Martinho da Vila (Brasil)
Vai ser um momento único e que simboliza na perfeição o espírito da Festa do "Avante!". O facto é este: Martinho da Vila, um nome pouco menos que mítico da música popular brasileira, vai pela primeira vez dar expressão em Portugal ao projecto que anima há já alguns anos e que ele próprio designa por "Lusofonias". Trata-se do resultado prático de uma relação íntima que Martinho da Vila estabeleceu com Angola, país onde se desloca amiúdas vezes e de onde leva, para o Brasil, inúmeros músicos que promove e divulga na sua terra.

Na Festa do "Avante!", Martinho da Vila vai dar um espectáculo com o angolano Filipe Mukenga - homem com obra significativa e habitual colaborador de músicos brasileiros como Djavan e Flora Purim - e com os guineenses Tabanka Djaz - o primeiro grupo africano a ganhar em Portugal um disco de Platina - fazendo, com música, a ponte cultural entre três continentes.

 


A carreira de Martinho da Vila não se pode contar num artigo de poucas linhas de jornal. Começou em 1967 no 3.º Festival de Música da TV Record em São Paulo - um cadinho de onde partiram para a popularidade inúmeras estrelas da chamada MPB. De espírito militante, Martinho marcou o carácter da sua música com o tema "O Pequeno Burguês" onde relatava uma história real: um antigo colega de exército tinha-se formado advogado e foi duramente criticado pelos amigos, que o passaram a chamar de "burguesinho" por não ter convidado os colegas para a festa de formatura. Mas a verdade é que nem o próprio recém advogado foi à festa de formatura por não ter dinheiro para os gastos. Na época a canção impressionou e foi classificada como de contestação, embora não fosse essa a intenção inicial de Martinho.

Dos álbuns entretanto saídos da autoria deste músico destacava-se a sua particular habilidade em ludibriar a censura, que tinha uma lista de palavras proibidas que Martinho substituía por sinónimos menos comuns.


Filipe Mukenga (Angola)

Passada essa época, Martinho da Vila aumentou o ritmo de edições, e geralmente gravava um disco por ano. Pelo meio colaborou praticamente com todos os nomes - letristas, poetas, compositores, músicos e cantores - relevantes da Música Popular Brasileira, ganhou um incontável número de prémios, vendeu milhões de discos. Agora vem a Portugal mostrar resultados da sua colaboração regular com músicos africanos de países de língua oficial portuguesa.


Tabanka Djaz (Guiné)