resolução Política inscreveu 
              o propósito de: “Lançar uma vasta acção para alterar 
              o reduzido nível da organização partidária 
              nas empresas e locais de trabalho e reforçar a organização 
              e intervenção do Partido junto da classe operária 
              e dos trabalhadores em geral.
 Uma acção que envolve o prosseguimento e desenvolvimento 
              de campanhas nacionais, regionais e sectoriais e outras formas de 
              contacto com os trabalhadores (associando medidas organizativas, 
              acção reivindicativa, propaganda e intervenção 
              política), mas que tem como objectivo central construir e 
              reforçar a organização e intervenção 
              partidárias nas empresas e locais de trabalho (criar novas 
              células e fortalecer as existentes, assegurar a presença 
              do Partido nem que seja apenas com um militante.”
 O Comité Central na sua reunião de 20 e 21 de Abril 
              de 2001 apontou objectivos precisos para esta acção. 
              Na Resolução “Reforçar a organização 
              e intervenção no seio da classe operária e 
              dos trabalhadores”, então aprovada, refere:“O XVI Congresso definiu como prioridade e objectivo nacional 
              a existência de trabalho organizado do Partido, nas empresas 
              e locais de trabalho com mais de mil trabalhadores e/ou de importância 
              estratégia, a par de outros objectivos sectoriais e regionais 
              de enraízamento do Partido.
 Isto significa assumir que, independentemente da dinâmica 
              existente em cada uma destas unidades, é objectivo da organização 
              regional respectiva e do Partido em geral assegurar a existência 
              de trabalho organizado nessas empresas, locais de trabalho (designadamente 
              locais de trabalho da Administração Pública 
              Central como hospitais e universidades e das câmaras municipais) 
              ou zonas industriais constituídas por unidades empresariais 
              de diversa dimensão.
 Isto significa que o Partido assume o objectivo no quadro das suas 
              organizações de ter uma estrutura de organizações 
              de base de maior ou menor dimensão em todas as empresas, 
              locais de trabalho ou zonas industriais referidas, que garantam 
              aí o trabalho organizado do Partido.
 Trata-se de uma estrutura de organizações de base 
              para o trabalho com os respectivos trabalhadores e para o trabalho 
              geral do Partido e não de uma frente de trabalho.
 O reforço efectivo da organização do Partido 
              exige a adopção de medidas urgentes, um verdadeiro 
              plano de trabalho em cada região que com o acompanhamento, 
              apoio e estímulo das estruturas centrais do Partido, defina 
              prioridades e sobretudo formas e meios para a sua concretização.”
 
 Esta é uma das linhas de trabalho mais importantes da acção 
              do Partido. Defrontando uma situação que colocou múltiplas 
              exigências à intervenção partidária, 
              decorrentes da realização de duas eleições 
              nacionais e da intensificação da campanha contra o 
              Partido, há passos importantes dados na concretização 
              das orientações aprovadas, com desigualdades, mas 
              há sobretudo um grande caminho ainda a percorrer no fortalecimento 
              da organização e intervenção do Partido 
              nas empresas e locais de trabalho.
 Avançou-se agindo de acordo com uma concepção 
              integrada, ligando o fortalecimento da organização, 
              ao reforço da intervenção, da iniciativa política 
              e da acção de massas. O PCP organizou, apoiou e dinamizou a luta de massas, avançou 
              com campanhas próprias de informação e esclarecimento 
              aos trabalhadores, articulando o movimento social de luta com uma 
              pronta, valiosa e diversificada intervenção nas várias 
              instituições onde participam eleitos comunistas, designadamente 
              na Assembleia da República, no Parlamento Europeu, nas Assembleias 
              Legislativas Regionais e nas Autarquias Locais. Foi desenvolvida a campanha 100 000 assinaturas por melhores salários 
              e qualidade de vida, em que foram recolhidas mais de 191 000 assinaturas, 
              o maior abaixo-assinado de sempre, que contribuiu para denunciar 
              os baixos salários e as baixas pensões de reforma 
              que lhe estão associadas como um grande problema nacional, 
              factor de injustiça social e de condicionamento do desenvolvimento 
              do País. As lutas dos trabalhadores, se no plano unitário e sindical 
              tiveram sempre a generosa e combativa participação 
              e empenho de muitos milhares de membros do Partido dirigentes sindicais, 
              delegados sindicais e membros de comissões de trabalhadores, 
              tiveram um suporte político e legislativo por iniciativa 
              dos eleitos do PCP na Assembleia da República e no Parlamento 
              Europeu que permitiram, em várias situações, 
              importantes vitórias políticas e recuos da política 
              de direita, como foram exemplo a melhoria do regime dos contratos 
              a prazo, a iniciativa na denúncia da sinistralidade no trabalho, 
              as propostas de desagravamento fiscal sobre os rendimentos do trabalho. No plano da organização procedeu-se ao levantamento 
              das empresas e locais de trabalho com mais de 1 000 trabalhadores 
              e/ou de importância estratégica e no seguimento desse 
              levantamento fixou-se o conjunto de empresas e locais de trabalho 
              prioritários para a intervenção do Partido 
              (381, dos quais 211 com membros do Partido). Avançou-se na 
              criação de comissões, organismos de coordenação 
              ou de direcção para este trabalho. Definiram-se responsáveis 
              pela coordenação nacional do Sector automóvel 
              e das indústrias eléctricas e electrónicas, 
              do Sector da construção, mármores e madeiras 
              e do Sector da portaria e vigilância. O recrutamento, concretizando 
              a campanha decidida de 2000 novos militantes, que terminou em Maio 
              de 2002, foi bem sucedido. Aderiram ao Partido nesse período 
              cerca de 2 400 novos membros, mais de 40% dos quais com menos de 
              30 anos. Recrutaram-se membros do Partido que abrangem um universo 
              de mais de 700 empresas e locais de trabalho. Deram-se passos para 
              aprofundar o conhecimento da realidade social, das suas alterações 
              e das empresas e locais de trabalho. As medidas de quadros, de responsabilização directa 
              por empresas e locais de trabalho prioritários, de envolvimento 
              de todo o Partido nesta grande direcção do trabalho 
              partidário, do conteúdo e nível de intervenção, 
              dos meios permanentes de propaganda, tendo conhecido desenvolvimentos 
              positivos necessitam contudo de uma atenção redobrada. No seguimento das orientações aprovadas e integrando 
              o movimento geral de reforço partidário “Sim, 
              é possível! Um PCP mais forte”, apontam-se as 
              seguintes linhas de orientação e medidas para o reforço 
              da acção e organização do PCP nas empresas 
              e locais de trabalho:
 1 – A acção do Partido deve dirigir-se a todos 
              os trabalhadores e isso exige formas de intervenção 
              e organização muito diferenciadas, tendo em consideração 
              a valiosa experiência partidária. Isso implica considerar 
              e desenvolver a experiência da organização e 
              agregação de membros do Partido por sectores profissionais, 
              de empresas ou de zonas industriais (uma grande parte dos trabalhadores 
              portugueses laboram em empresas e locais de trabalho com menos de 
              100 trabalhadores em que o número de membros do Partido por 
              empresa torna em geral difícil a organização 
              da célula apenas na base de uma empresa ou local de trabalho). 
              Estes sectores que constituem elementos indispensáveis ao 
              funcionamento colectivo, à participação dos 
              militantes e à sua agregação, não devem 
              limitar-se a ser um espaço de encontro dos comunistas, sendo 
              indispensável que prossiga sempre o objectivo de estimular 
              e assegurar a intervenção partidária junto 
              dos trabalhadores respectivos, nas empresas e locais de trabalho.
 2 – O trabalho do Partido é dirigido a todos os trabalhadores, 
              no entanto, há empresas, locais de trabalho e zonas industriais 
              que pela sua dimensão e/ou importância justificam medidas 
              especiais. A existência de uma definição clara 
              das empresas e locais de trabalho prioritários em cada região 
              é de grande importância para se poder avançar, 
              o que exige a actualização do levantamento das empresas 
              e locais de trabalho com mais de 1 000 trabalhadores e/ou de importância 
              estratégica, bem como zonas industriais e outras concentrações 
              de trabalhadores. Prioridades que devem abranger também as 
              unidades existentes em cada distrito de empresas nacionais (caso 
              dos CTT, da EDP, da Petrogal, dos bancos, das grandes superfícies 
              comerciais, etc.) e locais de trabalho da Administração 
              Pública Central e Local (caso do Ensino, Saúde, Segurança 
              Social e Autarquias). 3 – A concretização de medidas de direcção 
              e quadros é fundamental para fazer progredir este trabalho. 
              Nesse sentido, é necessário:  - a definição de um núcleo de quadros, designadamente 
              funcionários do Partido, em alguns casos com a concretização 
              de uma linha central de apoio, que deverão ter em exclusivo 
              tarefas ligadas ao acompanhamento e desenvolvimento do trabalho 
              do Partido nas empresas e locais de trabalho;- o destacamento de um quadro do Partido que tenha como responsabilidade 
              principal, em muitos casos exclusiva, o trabalho de cada empresa 
              e local de trabalho prioritário, com condições 
              para acompanhar esse trabalho (tenha ou não tenha essa empresa 
              neste momento membros do Partido conhecidos), bem como, de acordo 
              com a realidade concreta de cada distrito a responsabilização 
              de camaradas pelo acompanhamento dos sectores que têm coordenação 
              no plano nacional e por outros que a realidade regional justifique;
 - a criação em cada Direcção de Organização 
              Regional onde ainda não exista de uma comissão, organismo 
              de coordenação ou de direcção, que não 
              se dilua no acompanhamento do trabalho sindical e tenha a responsabilidade 
              de acompanhar e dirigir a concretização de medidas 
              do plano de acção regional estabelecido.
 4 – Além de medidas específicas, a consideração 
              deste objectivo exige que seja assumido como uma preocupação 
              de todo o Partido, a começar pelas organizações 
              concelhias e de freguesia, o que implica, entre outros aspectos: 
             - a atenção dos organismos dirigentes das ORs e das 
              Comissões Concelhias à organização, 
              aos problemas e à luta dos trabalhadores e à tomada 
              de posição sobre essas situações e sua 
              divulgação junto dos trabalhadores;- o levantamento e actualização dos locais de trabalho 
              dos membros do Partido e da sua disponibilidade para dar uma colaboração 
              na sua empresa independentemente do sitio onde estão organizados, 
              devendo aproveitar-se para este efeito a acção de 
              esclarecimento geral da situação dos membros do Partido 
              apontada pela recente Conferência Nacional do Partido;
 - o levantamento de nomes de trabalhadores ainda não membros 
              do Partido, nomeadamente jovens e mulheres, que estejam disponíveis 
              para este trabalho (familiares, amigos, conhecidos).
 - o trabalho conjunto com a JCP e o levantamento de contactos que 
              tem para a acção e organização das empresas 
              e locais de trabalho.
 5 – O recrutamento de novos militantes e a sua integração 
              é uma questão decisiva para o inicio do trabalho partidário 
              em muitas empresas e locais de trabalho, para a criação 
              de novas células e para o rejuvenescimento da organização 
              em vários sectores e empresas, e constitui um elemento vital 
              para assegurar o futuro da organização partidária 
              e o reforço da sua intervenção. No âmbito 
              da campanha de 2 000 novos militantes integrada no movimento geral 
              de reforço partidário “Sim, é possível! 
              Um PCP mais forte” a alcançar até à Festa 
              do «Avante!» do próximo ano, é necessário 
              proceder ao levantamento geral de nomes de trabalhadores, em particular 
              jovens, a contactar para a adesão ao Partido. Papel particularmente 
              importante têm os militantes do Partido que são dirigentes, 
              activistas sindicais ou membros de CTs, no levantamento de trabalhadores 
              dirigentes sindicais, membros de CTs, de Comissões Sindicais, 
              de Comissões de Saúde, Higiene e Segurança 
              no Trabalho que se destacam e nos contactos para a sua adesão 
              ao Partido.  6 – O trabalho de enraizamento do Partido nos trabalhadores 
              beneficiará dos levantamentos que permitirão localizar 
              membros do Partido que não são conhecidos, no entanto 
              o objectivo de assegurar trabalho organizado no universo das empresas 
              considerado, pelo facto de não haver militantes em muitas 
              delas, vai exigir o prosseguimento de contactos à porta das 
              empresas e, particularmente, um trabalho partidário com trabalhadores 
              que não são membros do Partido (ou que ainda o não 
              são mas podem vir a sê-lo). Mesmo em locais em que 
              já há membros do Partido é preciso ver a forma 
              de alargar a intervenção e a influência partidária 
              com iniciativas e trabalho que envolvam trabalhadores não 
              membros do Partido. Isso além da compreensão que é 
              necessário vincar que o Partido se dirige a todos os trabalhadores 
              de uma dada empresa ou local de trabalho e que a célula ou 
              os membros do Partido aí existentes são o instrumento 
              essencial desse trabalho junto de todos os trabalhadores. 7 – A intervenção do Partido, o conteúdo 
              da acção concreta é o elemento essencial de 
              aferição da organização e do trabalho 
              que estamos a realizar. A organização é fundamental, 
              mas tem que estar sempre ligada à intervenção. 
              O plano de trabalho que se propõe levar à prática 
              é um plano de intervenção política que 
              articule o trabalho de reforço da organização, 
              com a elevação da consciência de classe, da 
              organização, da luta dos trabalhadores pela defesa 
              dos seus interesses e da sua participação nas batalhas 
              políticas gerais. O conteúdo da acção 
              do Partido, o contacto com trabalhadores que ainda não são 
              militantes ou com um membro do Partido isolado numa empresa, a necessária 
              iniciativa de cada membro do Partido, a acção de uma 
              célula mais ou menos numerosa, têm que estar impregnados 
              desta concepção de trabalho.  É preciso ter no centro das atenções o conhecimento 
              da realidade em cada empresa ou local de trabalho (forte componente 
              feminina, de jovens e de imigrantes) e das aspirações 
              dos trabalhadores, formular as reivindicações e as 
              acções a desenvolver para a sua satisfação. 
              É preciso tomar as medidas adequadas para fortalecer a organização 
              do Partido e a unidade dos trabalhadores, associando o trabalho 
              de organização à iniciativa política 
              do Partido. É necessário conhecer e acompanhar a situação 
              económica e financeira das empresas, alertar para os problemas 
              existentes, contribuir para a definição de soluções, 
              articulando este trabalho com a iniciativa do Partido nas instituições 
              (AR, PE, Assembleias Legislativas Regionais e Autarquias Locais). 
              É necessário promover a emissão regular de 
              informação aos trabalhadores sobre a realidade com 
              que estes se confrontam, as posições políticas, 
              a actividade geral do Partido e a afirmação dos ideais 
              e projecto do PCP.  8 – Neste sentido, é indispensável um esforço 
              continuado de difusão da imprensa do Partido — «Avante!» 
              e «O Militante» —, instrumento imprescindível 
              no trabalho organizativo de esclarecimento e de mobilização 
              dos militantes e dos trabalhadores. 9 – O desenvolvimento deste trabalho implica o prosseguimento 
              das acções nacionais do Partido e ao mesmo tempo o 
              reforço dos meios para uma acção de propaganda 
              permanente e no apoio ás organizações prioritárias 
              com menos possibilidades. 10 – O êxito da linha de reforço da acção 
              e organização do Partido nas empresas e locais de 
              trabalho, exige um acompanhamento central do Partido que passa pela 
              consolidação e dinamização da coordenação 
              de sectores e empresas no plano nacional, pela realização 
              de reuniões com os responsáveis pelo trabalho do Partido 
              em empresas e locais de trabalho e membros de secretariados de célula 
              ou de organismos sectoriais, profissionais ou de empresa e pelo 
              estabelecimento de iniciativas de apoio ao seu trabalho. ***
 O reforço da influência do Partido junto da classe 
              operária e dos trabalhadores, da sua acção 
              e organização nas empresas e locais de trabalho, questão 
              essencial para o fortalecimento da organização, unidade 
              e luta dos trabalhadores, para o fortalecimento geral do Partido 
              e para a intensificação da luta contra a exploração 
              capitalista, por uma nova sociedade, é um grande objectivo 
              que se coloca. Com a participação e empenho dos militantes 
              e das organizações partidárias, sempre com 
              os trabalhadores, intensificando a intervenção e a 
              iniciativa, promovendo a adesão de novos membros, numa acção 
              convicta, determinada e persistente é possível um 
              PCP mais forte nas empresas e locais de trabalho.       |