Intervenção de João Oliveira na Assembleia de República

A vitória do PS nas eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado João Azevedo Castro,

Queria começar por saudar a sua declaração política, com a certeza de que não interpretamos da mesma forma a realização daquele ato eleitoral e os resultados eleitorais, como é óbvio. Acompanhando as preocupações relativas à abstenção, que marcou de forma muito significativa as eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que, de resto, confirmaram a representação parlamentar da CDU, não interpretamos da mesma forma a obtenção de uma maioria absoluta por parte do Partido Socialista, nem as condições em que esta foi obtida — obviamente, esse juízo nada tem a ver com o mérito ou demérito do Partido Socialista relativamente à obtenção dessa maioria absoluta —, e o juízo que fazemos sobre as melhores ou piores condições que existem para concretizar medidas e decisões que correspondam às aspirações dos trabalhadores e do povo açoriano. E fazemos esse juízo em função de uma análise dos problemas concretos, económicos e sociais, que persistem na Região Autónoma dos Açores e aos quais é preciso dar resposta. Por isso, Sr. Deputado, não queria deixar de aproveitar a declaração política que fez para lhe colocar questões relacionadas com quatro problemas centrais que marcam a realidade económica e social dos Açores. Começo pelo problema mais sentido e que, de forma mais dramática, marca a vida de milhares de açorianos, que é o desemprego. O desemprego é, de facto, o problema social mais relevante, agravado pelas condições de insularidade, a que é preciso dar resposta e para o qual, de resto, a CDU tem vindo a procurar encontrar, no plano da política económica, soluções que possam corresponder às necessidades sentidas, no quadro de uma estratégia de criação sustentada de emprego. Um segundo problema, que está relacionado com este, tem a ver com a necessidade de apoio aos setores produtivos fundamentais, em particular a agricultura e as pescas, não ignorando os problemas muito sérios com que se defronta o setor leiteiro, nomeadamente em resultado do fim das quotas leiteiras, que tem um impacto muito significativo na degradação de um dos principais setores produtivos da Região Autónoma dos Açores, O terceiro problema tem a ver com os salários e os rendimentos dos açorianos, em particular com a precariedade, considerando que, dos novos contratos, cerca de 90% correspondem a contratos precários, com o que isto significa em termos de instabilidade, degradação das condições de trabalho e degradação dos salários e dos rendimentos dos açorianos, pelo que este problema exige uma resposta cabal. Refiro ainda o problema da falta de investimento público, em particular em infraestruturas que são essenciais para a Região Autónoma. Destaco, por exemplo, o problema do aeroporto da Horta, na ilha do Faial, que necessita, com urgência, de uma intervenção no sentido da sua qualificação e, sobretudo, em termos de serem garantidas as condições de segurança para a operação aeroportuária — o que já não é de hoje, já vem de há algum tempo —, que são fundamentais para que aquele aeroporto possa assegurar aos faialenses as condições de transporte aeroportuário com segurança e qualidade. Gostava de ouvir a resposta do Sr. Deputado a estes temas.

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