Intervenção de João Pimenta Lopes no Parlamento Europeu

Sobre o relatório sobre a responsabilidade das empresas por violações graves dos direitos humanos em países terceiros

Abordando uma questão pertinente e justa, o relatório parte de uma premissa errada. A de que é possível humanizar o capitalismo. É na natureza do sistema capitalista, na sua vertente predatória e de exploração, que está a raiz do problema. As grandes empresas e multinacionais exploram directa ou indirectamente, em nome do lucro e de forma ávida, os recursos naturais dos povos de países terceiros, sem quaisquer pruridos de cometer os mais hediondos crimes ambientais, contra as populações, ou de explorar desumanamente trabalhadores.
Não se estranha que passem despercebidas ou inexistentes, referências à necessidade de elevação dos direitos dos trabalhadores, da regulação do trabalho, de uma melhor distribuição da riqueza, ou do papel soberano dos Estados em protegerem os trabalhadores, povos e recursos da exploração do grande capital monopolista. Referencia ausente também, a da necessidade de políticas comerciais que não se constituam como novos instrumentos neocoloniais, antes, que respeitem a soberania dos estados e que assentem num efectivo benefício mútuo entre partes iguais.

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