Intervenção de João Ramos na Assembleia de República

"O subfinanciamento do SNS é crónico ao longo de sucessivos governos, mas foi muito aumentado pelo PSD e pelo CDS"

Sr. Presidente,
Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto,

A senhora começou a sua intervenção fazendo referência às visitas que o CDS tem feito a diversas unidades de saúde.

Certamente que, nas suas visitas, teve a oportunidade de verificar os efeitos da política que a senhora e o CDS praticaram e que defenderam nas unidades de saúde.

Ainda sobre o tema da dívida que a senhora aqui trouxe, recentemente o PCP colocou aqui esta preocupação, nomeadamente os efeitos que ela pode ter junto das pequenas e médias empresas fornecedoras do Serviço Nacional de Saúde e junto da capacidade de resposta das unidades de saúde.

Mas a Sr.ª Deputada não quer falar do subfinanciamento, e disse logo da tribuna que não valia a pena vir falar disso.

Pois, Sr.ª Deputada, a dívida deve-se precisamente ao subfinanciamento e não nos admira que a Sr.ª Deputada não queira falar no assunto, porque o CDS tem fortes responsabilidades nessa matéria.

O subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde é crónico ao longo de sucessivos governos, mas foi muito aumentado pelo PSD e pelo CDS.

As transferências que o PSD e o CDS fizeram para unidades privadas também não se desligam do problema do subfinanciamento e dos problemas do Serviço Nacional de Saúde.

A Sr.ª Deputada veio agora aqui falar dos profissionais de saúde quando aumentaram os horários de trabalho com recurso a trabalho gratuito, quando reduziram os salários, quando empurraram profissionais para a emigração.

Dou-lhe aqui o exemplo dos técnicos de radiologia, o que colocou problemas no IPO porque os técnicos saíram para o estrangeiro.

A Sr.ª Deputada fala — e muito bem, é de valorizar — nas greves dos médicos, dos assistentes operacionais e de muitos profissionais que estão em greve e cujas reivindicações são muitas justas, mas aquilo que é a resposta às suas reivindicações também está inscrito no Orçamento do Estado, Orçamento esse que, por acaso, o CDS não aprovou, contra o qual votou, e que permitia a resolução destes problemas. Por isso, aquilo que também se exige é que ele seja cumprido e que o Governo ponha em ordem estas matérias.

Termino, Sr. Presidente, dizendo que soa um bocadinho a falso que o CDS venha agora falar em preocupações com os profissionais quando fez tudo isto.

Sr.ª Deputada, claro que não está tudo bem na saúde, há muitos anos que não está tudo bem na saúde, e, por isso, é preciso investimento e para o fazer é preciso enfrentar os constrangimentos da União Europeia, da dívida, e esses a senhora não está disponível para enfrentar.

Do que é que o CDS se arrepende que levou o Serviço Nacional de Saúde à situação em que está?

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