Canto Moço

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não sabemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara.

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo de uma montanha.

Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora.
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca.





Foi a proibição de José Afonso interpretar Canto Moço no Coliseu dos Recreios no I Encontro da Canção Portuguesa, a 29 de Março de 1974 (que levaria à ocupação da Rua das Portas de Santo Antão pelas carrinhas da polícia de choque!) que levou os cantores presentes a cantarem a Grândola em coro com toda a assistência que, aliás, durante o espectáculo cantara quase sempre os versos de outras canções cortadas pela Censura.