Sobre as notícias da OPA iniciada sobre o BES/Saúde, por parte do grupo mexicano “Ángeles”

Sobre as notícias da OPA iniciada sobre o BES/Saúde, por parte do grupo mexicano “Ángeles”

1 - Não se conhecendo ainda nenhum parecer do Tribunal Luxemburguês, responsável pela Gestão Controlada da holding “Rio Forte” (principal accionista do BES/Saúde), e também da CMVM, sobre as condições em que esta operação de legalidade duvidosa se está a realizar, o PCP considera que o Estado português, que tem um acordo com o BES/Saúde no quadro da Parceria Público Privada que gere o Hospital Beatriz Ângelo em Loures, deve denunciar este acordo a partir do qual tem injectado dezenas de milhões de euros nos cofres da empresa.

Denúncia que deve ser igualmente extensiva ao acordo celebrado no âmbito da ADSE e que transformou o Estado português no maior financiador do BES/Saúde, num valor que rondará os 50% das receitas do Grupo. Desta forma resolveria dois problemas: parar com o financiamento dos grupos privados da saúde e impedir que, mais uma vez e com o apoio do Estado, a saúde dos portugueses se transforme num grande negócio para um grupo privado que quer gerir mas com a garantia de clientes e financiamento público.

2 - Tal como outros grandes grupos económicos, o “Ángeles”, um dos maiores grupos privados que no México gere uma percentagem muito significativa do negócio da saúde, a partir de um conjunto muito vasto de hospitais e clínicas, tem vindo a alargar os seus negócios a outras áreas como o Turismo, mas principalmente ao sector financeiro na área dos seguros e da banca. Estamos perante um grupo económico que, iniciando a sua actividade na área da saúde a transformou num negócio, cujo objectivo é canalizar os lucros obtidos nessa actividade para a actividade especulativa através das empresas que detém na área dos seguros e da banca.

3 - O Governo português deve agir na defesa do interesse nacional eliminando não só as PPP na área da saúde, mas também, no caso presente, caso a OPA se concretize, o contrato que o liga ao BES/Saúde relativamente ao Hospital Beatriz Ângelo, integrando-o de imediato no Serviço Nacional de Saúde e, simultâneamente, colocar um ponto final no acordo que permitiu que a ADSE ande a financiar com centenas de milhões de euros este grupo privado.

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