Senhor Presidente
  Senhores Deputados
  
  As duas razões que justificam este projecto de resolução do PCP são simples, 
  directas e claras:
  
  1ª - em termos reais, os preços dos combustíveis líquidos em Portugal são os 
  mais caros da União Europeia;
  
  2ª - o facto de esses preços serem a cabeça do pelotão não resulta de o petróleo 
  bruto ser mais caro para Portugal nem de os custos de refinação no nosso país 
  serem mais elevados que nos resto do continente europeu; decorre, apenas e exclusivamente, 
  do elevado peso dos impostos que sobre eles recaiem.
  
  Por acréscimo, e essa é a questão básica colocada pelo nosso projecto de resolução, 
  é que o imposto pago pelos portugueses tem vindo a aumentar sucessivamente, 
  sem razões outras que não sejam engordar o Orçamento do Estado e impedir que 
  a baixa de preços do petróleo bruto seja repercutida numa baixa dos preços de 
  venda ao público dos combustíveis líquidos, em particular das gasolinas e do 
  gasóleo rodoviário.
  
  Os números não deixam margem para dúvidas: durante a governação do PS, entre 
  Novembro de 1995 e Março de 1999, o preço da gasolina super com chumbo aumentou 
  12$00 por litro, sendo certo que os impostos correspondentes aumentaram 14$00; 
  no mesmo período o preço por litro do gasóleo rodoviário aumentou 6$00, enquanto 
  os impostos respectivos aumentaram mais de 8$00!
  
  Isto é, o aumento dos preços dos combustíveis resulta exclusivamente do aumento 
  dos impostos que, por acréscimo, ainda metem ao bolso a baixa dos preços de 
  produção.
  
  Isto é excessivo, é injusto, é demais.
  
  Para além de ser politicamente incoerente com toda a postura do Governo, para 
  quem, em todas as áreas incluindo a área dos direitos laborais, a filosofia 
  básica é a de que o mercado todo poderoso é quem mais ordena. Pelos vistos, 
  só nos combustíveis é que não é assim. Aqui, o Governo do PS entende ser ele, 
  pela "via" da manipulação dos impostos, a fixar os preços de venda ao público. 
  É uma originalidade por explicar, talvez caracterizadora da via dos socialistas 
  portugueses alternativa à "terceira via" de Tony Blair.
  
  De qualquer forma, não é uma "via" aceitável.
  
  O que o PCP propõe é que os portugueses, pelo menos e no imediato, à semelhança 
  do que sucede com os cidadãos dos restantes países europeus, beneficiem da baixa 
  de preços do petróleo bruto no mercado internacional.
  
  E desta baixa imediata de preços que propomos não resulta qualquer conflito 
  com a receita orçamental prevista no Orçamento de Estado aprovado na Assembleia 
  da República.
  
  A esse propósito recordo o que o Governo escreveu no Relatório do Orçamento 
  para 1999, acerca da previsão de receitas do Imposto sobre os produtos petrolíferos: 
  "considera-se como pressuposto da previsão orçamental a manutenção, no essencial, 
  da carga fiscal em cada um dos produtos sujeitos a este imposto".
  
  Ora, a verdade é que o ISP médio cobrado em 1998 foi de 100$50 para a gasolina 
  super e de 55$80 para o gasóleo rodoviário. Mas em Março de 1999 esses impostos 
  são, respectivamente, de 105$90 e de 59$20.
  
  Ou seja, sem perda da receita orçamentada, os preços de venda ao público da 
  gasolina e do gasóleo podem baixar imediatamente cerca de 5$00 por litro.
  
  ISTO É O MINIMO EXIGIVEL, e o PCP exige-o com a apresentação desta Resolução.
  
  Mas, num prazo relativamente curto, pensamos que é necessário ir mais longe. 
  
  
  Por razões que têm a ver com a imensa fronteira terrestre do nosso país com 
  a Espanha, e consequente desvio de comércio de combustíveis, e com questões 
  de concorrência turística e de competitividade da generalidade das empresas 
  portuguesas com as do país vizinho, impõe-se que a tributação dos combustíveis 
  em Portugal não se afaste muito da carga fiscal praticada em Espanha. São razões 
  de peso a que o Governo não pode ficar alheio. O Governo, nesta situação como 
  noutras, não pode continuar a meter a cabeça na areia.
  
  O projecto de Resolução do PCP é económica e socialmente justo, responsavelmente 
  ponderado e orçamentalmente inquestionável. Não é populista nem demagógico. 
  A seriedade do nosso projecto de resolução reclama a seriedade dos restantes 
  Grupos Parlamentares, incluindo o do PS.
  
  Por isso não consideramos outra hipótese que não seja o da sua aprovação.
  
  Disse.