Intervenção do Deputado
        Joaquim Matias
 Estratégias e soluções para o tratamento 
        dos resíduos industriais banais 
        (sessão de perguntas ao Governo)
7 de Abril de 2000
  Sr. Presidente,
  Sr. Secretário de Estado
Na resposta a uma pergunta anterior, referiu que é necessário 
  confiar-se à administração a escolha dos locais. Mas é 
  importante que a administração dê motivos para se confiar 
  nela. Assim, antes de mais, quero reiterar uma posição que sempre 
  temos assumido.
 Defendemos intransigentemente a elaboração de um plano estratégico 
  para o tratamento e o destino final de todos os resíduos, incluindo, 
  naturalmente, a solução dos aterros. Ora, as populações, 
  quando reclamam, estão sempre contra os aterros e a questão principal 
  é a de que o Ministério do Ambiente também tutela o ordenamento 
  do território, como, aliás, se verifica pela sua denominação.
 Assim, a pergunta concreta que coloco é a de saber se a localização 
  do aterro tem em vista e em conta, em primeiro lugar, os instrumentos de gestão 
  territorial existentes que estão devidamente aprovados.
 É que muitos destes aterros aparecem em locais de área protegida, 
  em reservas ecológicas, em reservas naturais, em zonas de orla costeira, 
  em locais classificados como pertencendo à Rede Natura 2000. Será 
  porque tais terrenos não têm interesse especulativo para outros 
  fins e, então, prejudicam-se estas reservas com aterros?
 A segunda questão tem que ver com os estudos e a respectiva discussão 
  pública de forma transparente.
 De facto, quando se fazem estudos de impacte ambiental, estes são uma 
  espécie de «fatos feitos por medida», isto é, determina-se 
  quais as medidas que devem ser tomadas relativamente a um aterro cuja localização 
  já está pré-determinada para que não seja muito 
  prejudicial, em vez de se pôr à discussão pública 
  as várias hipóteses de localização alternativa e 
  de se discutir qual delas é a menos prejudicial e a mais conveniente 
  para o aterro.
A questão central é, pois, de ordenamento do território e de discussão pública e transparente com as populações acerca da localização dos aterros.