Sobre o orçamento do ensino superior para 1999 e a subtracção das propinas
Declaração de Edgar Correia da Comissão Política do PCP
6 de Novembro de 1998

 

Os elementos já disponíveis em relação à proposta de Orçamento da Educação para o próximo ano (1999) e o incumprimento por parte do Governo da fórmula de cálculo das despesas de funcionamento prevista na lei de financiamento do ensino superior permitem sublinhar três conclusões fundamentais:

A primeira, de que se está mais uma vez perante uma situação de subfinanciamento do ensino superior público, que atinge quer as despesas de funcionamento quer de investimento, e que este facto altamente negativo é susceptível de agravar dificuldades e potenciar conhecidos problemas que atingem o ensino superior.

A segunda, de que mais uma vez as verbas das propinas são utilizadas em substituição do financiamento público, ao contrário da aditividade que havia sido prometida pelo Governo, aquando da discussão da lei das propinas, para a elevação da qualidade do ensino superior. Este facto traz de novo à actualidade as críticas que a Comissão Nacional do Ensino Superior do PCP oportunamente dirigiu à actual lei do financiamento do ensino superior e a exigência da sua revogação.

E a terceira, que desta forma não se inverte a linha de desresponsabilização do Estado em relação ao ensino superior público e, em particular, às universidades. Linha que é contrária ao interesse nacional de expansão deste grau de ensino e à promoção da igualdade de oportunidades que tem no ensino público uma das suas componentes mais importantes.

Contribuem para estas conclusões os seguintes elementos relevantes: