Intervenção de António Filipe na Assembleia de República

"Temos soluções para o país que nos libertam deste garrote da divida"

(projeto de resolução n.º 998/XII/3.ª)

Sr. Presidente,
Sr. Deputado Pedro Jesus Marques,
Uma grande parte da sua intervenção foi repetir daquela tribuna aquilo que o Sr. Deputado Telmo Correia havia dito, uns minutos antes, da bancada do CDS-PP, acerca da proposta do PCP.
Ou seja, os senhores não disseram uma palavra acerca daquilo que o PCP aqui propõe hoje e que está em discussão.
A única coisa que fizeram foi acusações ao PCP, acerca de uma questão que não está aqui em discussão.
Se os senhores quiserem discutir o euro, discutimos o euro convosco, mas os senhores não querem, os senhores nunca quiseram discutir o euro.
Os senhores obrigaram o País a vincular-se ao euro recusando um referendo sobre o euro!
E assim como se recusaram a discutir a entrada no euro, recusam-se a discutir as consequências do euro. Quem o diz é o seu camarada Pedro Nuno Santos, hoje, num artigo no Jornal I. Não sei se, para si, é um franco-atirador, mas pensamos que não será. Diz ele que a esquerda — e presumo que, para ele, a esquerda também inclua o PS — desistiu de explicar as consequências assimétricas do processo de integração europeia, desde a adesão ao euro.
Os senhores não querem discutir. Para vocês, é um dogma e não querem discutir, mas era bom que se discutisse o que o PCP hoje aqui propõe, e isso o senhor não faz. Os senhores só criticam — e fazem muito bem em criticar! — as opções do atual Governo que conduziram o País a esta situação. Os senhores vêm dizer: «Bom, mas nós não estamos nada de acordo com o que este Governo está a fazer». Fazem muito bem em não estar de acordo, mas o que é que os senhores propõem?!
Conhecemos a política do Governo e as suas consequências e conhecemos as propostas que o PCP, hoje, aqui discutiu e os senhores não estão de acordo nem com uma nem com as outras. O que é que os senhores propõem? Nada! Ou seja, os senhores, que assinaram o Memorando da troica, que vincularam o País a este Memorando e condenaram o País à desgraça a que temos assistido, o que é que propõem?! Nada!
Os senhores dizem: «Bem, isso tem de ser discutido no plano europeu». Mas em que plano, Sr. Deputado? No plano do Sr. Hollande? No plano do SPD (Partido Social-Democrata alemão), que está no governo com a Sr.ª Merkel? Se continuar a ser esta a orientação, o que é que fazemos em Portugal? Nada! Esperamos sentados que, na União Europeia, alterem as suas posições ou, pelo contrário, temos de discutir, corajosamente, soluções para o nosso País, que nos libertem desse garrote da dívida?! Sobre isto, o Partido Socialista disse zero, Sr. Deputado!

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