Sobre as medidas anunciadas para o sistema prisional
  Nota do Gabinete de Imprensa do PCP
   19 de Abril de 2006
1. O PCP não pode deixar de exprimir sérias preocupações sobre as notícias postas a circular para o sector prisional, provenientes do Ministério da Justiça, e que referem que o Governo se prepara para, por via da permuta de terrenos de estabelecimentos prisionais, servir os interesses imobiliários com favorecimento de vultuosos negócios privados, ao mesmo tempo que aponta para a privatização da segurança das prisões.
2. A situação de pré-ruptura em que continua o sistema 
  prisional, com cadeias sobrelotadas, desumanizadas e na maioria dos casos sem 
  condições de dignidade e com uma população extremamente 
  afectada em termos médico-sanitários, exigiria do Governo medidas 
  voltadas, essas sim, para os problemas há muito detectados e denunciados 
  em sucessivos relatórios da Provedoria da Justiça e conhecidos 
  diagnósticos e estudos mais recentes.
  Ao invés de seguir as recomendações e propostas fundamentadas 
  para o sector e atacar os problemas de fundo, o Governo mostra-se mais preocupado 
  em responder e favorecer interesses mais que duvidosos, nada fazendo para conter 
  a grave degradação do sector.
3. A segurança em meio prisional, não apenas de reclusos mas igualmente de familiares e visitantes – englobando aspectos de vigilância, revista pessoal e controlo rigorosos – reveste-se de particular delicadeza no que respeita a direitos e garantias dos cidadãos, pelo que deve continuar a ter natureza de serviço público, assegurado pelo Estado.
4. O PCP de há muito vem denunciando a crescente desresponsabilização 
  do Estado na área da Justiça, bem como a estratégia privatizadora 
  seguida por sucessivos governos e agora retomada e acentuada pelo ministro Alberto 
  Costa.
  A receita é conhecida e já foi aplicada em outros sectores e países, 
  com resultados extremamente negativos e geradores de falta de transparência, 
  gestão dolosa e promiscuidade.
  O PCP, que tem defendido a necessidade de uma reforma profunda na Administração 
  Penitenciária, alerta a opinião pública para a gravidade 
  das medidas do Governo, medidas que só irão contribuir para agravar 
  ainda mais a precariedade do sistema, os direitos e a dignidade dos cidadãos 
  reclusos e dos profissionais do sector.