Intervenção de João Oliveira na Assembleia de República

Voto de protesto e repúdio pela eventual aplicação de sanções a Portugal através da cativação de fundos comunitários

Sr. Presidente,
Sr.as e Srs. Deputados:

O Sr. Deputado Miguel Morgado fez aqui uma repetição do exercício, que já ontem o PSD e o CDS fizeram, de procurar fugir à discussão sobre a defesa do interesse nacional e sobre aquilo que o serve.

Percebemos que queira procurar fugir às responsabilidades do próprio PSD, e também do CDS, não só relativamente à situação que o País está a atravessar, mas, sobretudo, ao jogo duplo que o PSD e o CDS têm feito a propósito desta matéria. Os senhores não só fazem um discurso de apelo à não aplicação de sanções, como, ao mesmo tempo, esfregam as mãos de contente a torcer para que Portugal seja sancionado, com o objetivo de poder vir a criar dificuldades àquilo que hoje são medidas de reposição de direitos e de rendimentos, porque é esse o vosso verdadeiro objetivo.

Portanto, fazem esse discurso duplo de dizer que estão contra as sanções, mas, ao mesmo tempo, torcem para que elas sejam aplicadas a Portugal.

Mas fazem também outro jogo duplo. Fazem o jogo de quem protesta contra as sanções, mas, ao mesmo tempo, está a favor do quadro que permite que Portugal seja sancionado, seja sujeito a estas operações de chantagem e de pressão para impedir medidas que são positivas para os trabalhadores e o para povo português.

Os Srs. Deputados, quer do PSD, quer do CDS, têm, de uma vez por todas, de ser desmascarados.

Percebemos o incómodo que têm com a proposta que o PCP aqui traz. É porque a proposta confronta-vos com essas contradições, obriga-vos a serem desmascarados desse jogo duplo que têm feito contra os interesses do País, contra os interesses dos trabalhadores e do povo português. Sabemos, Sr. Deputado Miguel Morgado, e não temos ilusão, que o posicionamento do PCP é coerente, é um posicionamento que coloca as questões de fundo no ponto em que elas devem ser colocadas. Sabemos também que na Assembleia da República, ao longo de anos, e não foi só o PSD e o CDS, mas também o PS, em muitas circunstâncias, e nas questões que são decisivas relativamente à construção europeia, não têm acompanhado o posicionamento do PCP.

Não temos ilusões em relação a isso. Sobre algumas das matérias que aqui trazemos, continuaremos a bater-nos por elas sozinhos até ao momento em que os portugueses percebam que, de facto, o caminho não pode ser aquele que tem sido seguido e que devem dar apoio às propostas que o PCP faz.
Concluo, Sr. Presidente. De uma coisa os senhores não se livram, que é a de, hoje, serem confrontados com as vossas contradições e de, uma vez mais, se colocarem contra o interesse nacional, contra o interesse dos trabalhadores e do povo português.

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