O Comité Central do Partido Comunista Português, reunido a 8 de 
  Julho de 2006, procedeu a uma análise ao desenvolvimento da situação 
  política nacional decorrente da acção do Governo do PS 
  presidido por José Sócrates e da ofensiva em curso contra direitos 
  e conquistas sociais, bem como a uma avaliação da situação 
  internacional, designadamente no Médio Oriente, e em particular na Palestina, 
  e em Timor-Leste. O Comité Central avaliou ainda a concretização 
  da acção de reforço da organização do Partido 
  e definiu as principais linhas de trabalho para o futuro imediato.
1. O Comité Central do Partido Comunista Português avalia com 
  grande preocupação o desenvolvimento da política de direita 
  e da ofensiva contra direitos e conquistas sociais que o actual Governo tem 
  em curso. 
  Suportada num quadro político-institucional favorável aos interesses 
  do grande capital — decorrente da presença e afirmação 
  nos principais órgãos de soberania de um bloco central de interesses, 
  traduzido na existência de um governo com uma maioria parlamentar e da 
  «cooperação estratégica» que o actual Presidente 
  da República lhes garante —, a acção política 
  do actual Governo corresponde a uma nova fase, quer pela intensidade quer pelo 
  seu carácter global, de uma ofensiva dirigida para a destruição 
  dos direitos sociais e para a realização dos interesses do grande 
  capital.
2. O Comité Central do PCP chama a atenção para o facto 
  de estar em curso não apenas uma acção destinada a reduzir 
  direitos e a impor retrocessos sociais, mas sim uma ofensiva dirigida contra 
  o regime democrático consagrado na Constituição, no sentido 
  de reconfigurar a estrutura e papel do Estado aos interesses do capital monopolista.
  As declarações recentes de conhecidos e proeminentes representantes 
  do grande capital no sentido, já não só da reclamação 
  de políticas económicas e sociais mais favoráveis aos seus 
  interesses e mais negativas para os trabalhadores, mas da apresentação 
  de uma verdadeira agenda de subversão do regime político e constitucional, 
  são expressão das condições que julgam poderem estar 
  criadas, animados pela acção e compromissos do Governo, para levar 
  mais longe a sua ofensiva contra o regime democrático. Recompostos o 
  capital monopolista nacional e a sua ligação ao capital estrangeiro, 
  e garantido o domínio do poder económico sobre o poder político, 
  o capital e os círculos políticos ao seu serviço inscreveram 
  como seu objectivo o assalto ao regime democrático e constitucional.
3. Como insistentemente o PCP tem sublinhado, a ofensiva contra a democracia 
  social e económica terá, inevitavelmente, expressão no 
  empobrecimento da democracia política e na restrição das 
  liberdades e garantias dos cidadãos. 
  Os projectos de revisão das leis eleitorais, as alterações 
  anunciadas na política de segurança interna e o chamado pacto 
  de regime para a área da justiça — que PS e PSD, e o bloco 
  central de interesses que representam, se dispõem a viabilizar — 
  são inseparáveis da ofensiva mais geral em curso e constituem 
  uma condição necessária para, pelas limitações 
  impostas aos que a ela resistem e se opõem, operacionalizar a concretização 
  dos objectivos da direita e do capital.
  No plano da Segurança Interna, o Governo tem em curso — a pretexto 
  das acrescidas ameaças e complexificação dos fenómenos 
  criminais e da necessidade (inevitável) de uma reorganização 
  das forças de segurança — a aplicação e preparação 
  de medidas de reforço do aparelho repressivo do Estado. Vão nesse 
  sentido os projectos de subordinação à tutela do MAI de 
  todas as forças e serviços de segurança, de centralização 
  da informação criminal e da crescente militarização 
  da GNR. É todo um vasto conjunto de medidas securitárias no quadro 
  de novos conceitos de segurança em preparação, que vão 
  desde o reforço de Schengen e da generalização da vigilância 
  e policiamento da sociedade à concentração no primeiro-ministro 
  dos serviços de informações, num deslizante e ilegal processo 
  de fusão.
  A estratégia em curso na área da Justiça tem por objectivo 
  enfraquecer o poder judicial, limitar a independência dos tribunais, governamentalizar 
  e privatizar a justiça.
  A ofensiva, de uma intensidade sem precedentes, que o actual Governo tem em 
  curso para controlar a justiça — acompanhada da retirada de direitos, 
  do afrontamento da dignidade dos profissionais do sector e de insidiosas campanhas 
  para minar aos olhos dos cidadãos a credibilidade da justiça — 
  não é separável da escalada contra o regime democrático. 
  Ela visa, em última análise, manter impunes os poderosos consolidando 
  ainda mais os traços de uma justiça de classe, já hoje 
  prevalecentes.
  O PCP alerta para as cada vez mais frequentes acções de limitação 
  de direitos e restrição de liberdades de acção política, 
  de propaganda e de acção sindical. A frequência com que, 
  em violação da lei, as forças de segurança intervêm 
  em nome do patronato para cercear a actividade sindical dentro ou junto da empresas, 
  as tentativas de restrição do direito de propaganda e de liberdade 
  de expressão em vários concelhos do País e os repetidos 
  actos de intimidação junto de dirigentes sindicais e activistas 
  do PCP — dos quais ressalta, pela sua gravidade, a acusação 
  de «manifestação ilegal» movida a dois dirigentes 
  do PCP, actualmente constituídos arguidos com termo de identidade e residência, 
  em resultado de uma acção de entrega de um abaixo-assinado na 
  residência do primeiro-ministro — são sinal de um preocupante 
  recurso, à margem da Constituição e dos direitos nela consagrados, 
  a actos intoleráveis de limitação das liberdades.
  O Comité Central do PCP rejeita firmemente a intimidação 
  e os ilegítimos condicionamentos no exercício de liberdades e 
  direitos democráticos, e reafirma a sua determinação em 
  os defender e exercer.
4. O Comité Central do PCP sublinha o facto de o Partido Socialista 
  e o seu Governo terem tomado em mãos a liderança da concretização 
  da agenda e objectivos do capital financeiro e dos grandes grupos económicos. 
  Não se trata já de uma política justificada a pretexto 
  de «reformas» ou de aberta colaboração com os partidos 
  da direita. A acção do Governo do PS nos planos económico, 
  social e político constitui um verdadeiro programa dirigido contra os 
  direitos dos trabalhadores, os serviços públicos e as funções 
  sociais do Estado. A cobertura aos objectivos do patronato em matéria 
  da liquidação da contratação colectiva e da redução 
  de salários, os projectos de liquidação da segurança 
  social enquanto direito universal, a ofensiva contra a administração 
  pública e os serviços públicos e a redução 
  da despesa e investimento públicos são a expressão mais 
  visível dos objectivos, programa e acção do actual Governo.
  A remodelação ocorrida na sequência da demissão do 
  ministro dos Negócios Estrangeiros, sendo expressão da instabilidade 
  que a actividade do Governo vem provocando junto de vários sectores da 
  sociedade portuguesa, traduz-se objectivamente no reforço das orientações 
  e eixos essenciais da sua política, designadamente em matéria 
  de política externa e de defesa, e da sua subordinação 
  aos objectivos estratégicos do imperialismo norte-americano e da União 
  Europeia.
  
  5. O Comité Central do PCP regista que os principais traços da 
  situação económica e social resultantes da avaliação 
  feita em Abril passado se mantêm: estagnação económica, 
  crescimento do desemprego, degradação dos rendimentos da generalidade 
  dos portugueses e um preocupante défice externo. Uma situação 
  que ? apesar dos esforços do Governo para encobrir a dimensão 
  da sua ofensiva, com medidas avulsas e propagandísticas, designadamente 
  na área das novas tecnologias ? testemunha em toda a sua extensão 
  a falência das políticas de direita e o agravamento dos problemas 
  nacionais.
  Desmentindo o esforço propagandístico do Governo, que apresenta 
  como positivos indicadores sem qualquer sustentação real, é 
  o próprio INE que revela «sinais desfavoráveis em todos 
  os sectores ? indústria, serviços e construção», 
  acrescentando que o «indicador de actividade reforçou em Abril 
  a tendência negativa que vem a registar desde finais de 2004».
  É ainda o próprio INE que vem desmentir o crescimento «virtuoso» 
  inventado pelo primeiro-ministro, ao evidenciar que o crescimento das exportações 
  nos primeiros três meses de 2006 foi mais aparente que real, resultante 
  das dificuldades verificadas nas exportações de têxteis 
  o ano passado, tendo o País continuado a perder quota de mercado no corrente 
  ano, com uma quebra naquele período que iguala a média de 2005 
  (5,6%).
  O Relatório do Banco de Portugal sobre a evolução do sector 
  financeiro em 2005, divulgado em fins de Junho, põe a nu mais uma vez, 
  a brutal contradição entre a «saúde» da banca 
  (que regista um crescimento dos lucros de 71,5%) e a «doença» 
  da generalidade das outras áreas económicas, em particular das 
  micro, pequenas e médias empresas, e dos sectores produtivos. O empolamento 
  dos lucros financeiros é também confirmado pelo facto de a remuneração 
  dos accionistas das empresas cotadas na Bolsa ser a segunda maior entre os países 
  da Europa.
6. A recente apresentação na Assembleia da República do 
  documento das Grandes Opções do Plano (GOP) para 2007, confirma 
  a inteira assunção de reforçadas orientações 
  capitalistas neoliberais, designadamente o programa de privatizações, 
  que constitui, para além da alienação de importantes empresas 
  de valor estratégico, um expediente de obtenção de receitas 
  destinado a atenuar o crescimento da dívida pública decorrente 
  da incapacidade de tapar por outras vias o buraco dos desequilíbrios 
  orçamentais.
  O Comité Central do PCP chama a atenção, mais uma vez, 
  para as consequências desastrosas destas políticas para os sectores 
  produtivos nacionais. A opção de fazer dos investimentos do capital 
  estrangeiro o eixo nuclear do crescimento económico nacional constitui 
  um factor de fragilidade e dependência, testemunhado pelo abandono do 
  País de dezenas de empresas, de que são exemplo as do sector da 
  indústria eléctrica e electrónica, a Bombardier, a instabilidade 
  que atravessa a Autoeuropa e, mais recentemente, as ameaças que pesam 
  sobre a GM/OPEL de Azambuja. 
  Na actual conjuntura assume ainda particular gravidade os elevados preços 
  da energia que os sectores produtivos continuam a pagar, agravando drasticamente 
  as condições da sua competitividade com as empresas espanholas 
  e de outros países, e em flagrante contradição com os vultuosos 
  lucros das empresas fornecedoras, como a GALP e a EDP.
  O Comité Central do PCP destaca ainda a insustentável situação 
  vivida pelas pescas, no fundamental decorrente dos elevados preços dos 
  combustíveis, tendo-se verificado em 2005 uma nova quebra do peixe descarregado 
  em portos portugueses. Uma situação semelhante à que atravessa 
  o sector agrícola, com uma forte penalização do seu rendimento 
  no ano passado (menos 12%), com elevadas dívidas do Estado aos agricultores 
  e organizações agrícolas e, mais uma vez, com a vitivinicultura 
  sob a ameaça de uma desastrosa reforma da OCM do Vinho pela Comissão 
  Europeia. 
7. O Comité Central do PCP chama a atenção para as graves 
  consequências que o desenvolvimento da política económica 
  e social do actual Governo do PS tem para os trabalhadores e para o País. 
  A situação económica e social continua a ser marcada pelo 
  agravamento da exploração e das injustiças sociais, pelo 
  baixo valor dos salários e a sua limitação, pela tentativa 
  de liquidação da contratação colectiva e de eliminação 
  dos direitos que esta consagra, pelo aumento do desemprego que atinge hoje 10,2% 
  da população activa (cerca de 570 mil trabalhadores), pelo estímulo 
  à generalização da precariedade enquanto forma privilegiada 
  de regulação das relações de trabalho (abrangendo 
  cerca de um milhão e trezentos mil trabalhadores), pelo aumento do custo 
  de vida e dos bens de primeira necessidade (habitação, transportes, 
  energia, despesas de saúde, despesas de educação, bens 
  alimentares e outros), pelo empobrecimento e rápida degradação 
  das condições de vida de vastas camadas da população, 
  pelo endividamento e crescente dependência da banca, pelo feroz e cínico 
  ataque às organizações dos trabalhadores — nomeadamente 
  à CGTP — e às suas formas de luta.
  Uma política económica e social, que se não for interrompida, 
  continuará a contribuir para a concentração da riqueza 
  nas mãos do grande capital nacional e estrangeiro e para uma insuportável 
  degradação das condições de vida dos trabalhadores 
  e do povo português, bem como a perpetuar e agravar sérios atrasos 
  estruturais de que o nosso País padece.
  O agravamento da situação económica e social do País 
  corresponde não a uma qualquer inevitabilidade, mas sim a uma opção 
  política que, embora não declarada, está subordinada por 
  inteiro aos interesses dos grandes grupos económicos — nacionais 
  e estrangeiros — e é subserviente às imposições 
  que as estruturas da globalização capitalista determinam.
8. O Comité Central do PCP releva como elementos mais recentes da ofensiva 
  do Governo, o ataque sem precedentes à Administração Pública 
  e ao papel e natureza das suas funções, da qual não são 
  separáveis o brutal e sistemático ataque aos direitos dos respectivos 
  trabalhadores, o encerramento de serviços e a alienação 
  de funções sociais do Estado.
  Os decretos-leis recentemente aprovados sobre os denominados processos de «Reorganização 
  de Serviços Públicos e de Racionalização de Efectivos» 
  e «Regime Comum de Mobilidade entre Serviços», constituindo 
  uma grosseira violação do direito de negociação 
  dos sindicatos e um violento ataque aos direitos dos trabalhadores, são 
  um novo passo no projecto de abandono pelo Estado das suas obrigações 
  constitucionalmente consagradas. A ofensiva contra os trabalhadores da Administração 
  Pública (baseada em linhas diversificadas de ataque, designadamente em 
  matéria de carreiras, de que é exemplo o estatuto da carreira 
  docente), o encerramento de serviços públicos em vastas zonas 
  do País — maternidades, centros de saúde, escolas, repartições 
  de finanças, postos de correios — e a transferência para 
  o sector privado de áreas lucrativas, através das chamadas parcerias 
  público-privadas, ou da «externalização» ou 
  «contratualização» de serviços, inserem-se 
  no objectivo estratégico de subversão do regime democrático 
  e constitucional.
  O ataque à Segurança Social, consubstanciado nas propostas de 
  lei agora anunciadas pelo Governo, constitui uma verdadeira contra-reforma dirigida 
  contra o sistema público de Segurança Social constitucionalmente 
  consagrado. No desrespeito pela Lei de Bases de Segurança Social em vigor, 
  o Governo do PS prossegue o objectivo de reduzir os direitos dos trabalhadores 
  e dos reformados, e comprometer o direito à reforma dos trabalhadores, 
  traduzido no aumento da idade da reforma, na redução do seu valor 
  e na diminuição da sua progressão. Ao recusar tomar as 
  medidas adequadas à cobrança dos 3400 milhões de euros 
  de dívida do patronato à Segurança Social, e ao rejeitar 
  o alargamento das suas fontes de financiamento — designadamente através 
  da tributação das grandes empresas e da especulação 
  bolsista — o Governo prossegue o objectivo da destruição 
  do carácter universal da Segurança Social e da sua redução 
  a uma mera função assistencial. 
  O Comité Central do PCP destaca ainda que o Governo, após reduzir 
  brutalmente o investimento público nacional, procura agora impor no plano 
  local a concretização de políticas convergentes com as 
  suas orientações neoliberais. A proposta de revisão da 
  Lei de Finanças Locais, assente numa ampla operação de 
  propaganda e de mistificações, traduzir-se-á num novo e 
  mais expressivo corte nos recursos financeiros postos à disposição 
  das autarquias (com consequências directas na sua capacidade de investimento 
  e repercussões quer para as populações quer para a economia 
  local), numa mais acentuada desigualdade entre municípios que se transformará 
  no aumento das assimetrias e do empobrecimento dos municípios do interior 
  do País, e numa intolerável violação e desrespeito 
  pela autonomia do poder local.
  O Comité Central chama igualmente a atenção para o facto 
  de o Governo do PS não só ter fugido à sua promessa de 
  revisão do Código do Trabalho, como estar a contribuir objectivamente 
  para animar o ataque do patronato dirigido contra a contratação 
  colectiva, atingindo milhares de trabalhadores nos seus direitos e desequilibrando 
  ainda mais as já muito fragilizadas relações laborais. 
  Não deixa de ser elucidativo que seja uma empresa pública — 
  o Metropolitano de Lisboa — a ameaçar os direitos conquistados 
  no domínio da saúde, subsídios e complementos de reforma, 
  entre outros, procurando utilizar a caducidade do actual Acordo de Empresa.
9. O Comité Central do PCP sublinha que a solução dos 
  problemas nacionais, um Portugal mais desenvolvido e mais justo, exigem não 
  apenas esta ou aquela mudança pontual, mas sim uma ruptura com a política 
  de classe ao serviço dos grupos económicos e financeiros e de 
  declínio nacional que está a ser praticada, e uma mudança 
  profunda, uma nova política, voltada para as necessidades do País 
  e do povo português, que responda ao presente e abra as portas do futuro.
  O País precisa de uma política que defenda e valorize a produção 
  nacional, combatendo firmemente as deslocalizações e as falências 
  fraudulentas; que interrompa imediatamente as privatizações; que 
  promova o investimento público; que estimule o mercado interno através 
  da elevação dos salários — a começar pelo 
  salário mínimo nacional — e pensões; que proteja 
  sectores estratégicos da economia nacional (nomeadamente o sector têxtil) 
  e apoie as MPME; que rompa com o espartilho da Política Agrícola 
  Comum e valorize o sector agrícola e as pescas.
  O País precisa de uma política que promova o emprego, valorize 
  o trabalho e o emprego com direitos; que promova uma Administração 
  Pública eficaz e moderna, que dê resposta às necessidades 
  das populações, combatendo o encerramento de serviços públicos 
  e os despedimentos associados à ideia de mobilidade; que combata de forma 
  determinada o problema do desemprego; que tenha no horizonte a redução 
  do horário de trabalho para as 35 horas; que erradique todas as formas 
  de precariedade, com a obrigação de transformação 
  de todos os contratos a termo e outras formas de relações precárias 
  correspondentes a funções de natureza permanente, em contratos 
  sem termo; que, através da permanente fiscalização, combata 
  o trabalho ilegal ou não declarado, que promova e defenda o direito de 
  participação dos trabalhadores e das suas organizações. 
  Uma política que tenha por base a ideia de que só há desenvolvimento 
  se, no centro das preocupações, estiverem os interesses dos trabalhadores, 
  do povo e do País.
  É neste quadro que se valoriza a iniciativa «Portugal precisa, 
  o PCP propõe/Produção, emprego, trabalho com direitos», 
  que se desenrolará abordando várias questões da vida nacional, 
  e que corresponde a uma vasta acção de contacto com os trabalhadores, 
  iniciativas públicas e de esclarecimento, acções diversificadas 
  das organizações regionais do Partido, intervenções 
  na Assembleia da República e Parlamento Europeu onde. para além 
  do diagnóstico, se avançam propostas para a resolução 
  dos problemas dos trabalhadores e do País.
10. O continuado e brutal agravamento das condições de vida dos 
  trabalhadores e do povo, o clima de crescente ameaças e repressão 
  sobre os trabalhadores, a insegurança de milhares de trabalhadores precários 
  e o desrespeito pelas leis e a impunidade do patronato, criam um quadro extraordinariamente 
  complexo e exigente no plano da resposta e da luta de massas.
  O Comité Central valoriza o conjunto das lutas desenvolvidas em defesa 
  dos postos de trabalho e do aparelho produtivo, contra o encerramento e a deslocalização 
  de empresas, por melhores salários e em defesa da contratação 
  colectiva, e em defesa das liberdade e do regime democrático. As grandes 
  manifestações do 25 de Abril e do 1º de Maio, as manifestações 
  e concentrações de 8 de Junho promovidas pela CGTP-IN em todo 
  o País, a expressiva greve nacional da Administração Pública 
  no passado dia 6, convocada pela Frente Comum dos Sindicatos, as vigílias, 
  manifestações, paralisações e greves sectoriais 
  dos trabalhadores da Hotelaria, Metalurgia, mineiros de Aljustrel, IMAL, da 
  Têxtil Triunfo Internacional, Química, Indústrias Eléctricas, 
  Transportes Ferroviários, Soflusa, Metro, Carris, trabalhadores das Autarquias 
  Locais, Função Pública, Professores, Enfermeiros, Forças 
  Militares e de Segurança, PT, CTT, Opel, as lutas das populações 
  contra a destruição e encerramento dos serviços públicos 
  e as acções dos agricultores em defesa da lavoura, constituem 
  um importante sinal da disposição de resistência e de oposição 
  aos objectivos do Governo.
  O Comité Central saúda todos os trabalhadores, as populações, 
  os agricultores, os pescadores, os reformados em luta, e apela à sua 
  participação nas várias jornadas de luta agendadas, sublinhando 
  que é pela acção dos trabalhadores e do povo, em defesa 
  dos seus direitos e por melhores condições de vida, que se acabará 
  por impor uma ruptura democrática e de esquerda com a actual política 
  de direita, condição essencial para que se assegure para Portugal 
  um novo rumo e uma nova política, capazes de assegurar um futuro de progresso, 
  justiça e desenvolvimento.
  II.
1. O Comité Central do PCP analisou aspectos da evolução da situação internacional e alguns dos mais recentes acontecimentos, que confirmam um quadro mundial de grande instabilidade com enormes perigos para a paz, a independência e a soberania dos povos, mas em que a ofensiva do imperialismo defronta uma forte resistência que impõe limites aos objectivos hegemónicos dos EUA, comprovando-se que não tem as mãos totalmente livres para realizar a sua política.
2. O Comité Central do PCP sublinha a importância da resistência 
  às guerras de agressão imperialista no Iraque e no Afeganistão 
  e alerta para os perigos da recente escalada israelita contra o povo palestiniano 
  que, acompanhada pelo recrudescimento de ameaças à Síria 
  e pela escandalosa violação do seu espaço aéreo, 
  torna ainda mais explosiva a situação no Médio Oriente 
  onde, no quadro de complexas manobras político-militares, subsistem sérias 
  ameaças contra o Irão.
  O Comité Central considera particularmente graves as criminosas acções 
  de Israel contra a Palestina, a prisão de dirigentes, incluindo deputados 
  e membros do governo, os ataques a infra-estruturas civis e a edifícios 
  públicos, responsabilizando a União Europeia e os EUA pela dramática 
  situação humanitária dos territórios ocupados, o 
  que se insere nos objectivos sinistros de Israel de fazer vergar pela fome a 
  heróica resistência do povo palestiniano e de concretizar os seus 
  objectivos de expansão e anexação na região. O Comité 
  Central expressa a sua mais viva condenação por tais actos e manifesta 
  a solidariedade com a OLP e a luta do povo mártir e heróico da 
  Palestina contra a ocupação israelita, pela libertação 
  dos milhares de presos e pelo regresso dos palestinianos exilados, pela edificação 
  do seu Estado soberano e independente com a capital em Jerusalém Leste.
3. Face à complexa crise política e institucional em Timor-Leste, 
  o Comité Central reafirma a sua solidariedade de sempre com o povo timorense 
  e a Fretilin, na sua luta persistente e corajosa pela independência, pelo 
  progresso social e em defesa da soberania nacional, condenando todas as pressões 
  externas e, particularmente, a descarada ingerência da Austrália 
  nos assuntos internos de Timor-Leste, nomeadamente a acção das 
  suas forças armadas, que abertamente intervêm como força 
  ocupante para facilitar a concretização das ambições 
  económicas e políticas regionais da Austrália. O PCP alerta 
  para os perigos de soluções de cariz colonialista que possam resultar 
  de uma intervenção da ONU, e reafirma que cabe ao povo timorense 
  escolher o seu próprio caminho de desenvolvimento sem pressões 
  nem ingerências externas.
  O Comité Central reafirma a sua posição de que em nenhuma 
  circunstância a força da GNR deslocada para Timor-Leste — 
  por solicitação dos órgãos de soberania e no quadro 
  do integral respeito pela Constituição timorense — se deve 
  imiscuir nos assuntos internos deste país soberano.
  O Comité Central apela às suas organizações e aos 
  seus militantes em estruturas unitárias para o desenvolvimento de uma 
  linha de solidariedade com o povo timorense nesta situação particularmente 
  difícil e complexa.
4. O Comité Central chama uma vez mais a atenção para a problemática da União Europeia em que, passado um ano da «pausa para reflexão» imposta pelo «Não» francês e holandês ao chamado «tratado constitucional», a última Cimeira revelou que se mantêm, num processo profundamente contraditório, as dificuldades para o relançar, e em que se aprofundam as pretensões alemãs de grande potência. O PCP reafirma a sua oposição aos projectos de retoma do «tratado constitucional», com ou sem o nome de «constituição», e denuncia as políticas e orientações subordinadas, entre outras, ao Pacto de Estabilidade, à Estratégia de Lisboa e à liberalização e privatização de serviços, responsáveis pelo desemprego e a desvalorização do trabalho e pela degradação dos direitos sociais de quem trabalha. O PCP denuncia ainda o acelerado processo de militarização em curso e a estreita articulação política e militar, apesar das rivalidades no plano económico, entre a União Europeia e os EUA, de que a Palestina e a ofensiva relativamente ao Irão são claros testemunhos.
5. O Comité Central valoriza o desenvolvimento da luta que por todo o mundo, do Iraque e Afeganistão à Palestina, de Cuba à Venezuela, do Sahara Ocidental a Timor-Leste, na Bolívia e outros países latino-americanos onde os trabalhadores e os povos rejeitam as políticas neoliberais e enveredam por novas vias com reais potencialidades de desenvolvimento, e realça o profundo significado e importância de processos de rearrumação de forças no plano regional e mundial na contenção dos objectivos hegemónicos do imperialismo.
6. O Comité Central sublinha a importância que na actual situação internacional adquire a solidariedade internacionalista, e reafirma a decisão do PCP de contribuir, através do reforço das suas relações bilaterais e de iniciativas multilaterais — como será o caso do Encontro Internacional de partidos comunistas e operários a realizar em Lisboa em Novembro — para o necessário reforço do movimento comunista e da frente anti-imperialista que, potenciando as lutas no plano nacional, conduzirá a significativos avanços da luta dos trabalhadores e dos povos em defesa dos seus interesses, da soberania e independência nacionais e na luta pela paz, indispensáveis para inverter o actual curso da situação internacional.
  III.
1. O Comité Central salienta o importante papel desempenhado pelo PCP 
  e os seus militantes na acção política contra a ofensiva 
  generalizada lançada pelos grupos económicos e financeiros, que 
  tem no Governo PS o seu principal promotor. No estímulo à luta 
  dos trabalhadores e das populações, na intervenção 
  institucional, na acção política geral, o PCP tem desenvolvido 
  uma acção sem paralelo na resistência à política 
  de direita e na afirmação de uma política alternativa para 
  Portugal. 
  Na actual situação, assume particular importância a articulação 
  do estímulo ao desenvolvimento da luta de massas e do fortalecimento 
  de organizações e movimentos do mais diverso tipo, com o reforço 
  da acção e iniciativa partidárias e a concentração 
  de atenções na decisiva tarefa do reforço do Partido. 
  O Comité Central considera que a situação actual, com a 
  grave ofensiva em curso e um domínio do poder político baseado 
  na «cooperação estratégica» entre o Presidente 
  da República e o Governo, apoiado numa maioria absoluta ao serviço 
  dos interesses e dos objectivos dos grupos económicos e financeiros, 
  contra os trabalhadores, o povo português e os interesses nacionais, coloca 
  com ainda maior importância o papel decisivo da luta de massas, da organização 
  e unidade na acção dos trabalhadores e dos mais diversos sectores 
  sociais vítimas da política de direita. A luta de massas é, 
  como a experiência mostra, a grande força de resistência, 
  transformação e construção de um futuro diferente. 
  O PCP apela aos trabalhadores e ao povo português para que prossigam e 
  intensifiquem a luta em defesa dos seus interesses e direitos, para que mostrem 
  o seu descontentamento e protesto, para que exijam uma alternativa de desenvolvimento 
  e justiça social para Portugal.
2. O Comité Central destaca, no âmbito de um vasta e diversificada 
  acção partidária das organizações e militantes 
  na resposta aos problemas do País e das áreas e sectores onde 
  actuam, as seguintes iniciativas:
  ? A acção «Portugal precisa, PCP propõe», centrada 
  nas questões da produção, do emprego e do trabalho com 
  direitos, que irá prosseguir com a denúncia de situações 
  e a proposta de alternativas na defesa e valorização do aparelho 
  produtivo e da produção nacional, contra o desemprego e pela protecção 
  aos desempregados, contra a precariedade e a violação dos direitos 
  dos trabalhadores.
  ? A realização de uma campanha nacional em defesa do direito à 
  reforma, que se iniciará em 1, 2, e 3 de Setembro na Festa do Avante! 
  e decorrerá com contactos, sessões, comícios e outras realizações 
  até final de Outubro. Num quadro em que o Governo quer pôr em causa 
  o direito à reforma, com o propósito de aumentar a idade da reforma 
  e baixar o valor das pensões e da sua progressão, e no seguimento 
  da recolha no ano passado de mais de 120 mil assinaturas contra o aumento da 
  idade da reforma, esta acção do PCP assume um particular significado 
  político.
  ? A realização a 28 de Outubro do Encontro Nacional do PCP sobre 
  a Administração Pública, inserido na acção 
  contra a linha de privatização e desmantelamento que o Governo 
  leva a cabo, e na afirmação da alternativa de um Administração 
  Pública eficaz ao serviço do povo e do País.
  ? A realização, em 16 de Dezembro, do Encontro Nacional sobre 
  a situação actual na União Europeia, as perspectivas e 
  a alternativa do PCP, no quadro da análise de 20 anos de adesão 
  de Portugal à CEE.
  ? A realização da Festa do Avante! em 1, 2 e 3 de Setembro, grande 
  realização política cultural que este ano assinala a sua 
  30.ª edição.
3. O Comité Central do PCP saúda o extraordinário êxito que constituiu a realização do 8.º Congresso da Juventude Comunista Portuguesa, em Vila Nova de Gaia. Valoriza também, os 950 recrutamentos alcançados, a participação de mais de 750 delegados e centenas de convidados, que confirmam a JCP como uma grande organização de massas, com capacidade de intervenção e rejuvenescimento, indispensável na luta da juventude portuguesa.
4. O Comité Central analisou o trabalho já realizado no âmbito 
  da concretização das orientações do XVII Congresso 
  para o reforço do Partido inscritas na Resolução «Sim 
  é possível! Um PCP mais forte.», que se caracteriza por 
  um grande dinamismo da organização e intervenção 
  partidárias, e por resultados positivos das medidas já tomadas 
  no decorrer do primeiro semestre deste ano, de que se destacam uma elevada responsabilização 
  de quadros jovens, a adesão ao Partido de mais de 1600 novos militantes 
  e a realização de 236 Assembleias das Organizações 
  no 1.º semestre de 2006, o que, por si só, representa a um número 
  de assembleias superior ao de qualquer ano anterior.
  O Comité Central reafirma a importância de 2006 como ano de reforço 
  do Partido, sublinha a prioridade da acção com esse objectivo 
  no quadro da actividade partidária, chama a atenção para 
  o carácter integrado do conjunto das medidas de reforço do Partido 
  e destaca, entre outras, a importância das seguintes: uma maior iniciativa 
  das organizações e militantes na acção politica 
  e no desenvolvimento das lutas dos trabalhadores e das populações; 
  a responsabilização de quadros e sua formação; o 
  reforço da organização e intervenção nas 
  empresas e locais de trabalho, principalmente na definição da 
  estruturação e na responsabilização de funcionários 
  e outros quadros por este trabalho, na transferência ou ligação 
  dos membros do Partido com menos de 55 anos trabalhadores por conta de outrem 
  e na integração prioritária dos novos militantes em organizações 
  a partir dos locais de trabalho; o fortalecimento e dinamização 
  das organizações de base; o recrutamento de novos militantes; 
  a integração de mais membros do Partido em organismos; o completar 
  da entrega do novo cartão do Partido e uma maior ligação 
  aos membros do Partido; a finalização do esclarecimento da situação 
  dos inscritos no Partido; a difusão do Avante! e da imprensa do Partido 
  em geral, a dinamização da informação e propaganda; 
  a realização das assembleias das organizações e 
  a recolha de fundos.
5. O Comité Central sublinha a importância para o reforço da capacidade financeira do Partido do êxito da Campanha Nacional de Fundos, para o que concorrerá a definição de objectivos e a sua programação, permitindo alargar o contacto com um vasto número de militantes e simpatizantes e a realização de iniciativas diversas.
6. Sendo o segundo semestre, em que agora entramos, decisivo para consolidar 
  e potenciar muitos dos resultados já obtidos e para adoptar medidas e 
  realizar iniciativas que permitam alcançar os objectivos propostos, o 
  Comité Central apela às organizações e militantes 
  para que prossigam e intensifiquem a sua acção determinada e confiante, 
  para tornar o Partido mais forte e mais influente, mais preparado para cumprir 
  o seu papel insubstituível para com os trabalhadores, o povo e o País.