Intervenção de Jorge Machado na Assembleia de República

"Tentam enganar os Portugueses falando de um país que não é real"

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Sr.ª Presidente,
Sr. Primeiro-Ministro,
Ninguém acredita no que o Sr. Primeiro-Ministro acaba de dizer, porque, durante quatro anos, não fez outra coisa senão enganar os portugueses.
Há quatro anos, aquando das eleições legislativas, o então candidato a Deputado, Passos Coelho, dizia: «Não contarão com o PSD para um novo ataque à classe média, em nome dos problemas externos». O Sr. Primeiro-Ministro diz agora que quer proteger os portugueses, sabendo muito bem que, por culpa e opção deste seu Governo, os trabalhadores, quer da Administração Pública, quer do setor privado, são explorados, trabalham mais e ganham menos, por via dos cortes nos direitos e salários, por via do aumento e desregulação do horário de trabalho, por via da eliminação dos feriados, por via da redução do valor pago por trabalho extraordinário. E os trabalhadores estão cada vez mais precários, porque o Governo facilitou e tornou mais baratos os despedimentos.
Dizia o candidato Passos Coelho, na altura da campanha eleitoral: «Do que o País precisa para superar esta situação de dificuldade não é de mais austeridade».
Diz o Sr. Primeiro-Ministro hoje, e de uma forma inaceitável, que existem no País «bolsas de pobreza», que quer uma guerra sem quartel contra as injustiças, quando foi o Governo o responsável pelo pior agravamento da pobreza desde o fascismo, atingindo 2,7 milhões de portugueses, e pelo agravamento do roubo das reformas e pensões dos reformados, depois de uma vida inteira de trabalho e descontos.
O seu parceiro de coligação, o irrevogavelmente demissionário Dr. Paulo Portas, dizia: «Às vezes, há casas, em Portugal, onde não há um posto de trabalho e é preciso ter atenção à melhoria do apoio social». O Sr. Primeiro-Ministro vem agora dizer que o desemprego baixou, sabendo muito bem que o desemprego real, que conta com os inativos e os desmotivados, atinge 1,2 milhões de trabalhadores e, destes, 900 000 não têm subsídio de desemprego, porque o Governo PSD/CDS cortou na proteção aos desempregados.
Está visto que a palavra, vinda de quem vem, vale muito pouco. Como Primeiro-Ministro, fez precisamente o contrário do que prometeu que ia fazer e, não satisfeito, agora, tenta enganar novamente os portugueses, falando de um país que não é real.
O Sr. Primeiro-Ministro pode dizer o que quiser, os portugueses vivem no País real, e conhecem-no, e não no País da propaganda do Governo.
É neste País real que existe um povo que não se esquece de que lutou, e vai continuar a lutar, para derrotar este Governo e a política de direita e vai castigar quem afundou o País nos últimos 38 anos.

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