CRUCE DE CAMINOS

Gerado Nuñez e Perico Sambeat com os convidados
Juan José Amador e Carmen Cortés

O projecto Cruce de Caminos teve o seu início num espectáculo apresentado na Bienal do Flamenco em Sevilha no ano de 2000, num programa musical do Teatro Central, sob o lema: «El Flamenco viene Del Sur», numa produção da responsabilidade da «Consejaría» de Cultura da Junta da Andaluzia.

Cruce de Caminos é, antes de mais, uma experiência compartilhada pelos seus proponentes iniciais Gerardo Núñez e Perico Sambeat com Rafael de Utrera, George Colligan, Marc Miralta, Javier Colina e Arto Tuncboyaciyan, mestres de diversas geografias e latitudes musicais que se combinaram num projecto que oscila entre os cânones herdados da tradição e as surpresas inerentes ao exercício da experimentação.

A Guitarra de Gerardo Núñez nasce do tronco de influência do flamenco do Jerez, mas conhece bem os códigos de comunicação com outras fontes musicais. A sua tendência a desfazer os limites e as convenções é a mesma que se encontra presente na carreira do saxofonitsa Perico Sambeat, que desde o seu trabalho «Ademuz» (1995), tem manifestado um interesse especial na busca de um ponto de encontro entre o Jazz e a música flamenca, sempre conseguindo resultados brilhantes e inovadores.

O apego às origens, em combinação com uma atitude inquieta e aberta, é característica igualmente do Cantor Juan José Amador e da bailarina Carmen Córtes. O baterista Marc Miralta e o contrabaixista Pablo Martin são músicos de reconhecida trajectória internacional e a eles se junta habitualmente o pianista Bernardo Sassetti. Estes três músicos de Jazz aprenderam a amar conjuntamente o flamenco – e de que maneira.

Cruce de Caminos é um projecto de flamenco que, desde uma atitude de renovação de repertório (em letras e composições, arranjos e apresentação), alimenta-se de outras influências e fontes musicais, em especial o jazz da tradição mediterrânea. No seu repertório combinam-se novas composições instrumentais, adaptações flamencas de clássicos de Jazz e novas incorporações ao elenco do «cante» flamenco a partir da obra poética de autores andaluzes contemporâneos.

Gerardo Núñez – guitarra;
Perico Sambeat – sax alto e soprano;
Bernardo Sassetti – piano;
Pablo Martín – contrabaixo;
Marc Miralta – bateria;
Angel Sánchez, «El Cepilho» – cájon;
Juan José Amador – cantador;
Carmen Cortés – baile

Perico Sambeat (Sax alto e soprano) - Começa aos seis anos de idade a estudar piano e solfejo. Em 1980 inicia a aprendizagem do Sax de modo autodidacta. Desloca-se para Barcelona em 1982, onde conclui os seus estudos clássicos de flauta e integra-se no «Taller de Músics», estudando harmonia e arranjos com José Eduardo Conceição e Silva. Tocou com o seu grupo em Festivais e clubes por toda a Espanha e no resto da Europa. Em 1991 muda-se para a New School em Nova Iorque, onde tem a oportunidade de tocar com nomes como Lee Konitz, Jimmy Cobb e Joe Chambers, entre outros. Trabalhou profissionalmente com Steve Lacy, Daniel Humair, Fred Hersch, Bob Moses, Louis Bellson, Brad Mehldau. Para além dos seus doze trabalhos editados como líder ( Perico Sambeat, Punto de Partida, Uptwn Dance, Dual Force, Ademuz, Jindungo, NY Barcelona Croossing, Vol I-II, Discantus, Some Other Spring, Perico, Cruce de Caminos e a iminente publicação de um novo CD com a discografia alemã), há que acrescentar mais de trinta discos como colaborador e uma interminável lista de concertos. Perico foi galardoado com mais de uma dezena de prémios importantes entre os quais se destacam: o melhor solista 1990 «Jazz entre amigos»; primeiro prémio de composição para jovens compositores SGAE 1993, melhor sax espanhol por votação popular na Revista Satchmo em 1996 e melhor saxofonista na 1ª edição dos prêmios de Jazz de Valência (2001).

Gerardo Nuñez (Guitarra) - Professor nos seminários de Sanlucar (Cádiz), no Teatro Central de Sevilha, Berkeley (Boston) Flamencos em Nova Iorque (Nova Iorque), São Paulo (Brasil), Gerardo inicia a sua carreira musical acompanhando o «cante» e o baile de Jerez com Tio Gregório «El Borrico», La Paquera de Jerez e Agujetas e mais tarde integra a companhia de Mario Maya. Acompanha Enrique Morente no Teatro Real de Madrid e realiza uma tournée pelas principais cidades dos EUA com um quarteto de Guitarras «International Guitar night» que se forma na cidade de São Francisco, Califórnia, junto a Alex de Grassi, Paulo Bellinati e Briam Gare. Lidera a direcção musical do espectáculo «Así pasen cien años» da companhia de dança flamenca de Carmen Cortés. Desdobra-se em concertos na Alemanha e em Itália com o quarteto formado por Gerardo Nuñez, Eberhad Weber, Richard Galliano e Enrico Rava. Grava nos EUA o seu último disco «Calima». Compõe a «Sinfonia para um nuevo Teatro» para a abertura do Teatro Principal de Barcelona. Colabora em muitos trabalhos discográficos com: Plácido Domingo, Tereza Berganza, Índio Gitano, Andréas Wollenweider, Enrique Morente, José António Galicia, Jorge Pardo, Ana Belén, Danilo Pérez, Mecano, entre outros. Na sua discografia salientam-se: «El gallo azul», «Juncal», «Salomé» e «Calimo».

Carmén Cortés (Baile) - Carmen Cortés nasceu em Barcelona, filha de pais andaluzes. Bailarina e coreógrafa, fundou a sua própria companhia de baile flamenco em 1989. Durante todos os seus anos de carreira contou com colaboradores habituais nos seus espectáculos, como é o caso do guitarrista e compositor Gerardo Nuñez, e as colaborações especiais do bailador António Canales «El amor brujo» e a actriz Núria Espert «Yerma». Em 1990 estreia o espectáculo «Los cantes de ida y vuelta», designados assim pela sua origem hispano americana e incluídos no mais tradicional e puro flamenco. Entretanto estréia uma obra de teatro dança, «Memória Del Cobre», escrita para ela por Francisco Suarez. Em 1993 e 1994 representa «El amor brujo», numa versão inédita a quatro guitarras flamencas, e «Los Gabrieles», homenagem aos café cantates dos primeiros anos do século. No ano de 1995 cria «A Frederico», um ballet em homenagem a Federico Garcia Lorca que tanto amou o flamenco. No ano seguinte entra em tournée com o espectáculo «Yerma» de Federico Garcia Lorca, que leva até aos palcos de Nova Iorque. Este mesmo espectáculo será seleccionado pela Fundação Federico Garcia Lorca para integrar o programa oficial das comemorações do centenário do poeta que se comemorou em 1998. Em 1997 aceita novo desafio e põe em cena «Salomé, na versão de Óscar Wilde. Para isso conta com a música do guitarrista Gerardo Núñez e a direcção cénica e dramática de Gerardo Vera. O resultado desta singular montagem fez com que o Teatro Clássico de Mérida iniciasse pela primeira vez o seu ciclo de espectáculos com dança. Em Novembro de 1998 estreia a peça «Así pasen cien años», no Festival de Teatro de Valladolid. Nesse mesmo ano é finalista como «Mejor bairalina de lãs Artes Escénicas» pela sua obra «Yerma».

Carmen Cortes é respeitada pelo seu exigente critério e compromisso profissional de que faz gala no seu quotidiano de trabalho, entregando todas as suas energias à criação e divulgação do flamenco. Nesta típica dança andaluz move-se com o espartilho e conhecimento dos passes clássicos aliados ao vanguardismo da sua inovação e experimentalismo. Por isso mesmo foi a primeira bailarina a coreografar e dançar uma «Granaína» em ritmo de flamenco livre.